domingo, 30 de maio de 2010

Triste sobre Alegre

Deve ser do tempo e da mudança de estação que aí vem.... hoje, Henrique Monteiro e Luís Delgado, no Jornal de Domingo da SIC/N, chamados a comentar o apoio do PS a Manuel Alegre e com toda a questão presidencial em cima da mesa, não "acertaram uma". Um desconsolo de ver. Num País exausto, talvez seja compreensível que alguns comentadores também estejam exauridos. Estes dois, bem parece estarem a precisar de algum descanso...

ps: Alberto João Jardim, de quem gosto, também esteve em "dia não", no comentário que fez sobre as declarações do Cardeal Patriarca. Deu-lhe para ali... há dias assim. 

   

sábado, 29 de maio de 2010

A marcha irreversível








Vamos aos factos:

Depois da entrevista à SIC/Notícias - que mereceu o post anterior - desta vez ao Jornal i, Pedro Santana Lopes veio concretizar a sua posição quanto à questão presidencial, ali mais que indiciada, dizendo agora, "com todas as letras", o que pensa sobre a recandidatura de Cavaco Silva. Entre tantas personalidades de centro/direita que estão exercício de funções ou quase todos os dias vão à televisão, PSL, fora do activo, "soldado na reserva", foi o primeiro e único a  «Saber estar e romper a tempo, correr os riscos da adesão e da renúncia, pôr a sinceridade das posições acima dos interesses pessoais, a política que vale a pena ».

De seguida, noutra esfera, o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, em nome da Igreja e interpretanto a desilusão dos católicos com o Presidente da República, levantou a voz e disse o que tinha a dizer.

Entretanto, diversos órgãos de comunicação social começam a veicular informações e análises diversas sobre o assunto, chegando a interpelar directamente os próprios, ou figuras próximas dos alegados nomes alternativos a Cavaco Silva, sendo que, note-se, se é certo que nenhum manifestou estar pronto para o combate, também nenhum deles escondeu descontentamento com o PR.

Hoje, a CGTP realizou um dos maiores protestos de que há memória. O Presidente da República não foi mais poupado nas críticas que o Governo. Os manifestantes, pela boca de Carvalho da Silva, atacaram o PR, como nunca o tinham feito até aqui.

Conclusão:

Bem pode falar-se das dificuldades que José Sócrates e o PS estão a ter com a candidatura de Manuel Alegre. O Centro/Direita tem um problema maior. Tem mais a perder. De todos os lados chove grosso sobre Belém. O PR está a ficar alagado. Não é Aníbal Cavaco Silva que está em causa. É a figura máxima de um Estado em definhamento, cujo mais alto magistrado parecia ter a reeleição garantida à partida... vai-se a ver e não tem.

O cálculo do processo de substituição do actual Governo fez despoletar outro, paralelo - o da substituição do próprio Presidente.

É irreversível.

domingo, 23 de maio de 2010

Pedro Santana Lopes


Acabei de ver há pouco, através do site na internet, a entrevista que Pedro Santana Lopes concedeu anteontem a Ana Lourenço, na SIC/Notícias. Pois que se levante o primeiro para dizer que PSL está proscrito. Pedro Santana Lopes, em pouco mais de um quarto de hora, revelou ali, pleno de clareza, conhecimento, responsabilidade, elevação e equidistância, quão importante é o seu pensamento para País. Mais agora que noutra fase qualquer, ignorá-lo seria malbaratar um capital político enorme.

Durante anos a fio, décadas, PSL foi acusado de imaturo, inconstante, inconsistente, temperamental, populista ou "fiteiro". Casos houve em que, como veio reconhecer, de facto "pôs-se a jeito". Foi essa a pior das imagens que se lhe colou. Nem todos têm famas tão lights… mas foi com essa fama que teve de conviver, especialmente quando esteve incumbido das mais altas funções que desempenhou, ou sempre que se colocou a hipótese de liderar qualquer coisa.

O "Sistema instalado", aqueles que mais poderes fácticos têm (desde aparelhos partidários a detentores de posições nevrálgicas dentro e fora do Estado, desde académicos a patrões, desde comentadores a articulistas e desde iluminados a usufrutuários de apelidos brasonados) nunca gostou dele, e só uma vez ou outra, a título muito excepcional, por legítimo interesse, mera cortesia ou oportuna instrumentalização, foi capaz de reconhecer a PSL, não o seu talento político - que isso é fácil - mas que se trata de alguém genuinamente entregue à Política, ao Interesse Público, à Pátria, à defesa dos Direitos Fundamentais, e à Liberdade, que tanto ama.

A razão primeira, simples, é esta:
PSL, a partir do dia em que pôs um pé dentro das "corporações do Sistema", passou a constituir um perigo para aqueles que gostam de "mudar só suficiente para que tudo fique na mesma". A ruptura, fio condutor da sua actuação, foi quase sempre pressentida pelos glutões, como uma espécie de "fervor social revolucionário", pouco amiga de "soluções de compromisso", que a todos contemplam e a alguns muito abonam, especialmente os mais algozes. Na verdade, por entre as turbulências de uma vida pública intensa, as vitórias e as derrotas mais marcantes, teve-as, quando rompeu. Quando mais afeito a rotundas espirais, pouco mais colheu que dissabores e mordaças, com que não sabe conviver, porquanto a sua propensão não tem a ver com gaiolas douradas ou sacrifícios pagos a soldo pesado.

Os anos passam depressa. Estamos em 2010, cumpriu-se uma Legislatura, correram 5 anos sobre 2005. Já vamos no XVIII Governo. PSL, depois de um período na liderança da Bancada do PSD na Assembleia da República, é um político fora do activo. Exerce advocacia e dá aulas, para além do lugar de Vereador da oposição na Câmara Municipal de Lisboa, que ocupa.

Será que, passados estes anos, alguém intelectualmente honesto, (em particular do espaço sociológico que se costuma designar como de Centro/Direita), olhando para a balbúrdia em que o País se encontra, analisando o frenesim da actuação da nossa classe dirigente, e ouvindo a parafernália de opiniões, desorientações e partes gagas de quem tem vindo a público opinar sobre o que deve ser feito, pode, em consciência, adjectivar o caminho proposto por PSL como insensato, revanchista, imaturo ou lírico? Fica a pergunta!

O mundo dá muitas voltas… a ironia do destino é que, agora, com todos os alertas a dar sinal constante, em situação da mais grave emergência do pós-25 de Abril, à beira da bancarrota, da implosão institucional e da explosão social, todos começam a clamar por rupturas… todavia, na realidade em que vivemos, a ruptura, que se impõe, não passa por deitar governos abaixo e empossar outros, "nados-mortos". Não passa pela adopção de medidas gravosas, mas quando comparadas com aquelas que são efectivamente necessárias, pouco mais constituem que "operações de cosmética". Não passa por mudar o titular deste ou daquele órgão de soberania, sem a reestruturação de todo o edifício constitucional. Não passa por exclusões ou sectarismos. Em casa onde não há pão…

Curiosamente, note-se, num tempo em que toda a gente está farta desta classe política. Num tempo em que toda a gente assiste atónita a trapalhadas sobre trapalhadas, vindas de todos os lados. Num tempo em que toda a gente olha à volta e vê falta de coragem e ausência de iniciativa, para promover uma conversa a sério com o País, curiosamente, dizíamos, eis que "o rejeitado", sem "armar-se", vem apresentar os traços gerais de uma ideia/plano, a pensar num único interesse, muito mais próprio de um estadista que de um vulgar político – constituir um Governo de Salvação Nacional, para evitar que Portugal perca a sua soberania e, uma vez atingido esse objectivo primeiro, (só alcançável se os partidos e as confederações patronais e sindicais romperem com os sectarismos em que estão submersos), partir-se para a refundação do Sistema, o que, no fundo, resume-se em duas palavras – Mudar de Vida. A reclamada inauguração da IV República não anda longe disto.

Pedro Santana Lopes em Junho próximo contará 54 anos. Atravessa aquela a que alguns chamam "a fase do planalto". Quando força e sabedoria melhor se conjugam. Força e sabedoria. Não há margem para tirocínios ou experiências recauchutadas. É preciso rasgo, por um lado. E cautelas, por outro. É ainda necessário saber ouvir e ter determinação para optar, solitária e convictamente.

PSL, ao contrário do que ele próprio poderá achar, (costuma dizer que é no executivos autárquicos onde mais realizado se sentiu), é um corredor solitário, uma ave fora do bando. O seu perfil, um pouco à imagem de Mário Soares, enquadrar-se-á com mais propriedade num lugar unipessoal. Neste momento, por razões privadas e profissionais, e levando em conta tudo aquilo a que teria de sujeitar-se, talvez a ideia lhe cause muitas reservas. Seja como for, a entrevista de ontem foi "um clique". Como quem acende uma luz. Se houvesse alguma lógica na política portuguesa, Pedro Santana Lopes, (tão ou mais preparado que qualquer outro, tão ou mais suprapartidário que qualquer outro, tão ou mais patriota que qualquer outro, mas com referências ideológicas, pensamento estratégico, espírito crítico e capacidade de gerar empatia com as populações superiores aos demais), seria, por natureza, candidato presidencial, já nas eleições do próximo ano.

Vale o que vale a opinião de um cidadão, que diz, escreve e assume - caso PSL fosse candidato presidencial, desta vez usaria caneta… e o voto era confiado a Pedro Santana Lopes.


PS:
Creio da mais elementar rectidão dar nota que fui apoiante empenhado e modesto colaborador de Pedro Santana Lopes, na intensa actividade político-partidária que PSL desenvolveu entre 1995 e 2005, tendo, entretanto, integrado os seus Gabinetes, na Câmara Municipal de Lisboa e em São Bento, como adjunto, em funções que embora discretas muito me honro. A partir de 2006, raras foram as circunstanciadas vezes em que me cruzei com PSL, com quem não mantenho contacto desde estão. Nenhum dos factos referidos impede a independência que se requer, ou turva o discernimento que se recomenda, especialmente por se tratar de um elogio.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Um servidor do Estado


Mota Amaral.
Por razões que não vêm ao caso, já tantas vezes o critiquei, salvaguardando sempre o respeito que lhe é devido. Também já o elogiei, várias vezes, mantendo sempre o distanciamento que se requeria relativamente aos seus "fiéis discípulos".
Hoje, quando paira o "caso das escutas" apenas isto:
Mota Amaral teve o discernimento, a independência, a equidistância e a sabedoria que se impunham. Não alinha na febre de Pacheco Pereira, no carnaval da Comissão ou na ânsia dos vampiros.
O Estado tem regras e o exemplo da sua observância deve partir de quem tem o especial dever de as guardar. Ainda bem que no meio de tamanha balbúrdia estava lá Mota Amaral para salvar a honra da Instituição Parlamentar.

PS: Enquanto teclo estas palavras Lobo Xavier, em pés de lã e com punhos de renda, faz a mais porca das declarações na SIC/N, na "Quadratura", em  evidente conluio com o sonso Pacheco Pereira, como se não se percebesse o arranjo à primeira... mete nojo!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Quem banca?

Não o conheço nem sou cliente do Banco de Fernando Ulrich, e se fosse não passava do balcão de uma agência qualquer... mas se ganhasse o euromilhões era com ele que falava.
Este banqueiro inspira credibilidade.  

Lume brando



A tese dominante que por aí corre é esta:
Passos Coelho está a deixar cozer Sócrates em lume brando, o Presidente, reeleito, vai dissolver a Assembleia da República depois das presidenciais, lá para meados do próximo ano, e Sócrates, em agonia, sucumbirá.

Pelo que vimos hoje na RTP1, na entrevista do Primeiro-Ministro a Judite Sousa (um pouco excitada) e José Alberto Carvalho, as coisas podem não ser bem assim...
Qual o político (Cavaco Silva ou Pedro Passos Coelho, por exemplo) conseguiria, em circunstâncias idênticas, ir à televisão dar uma entrevista e, numa escala de 1 a 5, sair-se com um 3?

Fica a pergunta:
Será PPC que estará a cozer o PM em lume brando, ou será, ao invés, que é Coelho que está a ser cozido?
Com o FMI à perna (antes do fim do ano), o mais certo é Cavaco Silva "coser" os dois, convidando-os a coligarem-se, em nome da "salvação nacional". Mais uma razão, já aqui dissemos, para Sócrates jogar alto:
Apoiar Cavaco para Belém. Razões não lhe faltam... e o Presidente agradece. E promulga!

PS:
Pacheco Pereira parece que viu Satanás... nem a histeria teatral lhe disfarça o fanatismo, por muitas razões de censura que possam existir naquelas escutas. Que faria Pacheco Pereira se tivesse ouvido um segredo da abelha maia? Um fanico e um desmaio em plena Comissão?  

terça-feira, 18 de maio de 2010

Cavaco total


Durante anos pensou-se que a «espinha» do Prof. Cavaco Silva era outra. Quando Pimeiro-Ministro, o «homem do leme», o tal que «nunca se enganava e raramente tinha dúvidas» era uma referência de lealdade, rectidão, rigor e probidade. Um homem de palavra, em quem se podia confiar. Foi essa a imagem que dele ficou e foi essa imagem que o levou a Belém.

Entretanto, passaram alguns anos, muita água correu debaixo das pontes, mas o perfil consagrado de Chefe do Executivo, que governou em determinada conjuntura, não tinha de ser, forçosamente, o perfil mais adequado para vir desempenhar a mais Alta Magistratura do País.

A crise, a degradação das instituições políticas, o PEC, as medidas extraordinárias impostas por Bruxelas ou o fantasma da bancarrota não justificam tudo. Ou seja, no entender do Presidente da República impõe-se o maior dos recatos, quando não o mais prudente dos silêncios. É assim, está visto, que o PR acha que contribui para não atear mais a fogueira nacional, por um lado, preservando-se enquanto última reserva moral da nação, por outro. Tanto assim é que a fome, o desemprego, a insegurança, o pandemónio da Educação e Justiça, ou o novo pacote fiscal, por exemplo, têm sido matérias que mais não têm merecido do PR que um tímido balbuciar de palavras, medidas ao milímetro. Declaração ao País?! Nunca! Isso seria desestabilizar ainda mais o Estado Português, preso por arames.

Pois bem... então, Cavaco Silva dedica-se a fazer, uma vez por outra, uma declaração ao País, sobre temas, tais como - o Estatuto dos Açores, o caso Fernando Lima e outros temas "relevantes".
Hoje foi para explicar que não concorda com o casamento entre pessoas do mesmo sexo mas não é ele que faz as leis e manda a "ética da responsabilidade", sobretudo em tempos de P(R)EC, que Portugal não se desgaste mais, pelo que promulga a Lei. 

Ora, Cavaco veio dizer o óbvio. Se veio dizer o óbvio, por que é que fez uma declaração solene? Por que é que não promulgou a Lei e se manteve calado, como tem sido seu hábito? Terá sido para pedir desculpa à Igreja Católica, precisamente na semana seguinte à visita do Papa a Portugal? Ou terá sido para compensar os sectores mais liberais nos costumes, tradicionalmente de esquerda, que não acharam graça nenhuma às vénias e cortesias que o Chefe do Estado dispensou a Bento XVI?

E isto, que se sublinhe, estamos a falar da forma... é que se fossemos ao conteúdo, depois da declaração de hoje, Cavaco Silva ainda teria ficado pior "na fotografia". Ao pé da declaração presidencial de hoje, o Perdoa-me de Passos Coelho, no outro dia, é "manteiga de amendoim".

Pobre País, onde o PR supera, para pior, o líder da oposição, e onde o mesmo PR, ainda não tendo assumido a recandiatura, e longe do período de campanha eleitoral (cujas eleições, todos dizem, estão ganhas à partida) já se presta a ser comparado a Fernando Nobre... é de tudo. E não é de nada!   

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Estás desculpado!



A memória é curta.
Há semanas, Pedro Passos Coelho era contra a posição adoptada pelo PSD na votação do Orçamento.
Depois, antes de ser eleito, chegou a esticar a corda, não afastando uma eventual moção de censura ao Executivo.
Dias volvidos, já eleito, recuava mas sempre foi dizendo que PEC sem contrapartidas nem pensar.
As folhas do calendário pouco andaram e eis que tivemos Passos Coelho a tomar a iniciativa de telefonar ao Primeiro-Ministro para conjugarem esforços e cerrar posições relativamente ao ataque dos mercados.
Novo dia, e era ver PPC ufano a proclamar aos seus correligionários que o PM lhe telefonara, revelando a conversa.
Agora, chegado o Conselho de Ministros de aprovação das medidas excepcionais de contenção, ditadas por Bruxelas, PPC de novo; desta vez para vir "pedir desculpa" aos portugueses, por ter dado o seu acordo ao pacote fiscal que aí vem...
Se não fosse demasiado grave, se não fosse Portugal e a União Europeia que estivessem em causa, os passos de PPC eram de rir à gargalhada, de ridículo. Como é que figuras gradas do PS não lhe hão-de tecer os mais rasgados elogios?...
Das duas uma:
Ou PPC faz o que tem a fazer e cala-se.
Ou PPC faz o que achava que ia fazer e actua como um homem.
Andar a dançar o twist, como tem feito é que não!
Como PPC está entre "a espada e a parede", pois debaixo de todas as turbulências não resta margem para um período de instabilidade política, sob pena do País se esvair, era bom que deixasse de brincar às juventudes partidárias e começasse a actuar como um estadista, que sabe o que quer.
Atrapalhou-se com as idas a São Bento, os telefonemas do PM, e apelos velados de Belém e Bruxelas, e veio pedir desculpa por não imaginar que era assim que a alta política funcionava? Foi só isso?
Se foi só isso... e se a intenção era boa... está perdoado!

Tolerância de quê?

Tolerância de quê?
Quem quer participar nas cerimónias religiosas, por ocasião do 13 de Maio, participa.
Quem quer saudar o Papa, saúda.
Quem quer reunir o Conselho de Ministros e anunciar medidas excepcionais, reune e anuncia.
Portugal já está parado demais...
Numa altura destas, a tolerância de ponto decretada é puro nonsense.
Nem Fátima ou Papa poderão justificar tal terceiro-mundismo!

Terra de Santa Maria

Tem sido impressionante a forma calorosa como os portugueses estão a  a receber Sua Santidade, o Papa Bento XVI, nesta sua primeira visita a Portugal. Caso para dizer que nesta Terra de Santa Maria há Fé, há hospitalidade e muita fome de valores e espiritualidade, também. 

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Uma pergunta

A propósito do insólito "azar" de Ricardo Rodrigues na Assembleia da República quando dava uma entrevista à Sábado, fica a pergunta, considerando que o Senhor Deputado é Vice-Presidente da Bancada Parlamentar do PS; Político benquisto entre os socialistas; Distinto defensor do Primeiro-Ministro, na Comissão de Inquérito ao caso PT/TVI; Destacada figura pública nacional; Ilustre Advogado com reconhecida notoriedade na praça; Cidadão tido por pessoa de bem:

O que aconteceria, caso se tratasse de um responsável político que não tivesse estes pergaminhos todos, e se as circunstâncias em que se "precipitou" não fossem conhecidas de todos?

O que faria o colérico entrevistado aos jornalistas em situação idêntica, caso fosse um normal membro de um Governo Regional, um desconhecido presidente de Câmara, ou um vulgar presidente de Junta de Freguesia, por exemplo? 
Esmagava os gravadores a pontapé? Atirava-os à cabeça dos jornalistas? Saía, fechava a porta, levava a chave consigo e sequestrava os entrevistadores? Ligava ao director e dizia que a publicidade mensal do costume seria cortada? Ameaçava os jornalistas lembrando-lhes que tinham filhos para criar e o leite podia faltar lá em casa?

Afinal, quantos episódios destes acontecem no "País real", sem que seja deixado rasto ou fique registo? 

É triste. Muito triste.        

Mário Soares - não há pai pra ele

Ainda ontem, na entrevista a Mário Crespo, mostrou «como é que é». Carisma, sabedoria, simbolismo, audácia, intuição, coragem, lúcida percepção do sentimento popular, pulsão emotiva, estilo, linguagem que a todos diz, voz pátria. Toca, goste-se ou não. Soares toca.
Portugal está lotado de gente na política mas tem muito poucos políticos, na acepção clássica.
Portugal tem falta de políticos autênticos. Natos.
Soares é um político enorme. Uma referência, tanto cá dentro como lá fora. Portugal precisa de referências.

Não há comparação possível com os seus sucessores em Belém. É o dia e a noite. A água e o vinho. O azeite e o vinagre. Como diz o Povo, não há pai pra ele. Soares, que não é economista, "mexe com os mercados".

Soares não teria vindo fazer uma declaração ao País sobre o Estatuto dos Açores, ou sobre um caso de vulnerabilidades informáticas no seu computador. Mas Mário Soares, quando diante da iminente bancarrota, já tinha tido rasgo bastante para falar com os portugueses. Da mudez não reza a História, sobretudo quando há silêncios que gritam alto e quando a história acaba mal.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Curta-metragem nacional


Inês de Medeiros abdica de viagens pagas

A deputada socialista Inês de Medeiros comunicou esta segunda-feira ao presidente da Assembleia da República (AR), Jaime Gama, que decidiu prescindir da comparticipação do Parlamento nas suas despesas de deslocação a Paris, cidade onde reside (...)
Correio da Manhã, 03.05.2010

Que me desculpem-me, meus Senhores, mas rectidão e lisura de procedimento não é nada disto!
Das duas uma:
Ou a Senhora Deputada tem direito a que a Assembleia da República lhe pague os bilhetes das viagens para o domicílio que indicou depois de eleita (Paris), ou não tem.
- Se tem (e aí é que o tautológico despacho "mete o pé na argola"), aplique-se a regra;
- Se não tem, indefira-se a pretensão da Requerente.

A hipocrisia pessoal dos detentores de cargos públicos tem limites. Vejamos:
- Depois de meses de discussão na A.R., por causa de uns bilhetes de avião, em a Deputada fez tudo para reivindicar o seu alegado direito (só faltou um Parecer do Prof. Freitas do Amaral);
- Depois de, finalmente, ter sido proferido Despacho favorável sobre tão espúria dúvida;
- Depois da Deputada ter rejubilado, por lhe ter sido feita "justiça";

Vir agora Inês de Medeiros renunciar ao que lhe fora atribuído por quem competia decidir é escarnecer do Órgão de Soberania que integra.
A Assembleia da República deve dar-se ao respeito, jamais podendo admitir que um deputado lhe "cuspa na cara".
Se Inês de Medeiros achava que tinha direito antes do direito lhe ser reconhecido, não pode agora vir dizer, "afinal, pensando bem, não aceito a esmola".

Resultado:
Agora, e com a devida vénia aos nossos Ilustres Administrativistas, só vejo uma "saída" para a A.R., que não pode, de todo, ficar em tão vulnerável e indigna situação.

Aqui fica, pois, um esboço do que deve ser estipulado.

Determina-se que:
1. Para efeitos de abonos, despesas de representação e outras subvenções a que tenham direito no exercício do seu madato, o domicílio do deputado presume-se os do Círculo Eleitoral por é eleito, salvo quando venha requerer fundamentadamente que lhe sejam atribuído outro dentro do território nacional.

2. O pedido de alteração do domicílio depende de autorização expressa da Assembleia da República.

3. Exceptua-se do disposto nos números anteriores os casos dos deputados eleitos pelos Círculos Eleitorais da Europa e Resto do Mundo.

Da próxima, os "Chefes" (ou capatazes encarregues das diligências) que "metam as vedetas"  pelo Círculo do Resto do Mundo... mas atenção:
Não vale trocar milhas por viagens em benefício pessoal... agências "Cosmos", isso era nos anos dourados, quando vivíamos tempos de fartura. Agora, o PEC há-de exigir que as milhas acumuladas em vôo revertam para o cartão «Star Alliance» do Estado, que assim poderá emitir alguns bilhetes mais conta, onerando menos a depauperada Tesouraria.

domingo, 2 de maio de 2010

Grande Timoneiro


Barroso desvaloriza riscos de contágio da situação grega a Portugal
Hoje às 15:39Durão Barroso desvalorizou os riscos de contágio a Portugal da situação grega após as medidas de apoio anunciadas e saudou a determinação do governo português e o apoio dado pelo PSD.
TSF, 02.04.2010

Se ele diz... quem sabe nunca esquece...

Cerveja e tremoços à borla para a malta?

Feira do Livro vai ter "happy hour" com descontos de 50%

A Feira do Livro de Lisboa decorrerá durante 18 dias, até 16 de Maio, e nesta 80.º edição abandona a iniciativa de ter um país tema.
No total, estão inscritas 120 editoras distribuídas por 237 pavilhões, entre institucionais e diferenciados ao longo do espaço ao ar livre do Parque Eduardo VII.
Todos os dias, às 21h30, haverá música ao vivo num palco instalado na parte sul do Parque, frente à Rotunda (...)
Renascença, 28.04.2010

Haverá cerveja e tremoços à borla para a malta?

Ontem, feriado dos trabalhadores - Hoje, trabalho dos jogadores



Que ganhem todos. Que os melhores ganhem mais. «Trabalho igual, salário igual». Trabalho desigual ...