terça-feira, 26 de abril de 2011

Quartel em Abrantes, tudo como dantes


Visto pela nossa parte – contrariando a maioria dos comentários que ouvimos, quase todos de encanto pela descoberta da fórmula feliz que este ano foi encontrada para comemorar o 25 de Abril, e de satisfação geral pelo enorme significado da «mensagem» que brotou do Palácio de Belém – se concedemos quanto à organização do evento, no que tange à substância da coisa, não só confirmámos aquilo que tínhamos antecipado como ocorre acrescentar algumas notas:

Desde logo, e se dúvidas existissem, o Presidente Cavaco Silva passou a "bestial" depois de ter usado da palavra para fazer a espantosa revelação de que o Executivo que sair das eleições de 05 de Junho precisa, impreterivelmente, de uma ampla maioria no Parlamento para governar.
Hélas, que grande nova!

Depois, desde a agricultura à marinha mercante, da absoluta exigência de responsabilidade à incompetência geral da classe política, passando por conselhos para que se acabe com as quezílias e o debate seja sereno, isto, de permeio, com “um ou outro” mea culpa, cuja elevação do momento ditou esquecer, esta "salada russa" foi o bastante para que os comentadores viessem a correr, exaltando as metamorfoses do grande sentido patriótico que dali sobrelevou. Finalmente, eis que se abre caminho para que as divergências sejam postas de parte e a grei se una por um ideal.
Soberbo!


Mais à frente, trocado por miúdos, ficou a saber-se que o arranjo entre o PS e o PSD para formarem governo está feito e tanto faz que seja um como outro a ganhar as eleições. A única dúvida por esclarecer é sabermos quem vai ser indigitado Primeiro-Ministro, mas o resultado do escrutínio, quando comparado com as soluções ora aventadas pela "Troika+1", é um aspecto de somenos importância.
Está bem visto!


Para rematar, Paulo Portas, também ele é digno de nota: "pressionado" até mais não, para fazer o pleno do arco tricolor, por via do chamamento do «Compromisso» que é mister nacional, encarna o peso da responsabilidade histórica que recai sobre o CDS, e vai balbuciando qualquer coisa do género, que os seus serão parte da solução.
Lindo!

Posto isto, a cereja em cima do bolo será a criação de um pensamento único, segundo o qual quem se atrever a não alinhar com a "Situação" merece ser excomungado da condição patriótica, por "crime" de desligamento da "santa união", mais que selada na tenda de Belém.
Que medo!


Ou seja:
Votar no PS, no PSD ou no CDS, é "igual ao litro". Irão todos na mesma parar ao governo. Todavia, é preciso cumprir o dever de sufragar as listas, para cumprir as formalidades, que quanto mais força tiverem estes três, melhor o País fica "na fotografia".
Os mercados ainda não têm famílias destas no álbum!

De facto, o "Sistema instalado", apesar das falhas e podridões desavergonhadamente indiciadas, encontra a forma de se manter. Tal qual. Pegam no bolo, dão-lhe outra cobertura, e repartem-no alegremente, cantando e rindo.
Ou há moralidade, ou comem todos!


Para quem não acreditasse, era ver de seguida o debate na SIC/N, entre João Soares e Miguel Relvas. Só faltou abraçarem-se em directo. PS e PSD estão em noivado, e o CDS parece aperaltar-se para levar os anéis. Vão todos fazer algum "barulho" durante a campanha. E depois? Há licença para um certo ruído e campanha é campanha… uma vez assinado o pacto FMI/Partidos, onde o PR passará como faca na manteiga. As eleições reduzem-se ao jogo da "apanhada" de todos com José Sócrates.
Que divertido! 


Por fim, e para cúmulo dos cúmulos, uma vez que os nossos opinion makers (os de ontem, que são os mesmos de hoje e serão os de amanhã) à cautela, para que eventuais tsunamis não lhes deitem por terra itinerários de luminosos pensamentos, sempre vão admitindo, através de exercícios de prognose na espargata, que é provável haver espaço para uma reconfiguração do actual quadro partidário.
Pois pudera!

A confirmar-se que o Regime salta todo para o mesmo barco a 6 de Junho próximo, espaço, nunca terá havido tanto, desde 24 de Abril de 1974. Que embarquem, que embarquem.
Embarquem todos!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Isto tem de ser dito


Isto tem de ser dito:

Por certo, Cavaco Silva mais a Troika Eanes/Soares/Sampaio, que o PR convidou para se lhe juntar este ano nas comemorações do 25 de Abril, irão fazer discursos patrióticos, com que estaremos de acordo em muitos aspectos e a exortação patriótica, que se antevê, irmanará os portugueses, embora não tanto como quando vemos a Selecção alinhar-se para o Hino antes dos jogos.

Também, espera-se, hão-de ecoar de Belém, entre outros, apelos para que ninguém se resigne, especialmente dirigidos aos jovens e aos cidadãos sem filiação partidária, a quem Abril veio permitir que participem na nobre tarefa de todos os dias regenerar a Democracia, através dos prestimosos contributos cívicos à «causa pública» que, afinal, são um dever.


Para os nossos ouvidos, é música roufenha. Alguém quer saber o que pensamos ou podemos fazer?
Não. Simplesmente porque isso poria em causa o status quo instalado, quando, na realidade, o que se pretende é dar uma impressão de mudança, mas sem mexer no Sistema.

Faz lembrar as noites eleitorais, em que todos vêm, em primeiro lugar, lamentar as elevadas taxas de abstenção, logo manifestando solenes propósitos sobre a necessidade de uma profunda análise das causas endógenas que levam a tão grande alheamento do Sistema, etc., quando, passados cinco minutos não se fala mais nisso, pois quem está eleito, eleito está e as prioridades, afinal, são outras… é uma vergonha!

Estou farto destes farisaísmos e palavras de circunstância.
A repulsa nada tem que ver com o 25 de Abril, cujo significado e alcance tive o privilégio de aprender desde cedo. Aqui, não se embarca em demagogias do género, “o 24 é que era bom”, ou “isto não melhorou nada com o 25 de Abril”. Não, antes pelo contrário. O 25 de Abril permite que agora digamos, alto e a bom som, para azia de alguns, que este Regime já deu o que tinha a dar, ponto!



Se 37 anos não chegaram para instaurar, de facto, um verdadeiro Estado de Direito Democrático, condizente com velhas e novas aspirações, que nunca mais chegam a ver a luz do dia ou, dito de outro modo, se passadas quase quatro décadas o Estado atingiu um definhamento tal que, com os mesmos de sempre a aplicar as políticas de sempre, e o resultado queda-se por este “fartar vilanagem” do «bem público», ao ponto de termos de pedir que nos venham governar, então, de que é que estamos à espera para chamar as coisas pelos nomes, propondo (não é reequacionar, que isso soa a conversa da treta) que se declare este Regime caduco, dando-se inicio à IV República, com salvaguarda, é claro, dos valores e princípios indeclináveis que herdamos de Abril?


Agora, e com o devido respeito pelo esforço de todos, pergunta-se:

- O Presidente da República, última reserva moral da Nação, já não consegue disfarçar a sua fraqueza política, ao ponto ter de chamar os antecessores para, assim, mais uma vez, não assumir, por inteiro, as suas responsabilidades, nem dar a cara perante os portugueses, no exercício da tal “magistratura activa”, ademais expressamente penhorada no dia em que jurou a Constituição?

- A imagem que vai perpassar das quatro altas personalidades ali reunidas remeterá para as décadas passados ou os tempos futuros?

- Das comemorações do 25 de Abril de 2011 perdurará a memória de uma metáfora sobre o soçobrar de um Regime, ou o mote para a construção de um Portugal novo?



Ouvir os mais ilustres «senadores da República» tem sempre cabimento, e não só é útil como deveria ser instituído constitucionalmente - isso é uma coisa. Outra, bem diferente, é o Presidente da República dividir com os antecessores* uma mensagem ao País que só a ele cabe, especialmente no dia das comemorações deste 25 de Abril.

Percebe-se a ida desta autêntica Troika a Belém. As razões estão bem à vista.
O problema é que este acto, da última encenação, não augura nada de bom... 
Na verdade, Abril já foi.

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* Como é que o Dr. Jorge Sampaio, particularmente falante nas últimas semanas, vai fazer a apologia da «estabilidade governativa» e do «regular funcionamento das Instituições» quando, (após ter aceite as condições do então Primeiro-Ministro e actual Presidente da Comissão Europeia, deu posse a um Governo que tinha um suporte parlamentar de maioria constituída por uma coligação), fez uma leitura peregrina da Constituição e decidiu dissolver a Assembleia da República, só porque o XVI Governo, assim, sem mais, deixou de lhe inspirar confiança? Oxalá, o próximo Governo possa agora abundar em tudo o que o Presidente Sampaio viu faltar em 2004.

Ir à lã e sair tosquiado


Daqui a nada virá uma “pergunta obrigatória” em campanha eleitoral:

A quem mais facilmente comprava um carro em segunda mão?
A José Sócrates ou a Passos Coelho?
- Talvez 70% dissessem Passos Coelho e 30% José Sócrates.

Só que desta vez a coisa não é assim tão simples.
Como diz Clara Ferreira Alves, estamos sem cheta. Ninguém “quer” comprar nada. Só vender.

Logo, a tal pergunta há-de ser posta ao contrário:

A quem mais facilmente pedia para tratar de vender o seu carro em segunda mão?
A José Sócrates ou a Passos Coelho?
- Talvez 20% dissessem Passos Coelho e 80% José Sócrates.

Isto não vem em nenhuma sondagem, mas ajuda a perceber como é que os portugueses pensam, ou não estivéssemos a cerca de um mês das eleições e, para espanto de muitos, José Sócrates já tenha a garantia de que, na pior das hipóteses, o PS acaba muito perto do PSD, que acaba muito longe de maioria absoluta.

Assim, como nesta altura o Zé anda perto de um empate - sem exclusão de ganhar - perder, perder, é que já não perde! Esse é o osso mais duro de roer para quem quer, a toda a força, que o líder dos socialistas se vá embora na noite de 05 de Junho. De facto, parece que com Sócrates fora de cena tornava-se mais fácil convencer Pedro Passos Coelho a aceitar que fosse um “terceiro” indigitado Primeiro-Ministro...

Por outro lado, enquanto nos bastidores correm cortesãos, a ver se tratam de um arranjo, o povo, não só “topa” a “jogada”, como muitos irão cortá-la nas urnas.

Será, provavelmente, como diz o ditado, ir à lã e sair tosquiado.

sábado, 23 de abril de 2011

A História não acaba aqui


Lembramo-nos de João Paulo II - após a queda do muro de Berlim e a derrocada do Bloco de Leste, que se lhe seguiu - ter dito, mais ou menos isto: atenção que não é o fim da História, nem a vitória de um modelo sobre outro. Não julguem que o capitalismo é a solução ou dá resposta aos males que o Mundo enferma.

Passadas duas décadas, já no Pontificado seguinte, a visão do “político” Karol Wojtyła revelou-se-nos plena de sentido, particularmente quando os ventos da crise financeira de 2008, vindos dos EUA, varreram todo o hemisfério norte e fizeram ecoar alarmes em toda parte para algo mais fundo: crise das Instituições – a fragilidade da União Europeia é um bom exemplo; crise dos Estados – ilustrada através das dívidas soberanas dos chamados PIGS; crise das empresas - que cada vez mais despedem trabalhadores ou encerram; crise das famílias – desestruturadas, hipotecadas, sem emprego nem esperança.

Numa palavra, falta encontrar um novo paradigma. As receitas ministradas através de velhos “paliativos” afiguram-se-nos escassas para responder à nova ordem que urge edificar sobre a desestruturação geral das várias «comunidades», palavra que anda muito arredada da boca dos nossos governantes e dirigentes.

Nesse sentido, importa acolher as pistas e os subsídios dos mais sábios. É por isso que, independentemente do foro livre e individual onde cada um deposita a sua Fé, no plano social, a mensagem do Bispo de Roma, Bento XVI, merece ser ouvida, especialmente na Vigília Pascal que hoje tem lugar.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Insanidades em palha seca




Numa mensagem divulgada no Facebook, o Presidente da República defende que os tempos atuais constituem um "sério desafio" para a "credibilidade" do projeto de "sonhado" há várias décadas.

O Presidente da República considerou hoje que os tempos atuais constituem um "sério desafio" para a credibilidade de uma Europa unida, defendendo que se a integração europeia for dominada por "egoísmos nacionais" será uma "simples conjugação episódica de interesses".

"Os tempos atuais constituem um sério desafio para a credibilidade do projecto de uma Europa unida, tal como foi sonhada e concebida pelos seus fundadores, há várias décadas", lê-se numa mensagem do chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, divulgada na sua página do Facebook.

Na mensagem, divulgada na rede social ao início da noite, o Presidente da República sublinha ainda que se "a integração europeia for dominada pelos egoísmos nacionais, o projecto de uma União afasta-se do sonho dos seus fundadores e de grandes europeístas que se lhes seguiram".

Pois, acrescenta o chefe de Estado, não se tratará de uma "autêntica União", mas apenas de "uma simples conjugação episódica de interesses de cada um dos Estados-membros".

Fonte: Expresso online, Terça-feira, 19 de Abril de 2011, 20:54


Por hipótese académica, e considerando que o artigo 7º da Lei n.º 28/82, de 15 de Novembro (Lei orgânica do Tribunal Constitucional) dispõe ser da competência do Tribunal Constitucional:
a) Verificar a morte e declarar a impossibilidade física permanente do Presidente da República, bem como verificar os impedimentos temporários do exercício das suas funções;
b) Verificar a perda do cargo de Presidente da República, nos casos previstos no n.º 3 do artigo 129.º da Constituição e no n.º 3 do artigo 130.º da Constituição.


Perante uma “infantilidade” destas, poderia haver quem defendesse ser caso para o TC intervir. Quando o mais alto magistrado do País, ainda por cima via Facebook, vem dirigir-se à União nestes termos, enquanto o Portugal está a ser intervencionado, poderá pensar-se que Cavaco Silva, se não perdeu mesmo o juízo, em definitivo, é provável que esteja, ao menos, temporariamente insano.

Diriam uns: que parvoíce, que irresponsabilidade, que falta de respeito, o que mais vão “inventar”, etc.
Retorquiriam outros: mas não tem sido o próprio PR a fazer uma interpretação dos seus poderes constitucionais na mais estrita observância da letra da Lei, remetendo-se a um gritante silêncio quando devia falar?

Pergunta-se:
- Afinal, onde residiria a maior parvoíce, irresponsabilidade e falta de respeito?
- Quem, no fim de contas, teria "inventado" mais?

Entre o Facebook do Presidente, o BE apresentar uma Moção de Censura pré-datada a 30 dias dirigida não só contra o Governo mas visando também um partido da oposição, ou o PSD num dia chumbar o PEC e no outro vir dizer que não há alternativa ao pedido de ajuda externa e às medidas da Troika, que venha o diabo e escolha. Qual delas a maior das insanidades?...


Portugal vai sofrer, mas vai resistir, que a Pátria é perene.
Eles não. De tanto atear, vão queimar-se mesmo, que caminham sobre palha seca.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Os verdadeiros portugueses



Somos assim. Temos mania de arranjar desculpas quando nos falta a "sorte". Ou é o asno do árbitro que  marcou aquele penalty por uma mão que nunca existiu, impedindo-nos de chegar à final naquele ano, ou é o sonso do Rei de Espanha que pela calada mexeu os cordelinhos, levando-nos a America´s Cup para Valência, ou é malcriadão do comissário europeu que goza com o nosso Presidente da República, sem que ninguém faça nada.

Agora são os finlandeses.

Se não conseguirmos o empréstimo, a culpa é deles, que já andam a fazer a cabeça ao "pessoal da CEE". Esses verdadeiros finlandeses, do matulão Timo Soini, tinham logo que empeçar connosco para fazer a sua campanha, e agora, puxada a brasa à sua sardinha, com os 39 deputados, eleitos à nossa custa, está-se mesmo a ver: preferem fazer-nos a vida negra que tratar lá de governar a terra deles!


Que fazer, então?

Já que temos tanto sol, peixe, marisco e carnes do melhor, praias como não há, e gentes calorosas, com ritmos de fado mas também de samba, capaz de trocar os olhos e as voltas a qualquer um, por que é que não aproveitamos nossos os hotéis (com golf a IVA mínimo, e tudo) e não convidamos os verdadeiros finlandeses a passar uma temporada à borla por cá? São só trinta e nove. Até podiam trazer famílias e amigos...

Não iam querer outra coisa, mudavam de opinião sobre nós, e talvez ainda trouxessem vodka da boa para brindar... era bom e bonito mostrar aos finlandeses como são os verdadeiros portugueses. E baratinho.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Maria-vai-com-as-outras?


Na Quarta-feira passada, dia 13, tivemos ocasião de manifestar num post à atenção de Paulo Portas, quão importante seria para o quadro político-partidário que o CDS/PP fique de fora do governo que resultar das eleições de 05 de Junho próximo. 

É simples: por força dos imperativos ditados pela intervenção externa e estando praticamente adquirido que nenhum dos dois maiores partidos alcançará maioria absoluta, começa a desenhar-se a formação de um novo Bloco Central, pois ainda que PSD+CDS/PP tenham um suporte parlamentar de metade dos mandatos mais um, o PS terá de fazer parte da solução governativa de "compromisso nacional" reclamado.

Significa isto que, com PS+PSD forçados ao entendimento, desde logo por serem os primeiros signatários do «Pacto FMI/Partidos», a oposição, dentro e fora do Parlamento, será confiada à CDU+BE, que recusam terminantemente subscrever o Acordo para o pedido de ajuda externa.

Assim, caso todos os partidos do «arco governativo» venham amarrar-se numa coligação tricolor, isso trará consequências complicadíssimas para o centro/direita, que fica sem voz crítica, ao passo que, à esquerda existirão "válvulas de escape", de que o Sistema precisa. 

Adiante:

O Prof. Marcelo, no seu espaço semanal na TVI, aproveitou para "entalar" o CDS/PP, dizendo que o Partido de Paulo Portas não pode deixar de assinar o Acordo, pois é impensável querer integrar o Governo sem antes integrar o «Pacto FMI/Partidos». Visto assim, faz sentido. Mas, na verdade, é uma boa esparrela:

O que impede o CDS/PP de ser responsável, assinando o Acordo que se impõe, para "salvar" Portugal antes de 16 de Maio, resguardando-se, porém, no direito de não pactuar com o Bloco Central que aí vem, optando por uma "aliança com os portugueses" pós eleitoral?

Poderá dizer-se que isso não tem lógica nenhuma, pois seria colocar-se numa posição contrária ao compromisso assumido.

Não, não! São coisas completamente diferentes:
Uma, é dar o seu aval ao empréstimo.
Outra, é passar um cheque em branco ao PS e ao PSD.

Será bom que Paulo Portas, prudentemente calado, venha esclarecer isto a tempo, ou sujeita-se, também ele, a perder a confiança de quem vê no CDS/PP a derradeira força onde depositar o voto.

Chegou a última hora de fazer a prova:

- Paulo Portas pode liderar o centro/direita?
- Mais não pode que chefiar um partido "Maria-vai-com-as-outras"?

domingo, 17 de abril de 2011

A dúvida instalada


A propósito das fífias monumentais do PSD, quando vemos este comentador, que tem sido um "Futre" de Pedro Passos Coelho, esgotar o seu argumentário no fracasso dos últimos 15 anos de Governos do PS, e logo depois, pedir a palavra, para fazer compungida confissão final, que é, diz, só esperar de PPC o mesmo resultado que "exigiu" a Manuela Ferreira Leite em 2009, ou seja, uma vitória por maioria, isto, vindo de quem vem, pode ser interpretado como uma contrição em público do que outros se penitenciam em privado:

- O maior partido da oposição não consegue disfarçar a tremedeira;
- Em vez de conseguir cerrar fileiras, abrem-se brechas no apoio ao líder;
- A dúvida instalada, já não é entre a margem da vitória relativamente ao segundo partido mais votado, mas saber se o PSD, na verdade, vai ser o partido mais votado.

sábado, 16 de abril de 2011

Lobby Calisto


Fonte: «Fotografia - o deputado "cagão"», Blogue de Tiago Mesquita, Expresso online de 15.04.2011

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Tal como o autor do referido post, não faço ideia sobre quem seja o Sr. deputado Paulo Barradas. 

A questão não é o Sr. Paulo, Pedro, Tiago, ou o João.
Com ou sem anúncio à porta, existirão pelo País fora vários "pares do Reino" assim.  

Para além da pirosa da placa, que faz lembrar qualquer coisa mórbida, do género "agente Servilusa, consigo nos momentos difíceis", o que a fotografia melhor revela é que a caricatura do deputado de 2011, afinal não nada muito longe da figura representada por Camilo, em «A queda de um Anjo».

Se o financiamento dos partidos é o "cancro" da Democracia, o biscate é a "gangrena" do Parlamento.

Nestes tempos, em que as coisas vão ter, mesmo, de entrar na linha, o lobby não pode ser tratado como se de consumo de haxixe se tratasse.

Os "Barradas" vão ter de passar a responder pelos seus actos e os leaders também, pelos seus dealers.

Altos e baixos


Enquanto Marques Mendes, talvez transido com o aviso do furacão Nobre, parece agora mais sóbrio, e dá impressão que está a "corrigir o tiro", o Dr. Bagão Félix, por seu turno, desde que é Conselheiro de Estado, parece ter perdido a noção da sensatez a que nos habituou. Tem sido um tal "dar fogo à peça". 

Que estranho, isto.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

SMS às forças na reserva



«Estejam calados até à noite de 05 de Junho. A ver se antes conseguimos o empréstimo do FMI. E não prejudiquem as entradas dos gatos todos no mesmo saco, que depois é para limpar de vez!»

quinta-feira, 14 de abril de 2011

133 chegaram, pá


Em entrevista à Agência Lusa, a propósito do livro 'O dia inicial', que conta o 25 de Abril «hora a hora», Otelo reconhece que, ao contrário da sociedade em geral, os militares não têm demonstrado grande indignação pelo estado do país.

Este 'capitão de Abril' chama a atenção para a mudança de circunstâncias que se registou nos últimos 37 anos, nomeadamente o facto das forças armadas ao nível das praças - soldados, cabos e sargentos - serem hoje voluntários.

«Se a esta gente voluntária cortarem direitos adquiridos, então o caldo está entornado», avisou.
Questionado sobre a existência de condições para os militares protagonizarem uma revolução, Otelo é peremptório: «Para derrubar um governo basta, como se viu, 800 militares. Chegam, desde que estejam empenhados nisso».

Fonte: Lusa/SOL, 13.04.2011

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Camarada Otelo:

800 militares para derrubar o Governo?
Não é preciso mobilizar a rapaziada, pá. 
Bastaram 133 civis, pá, (ainda por cima burgueses, pá) para deitar o Regime abaixo, pá. 

Foi ali na Assembleia, a 23 de Março, pá. 

Nobre Capuchinho Vermelho



«Acredito nas intenções do Dr. Passos Coelho». Fernando Nobre justifica desta forma ter aceite o convite que lhe foi feito pelo presidente do PSD para encabeçar a lista do partido por Lisboa nas próximas eleições legislativas, mesmo sabendo ser «alvo de muitas incompreensões».

Fonte: tvi24, 13.04.2011, 23:39

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Será que o Sr. candidato acha que não sabemos a história de honradez do Capuchinho Vermelho?

Compreensão?
Toda.

Chazada grossa


Fala-se muito do teor das declarações dos políticos, cada vez mais ocos e ditados pelas exigências da imagem. Paradoxalmente, pouco se diz acerca dos locais onde o que é dito fica registado.

É curioso observar como há maus hábitos que perduram, e como as equipas de marketing não notam isso.
Uma mera frase, proferida no momento errado ou no lugar impróprio, alcança proporções muito nefastas.

Sempre me fez confusão, por exemplo, aquela coisa dos encerramentos dos congressos. 

Convida-se tudo e todos.
Desde o Presidente da República, que costuma fazer-se representar, ao Corpo Diplomático.
Desde os partidos adversários aos parceiros sociais, e por aí fora.

Logo à entrada, acontece convidados serem recebidos com apupos, vaias e pateadas.
Depois, nos discursos, aquilo mais parece uma sessão de masoquismo para os visitantes, que da bancada que lhes é reservada ouvem dizer de si o que Maomé não disse do toucinho.

No fim, enquanto no palco onde os líderes são incensados entre apertos e abraços, sons apoteóticos, balões a rebentar, chuva de luzes e papelinhos mais bandeiras que se agitam, assistimos, a escassos metros dali, aos "bombos da festa" dizerem "porcas e piolhosas" à comunicação social.

Das duas uma:
Ou os anfitriões deveriam deixar de convidar, reservando para outra ocasião o encontro com os seus interlocutores, ou os convidados deveriam ter a decência de escusar reagir em casa alheia, reservando o que se lhes oferecesse para mais tarde, noutro local.       
       

Ao nível dos encontros oficiais e de Estado, a história é semelhante:

Vemos a certa hora, por exemplo na Residência Oficial de São Bento, uma reunião do Primeiro-Ministro com o líder do maior partido da oposição.
Três minutos para as fotos da praxe.
Fecham-se a porta que os assuntos são muitíssimo sérios.
Após 45 minutos de conversa alguém diz, "vão sair".
Os jornalistas apontam baterias, concertam-se as gravatas (quando calha), e eis que na salinha do lado ou no corredor o "chefe da delegação", com ou sem acólitos ao lado, muda de registo e diz o que quer e bem lhe apetece. Isto, nas costas do PM, que por vezes ainda mal acabou de subir as escadas.

Não teria sido muito mais elegante, tomando o recente exemplo dos "esqueletos e dos "gatos" de Pedro Passos Coelho, que o líder do PSD, eventual próximo Primeiro-Ministro, tivesse à saída dito aos jornalistas que as declarações seriam prestadas, não ali, mas na Assembleia da República?

A recuperação da credibilidade dos nossos políticos, aos olhos dos portugueses, também passa muito por estes gestos. 

Todavia, há um ponto a reter: quando a iniciativa não parte da capacidade dos próprios para intuírem a dose certa em cada momento, as equipas de comunicação e imagem vão ter que passar a tomar chá, sob pena daqueles a quem prestam assessoria, depois, levarem "chazada grossa".

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Att: Dr. Paulo Portas


Ainda que em excepcionalíssima crise, autêntico «estado de necessidade», não curamos aqui de saber se o óptimo é inimigo do bom, da arte do possível, ou sequer dos apelos para que os três partidos do chamado arco da governação integrem o próximo governo.

Importa-nos antes, no meio da balbúrdia instalada, ver mais longe, antecipando a desconfiguração do actual quadro político-partidário, no rescaldo previsível das eleições e da próxima legislatura.

Tudo aponta para que a receita da «Troika» visitante vá ser aviada pelo PS e pelo PSD, afigurando-se-nos cada vez mais provável um governo fundado no Bloco Central.

Tanto assim é que Pedro Passos Coelho, após ter recusado uma coligação pré-eleitoral com o CDS/PP, e depois de ter sonhado chegar "ao pote" com maioria absoluta, já tudo isso deixou cair. Agora, deixa entreaberta a possibilidade de ir para o governo com o Partido Socialista.

Ora, caso as entidades externas aceitem que o aval à proposta seja assinado pelo Governo em funções mais os dois maiores partidos e com a chancela do Presidente da República, o CDS/PP de Paulo Portas, a quem se augura um bom resultado a 05 de Junho, devia saber ceder à tentação, e optar pela estratégia em vez da táctica.


É certo que Paulo Portas, há dias, em Viseu, prometeu aos seus levá-los à "terra prometida".
Já falta pouco, disse.
É também certo que Portas, como os outros "chefes", só anima os soldados e enche as salas dos circuitos da "carne-assada", caso transmita convincentemente o perfume do poder, ao alcance de mais uns esforços. O que a "malta" quer ouvir é que o "assalto" está para breve, com direito a "saque e pilhagem".


Todavia, nesta vertigem, Paulo Portas devia dizer Não a um presente envenenado.

Vejamos:

Portugal, exaurido, e os portugueses, fartos que estão do PS e do PSD (que acham ser a cara e o verso da mesma moeda) tanto, tanto, ao ponto de se dividirem equivalentemente e com espantosa indiferença entre estes dois, mais fartos vão ficar quando os virem juntos no governo, ainda que saibam que solução é "imposta".

Por outro lado, a ironia do destino é irmos ver o PS e o PSD, principais culpados pelo falhanço da III República, serem agora obrigados a arcar com as responsabilidades de medidas duríssimas, bebendo o cálice do fel até ao fim.

Desta vez, muito dificilmente poderão recompor-se, ao contrário do que aconteceu após 1983/85.

Caso o CDS/PP integre o governo, "a rua" ficará exclusivamente à mercê do BE  da CDU, que entretanto, já alinhavam uma frente oposicionista de esquerda, tendo de facto campo aberto para germinar.

E à direita do Bloco Central, pergunta-se?
Quem assumirá a alternativa democrática à "União Nacional", tipo PRI mexicano, que se cozinha?


O próximo governo, institucionalmente falando, será formado para defender os «superiores interesses nacionais».
Na prática, o que vai acontecer, é o PS e PSD sob a capa das entidades externas julgarem que se salvam por ter correspondido aos apelos heroicamente e estado juntos nos tais «inestimáveis serviços ao País».

Politicamente (sendo a política, na essência, que aqui interessa), este PS e este PSD coligados não passarão de capatazes dos nossos credores, cujos "serviços", diga-se, merecem ser incumbidos, quais coveiros de si próprios.

Nisto, natural será que do lado do PS a ala republicana, laica e socialista decida mexer-se e, pela banda do PSD, a ala popular-democrática faça as rupturas há muito latentes.

Depauperado o Estado, sem erário público para esbanjar, a austeridade que aí vem terá, ao menos, o condão de clarificar o xadrez político, desparasitar as instituições e devolver a palavra à política, criando-se condições para edificar a IV República. 

Paulo Portas (e outros, dentro ou fora de partidos, afastados ou no activo), ou vê isto com nitidez, e opta por uma aliança com os portugueses em vez de entrar num "saco de gatos", ou será soterrado nos escombros de um Regime desfeito. De onde não haverá resgate possível, porque o tempo não perdoará.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O resultado do enxerto

(José Pedro de Sousa Coelho)

Sondagem da INTERCAMPUS, efectuada entre 8 e 10 de Abril:

"Se as eleições fossem esta segunda-feira, o PSD ganharia com 38,7 dos votos. Esta, contudo, seria uma vitória estreita, já que os socialistas teriam 33,1 por cento.

Comparando com a última sondagem de 27 de Março, o PSD regista menos 3,5 por cento das intenções de voto, o PS sobe 0,3 por cento, o CDS sobe 0,7 por cento, a CDU sobe um por cento e o BE desce 0,3 por cento.
Questionados sobre como será a actuação do futuro Governo, 29,6 por cento dos inquiridos diz que vai governar melhor; 38,7 por cento acha que será igual; 9,5 diz que será pior, 22,2 por cento não sabem ou não respondem."

(Fonte: tvi24, 11.04.2011)

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No estado comatoso em que o País mergulhou, sendo José Sócrates o principal rosto da crise, como explicar que o PS esteja a uns escassos 5,6 pontos do PSD, quando, regra geral, a tendência é os partidos que estão no poder subirem na recta final, aproximando-se, e chegando até, por vezes, a ultrapassar os seus oponentes, em campanha e nos dias que precedem as eleições?     

Os portugueses, por muitas razões de queixa que tenham contra José Sócrates, quando olham para a alternativa que lhes é oferecida, torcem o nariz a Pedro Passos Coelho. Como quem diz, não vai fazer melhor que aquele que lá está

É o resultado do enxerto a que este PSD chegou e julga ser capaz de levantar Portugal.
Se dúvidas existissem, a indicação de Fernando Nobre para segunda figura do Estado é reveladora...
Um partido com um líder fraco, que não faz forte a sua gente.
Um projecto sem programa, sem estratégia, sem rumo, sem credibilidade, sem "espinha", e pior - sem alma.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nobre do verbo afiambrar


O presidente do PSD afirmou hoje, domingo, que a escolha de Fernando Nobre para integrar as listas do partido à Assembleia da República deve-se a ser uma "voz respeitada" e a "expressão do espaço da cidadania".

(Fonte: DN, 10.04.2011)

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Fernando Nobre justifica o seu apoio ao Bloco de Esquerda

(Video de 01.06.2009: http://www.youtube.com/watch?v=dQPI6Z1aZY0)

domingo, 10 de abril de 2011

Superlativo muito sintético

(carapau)

"O ex-presidente do PSD Luís Marques Mendes considera que Pedro Passos Coelho está «preparadíssimo» para liderar Portugal..."

(Fonte: Sol, 9 de Abril 2011 - bold nosso)

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Quem conhece minimamente o ex-líder do PSD sabe que Marques Mendes, ao proferir tal declaração, estava mesmo a ser sincero.

Tão sincero quanto excitadíssimo, com a eventual possibilidade de alguém lhe ter acenado com o lugar no Parlamento de 2ª figura do Estado, ou mesmo com uma pasta classificada como "de Estado", tal como tem vindo a ser ventilado ultimamente nalguns órgãos de comunicação social. 

PS: ocorre perguntar se os ex-líderes do PSD estarão disponíveis para subscrever este aval de Marques Mendes a Pedro Passos Coelho. Marcelo Rebelo de Sousa, por exemplo, não aceitou prefaciar o «Homem Invulgar»...    

(cherne)

«Gama defende que PS deve liderar negociações para ajuda externa e falou directamente dos problemas do país e deixou a dúvida no ar quando disse: "Todos somos substituíveis". Recado?»


(Fonte: ionline, 09 de Abril de 2011)
 
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Há muito que o político Jaime Gama ganhou o epíteto de «peixe de águas profundas». 
São muitas "coincidências", realmente. 
 
Há dias, despediu-se da Assembleia da República. Agora, no Congresso de Matosinhos, ficou a saber-se que não aceitou substituir Almeida Santos na presidência do PS, aproveitando o momento para ir à tribuna dizer que ninguém é insubstituível, ademais num discurso, todo ele, muito conciliador.
 
Provavelmente, na noite de 05 de Junho próximo, conseguiremos desvendar mais sobre o "mistério" que esta figura, reserva do PS e "senador" da República quis criar, deixando entreaberta a porta do seu destino, de modo escancarado, diga-se.

sábado, 9 de abril de 2011

Duas ou três coisas

1. Desta vez não foi no twitter ou no Facebook. Foi lá mesmo, de viva voz, em Budapeste, paredes meias com a reunião do Ecofin, que Cavaco Silva tornou a sacudir a água do capote:  


"O Presidente da República recusou hoje qualquer intervenção na negociação com a oposição do pacote de ajuda financeira a Portugal, sublinhando que o chefe de Estado não tem meios para tal, nem a Constituição o permite.
Questionado se entende que terá de ser o Governo a negociar com os partidos o pacote de ajuda financeira que irá apresentar a Bruxelas, Cavaco Silva foi perentório na resposta: «A senhora não está com certeza a imaginar que seja o Presidente da República».

(Fonte: Diário Digital / Lusa, 9 de Abril de 2011 - bold nosso)

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2. O Comissário Europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, está farto da brincadeira. Os finlandeses não percebem e a UE começa a pensar, com razão, que em Portugal está tudo louco. 


«Já mostrámos muita imaginação e especialmente muita responsabilidade para encontrar soluções que ajudem a ultrapassar a situação difícil que Portugal atravessa», respondeu Olli Rehn, na reunião dos ministros europeus das Finanças deste sábado.

(Fonte: TSF online, 9 de Abril 2011, 15:11)

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3. Onde quererá chegar o MNE, Luís Amado, com as declarações ambíguas que tem feito nos últimos tempos? Assegurar um lugar ao sol? Que tem "mamar doce", lá isso tem. 


“Não gosto da lógica de culpabilização do ponto de vista político. Todos somos culpados de uma certa forma pela crise que o País vive, todos sem excepção”, adiantou Luís Amado, para quem “deve haver antes uma lógica de responsabilidade” pois “todos temos de ser responsáveis pelas nossas próprias decisões”.

(Fonte: Negócios online, 09 Abril 2011, 16:41 - bold nosso)

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4. Acabei de ver, na íntegra, a intervenção que José Sócrates fez ontem no Congresso do PS. Sabemos como são os discursos dos líderes partidários nas reuniões magnas dos partidos. Servem, antes de mais, para mobilizar e entusiasmar as tropas. A prova dos chefes afere-se pela força e pela capacidade de inebriar as respectivas hostes, por via da energia que transmitem.

Pelo menos desse ponto de vista, o Secretário-Geral do PS fez um grande discurso. Passou ao ataque, arriscou, pôs as cartas todas em cima da mesa. Apostando tudo no juízo final, "transcendeu-se" perante os seus.
A mensagem passou para o País, através daquela prova pública que deu, quando ensaiou Está o PS todo comigo?

Quando comparado, Pedro Passos Coelho continua a ser "um Jota". Ainda que as sondagens apontem a seu favor, ocorre interpelar: 

Será que PPC teria coragem para perguntar - Está o PSD todo comigo?
Até talvez esteja... 

Mas a sua "obrigação" é outra.
O líder do PSD seria capaz de em ocasião semelhante perguntar:
Portugal confia em mim?
Os portugueses estão comigo?

Duvida-se.  

A mula da cooperativa


"Os nove chefes de Estado da União Europeia do Grupo de Arraiolos iniciaram hoje em Budapeste um encontro de dois dias, numa altura em que o pedido de ajuda externa português domina a agenda mediática.

O Presidente da República português, Aníbal Cavaco Silva, chegou ao Palácio Sándor ao início da tarde, tendo à sua espera o seu homólogo húngaro, Pál Schmitt.

Minutos depois teve início a primeira sessão plenária do encontro informal de chefes de Estado da União Europeia sem poderes executivos, onde irá ser debatida a questão da "cooperação económica macro-regional na União Europeia -- da estratégia do Mar Báltico à estratégia do Danúbio".

(Fonte: Lusa, Vera Amado - Budapeste, 08 de Abril)

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Como de costume, questionado sobre o pedido de ajuda externa de Portugal, Cavaco Silva disse nada.

Ninguém se admire se no regresso aparecer um post deste género, na página do PR no «Facebook»:

"Esta questão passou muito rapidamente para o plano dos partidos e da Assembleia da República.
Pela forma como o programa foi apresentado, pela falta de informação, pelas declarações que foram feitas quase nas primeiras horas ou até nos primeiros dias, tudo isso reduziu substancialmente a margem de manobra de um presidente da república...".

Não foram isso que veio dizer quando tentou desculpar-se por nada ter feito pela aprovação do PEC IV?

Já basta!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Procura-se Primeiro-Ministro



Há expressões para todos os gostos - «salvação sacional», «coligação alargada», «maioria estável», etc.
Isso não importa.

Ganha lastro a ideia daqueles que defendem que o próximo Governo necessita, obrigatoriamente, de um programa para cumprir, de verdade, de um suporte parlamentar maioritário, de um pacto, desta vez «Povo/Partidos», e que aqueles que forem chamados ao novo Executivo estejam acima de quaisquer suspeitas.

Isto, tanto em relação ao seu descomprometimento com as corporações, clientelas e os interesses do costume, como ao seu próprio futuro neste ou naquele lugar ao serviço da causa pública. Essa, será a única via para poderem levar por diante as reformas que se exigem, sem as habituais complacências.
De certo modo, é um regresso à política pura e dura, no melhor sentido. 

Para que tal seja possível, há um requisito fundamental - os membros do próximo Governo deverão ser figuras com autoridade bastante, que mereçam respeito, que saibam ouvir e dialogar, mas que não receiem decidir e assumir as responsabilidades a cada momento.
Alguém em quem os portugueses sintam que podem confiar.
A governação tem de ser entregue a pessoas de bem.  


Ora, esta é a ideia geral que perpassa um pouco por todo o lado.

Há um "senão":

Como ainda não sabe ao certo no que é que isto vai dar, as personalidades mais influentes junto da opinião pública ficam-se por aqui, mais coisa menos coisa.
Isto, quando, toda a gente que avança com este discurso está farta de saber que José Sócrates, por muito lutador que seja, já não tem mais "capital" para um próximo Governo de legislatura, e que Pedro Passos Coelho, por muito fresco que esteja, não tem "arcaboiço" para chegar a mais do que aquilo a que já chegou.

É esta a hora de dizer o que tem de ser dito:
Procura-se Primeiro-Ministro.

O resto, é conversa.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

La Piovra


Dito e feito.
Num dia, o "cartel" da banca portuguesa reune e diz, acabou-se o financiamento ao Estado. Na tarde do dia seguinte, logo o Primeiro-Ministro vem à televisão comunicar ao País que estamos condenados a pedir ajuda externa, sob pena de Portugal entrar em ruptura financeira.

Entretanto, cá dentro, as eleições prometem animar a malta.
Sucedem-se apelos para que a campanha decorra pela positiva, com moderação, tino e sem nada de "espingardar"...

Ora aí está... uma excelente ocasião para convocarmos ao sereno debate a questão do financiamento partidário, que mina e corrompe a própria Democracia.

Era bom que os maiores "sponsors" dos partidos passassem, também aqui, a ser mais criteriosos.
Tal como deverá constituir elementar dever que os eleitores, contribuintes, (devedores aos bancos), sejam informados sobre quem financia quem, sobretudo agora, nestes tempos de especial rigor e austeridade.

Chovem queixas contra a classe política.
Medíocre, dizem uns, lacaios, sussurram outros.
Pois... mas quem é que tira, põe e dispõe, quando abre ou fecha a torneira do financiamento necessário a este ou àquele partido, ao candidato X ou Y
E a troco de quê? Filantropia? Há, ou não, promiscuidade entre a banca e a classe política, e através desta, com o Estado?

Sejam quais forem as respostas, e porque nem tudo é lícito e nem tudo é lixo, sempre se diga que:
Portugal é dos patriotas, não é dos agiotas!