sexta-feira, 26 de outubro de 2012

All aboard!


 
Está visto.
Pedro Passos Coelho não remodela.
 
O que se pode inferir da anunciada mini-remodelação é que o Primeiro-Ministro decidiu que não vale a pena remodelar o Governo.

Fica Gaspar, ficam os Ministérios da Economia e da Agricultura tal qual como estão, fica Relvas, ficam todos...
 
De certo modo, percebe-se.
Ao ponto a que chegou a governação da Coligação, qualquer que fosse a remodelação, seria um paliativo com poucas horas de efeito, caso não precipitasse mesmo o fim. Para assim não suceder era preciso que o PM se tivesse antecipado à rua e decidido mexer no Governo, entre a declaração da TSU e o 15 de Setembro. Agora é demasiado tarde.
 
No fim de contas, o PM faz bem.
Pois se o Governo acredita na virtude da Proposta de OE/20013 apresentada e só o Governo acredita ser possível cumprir os objectivos traçados para a consolidação orçamental e diminuição do déficit, que razão haveria para remodelar? 
 
Passos Coelho demonstra que não é um «rato» nem permite «ratos» a bordo do seu navio.
Já se percebeu que será o último a abandonar a embarcação... mas quer manter consigo os Ministros solidariamente «amarrados» ao destino do Chefe do Executivo.
 
Por portas travessas ou não, para o interesse nacional, acaba por não ser mal pensado...

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Cada tiro cada melro


As piadinhas de Vítor Gaspar não só começam a não ter piada nenhuma, como revelam tiques um tanto arrogantes. Não há pachorra para os seus «exercícios», Senhor Ministro!
 
 
Mota Soares, desta vez em declarações sobre o recuo no corte aos subsídios de desemprego, seria de gargalhada se o assunto não fosse sério. Uma anedota!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Serviço Cívico Obrigatório


A edição do «Público» de hoje tem uma chamada de capa para a pág. 12,  sobre o flagelo social da denominada «Geração nem nem».
 
Avança o jornal que "Em 2011, Portugal somava 260.392 jovens que não trabalhavam nem estudavam, nem estavam a receber formação. O país perde 2,7 mil milhões".
 
Há muito que defendemos que ao fim do Serviço Militar Obrigatório deveria ter sucedido o Serviço Cívico Obrigatório, onde cada jovem, durante certo um período de tempo, em função das suas capacidades, aptidões ou formação, deveria dar o seu préstimo ao País. Não só para reforço do sentido de comunidade, como também para integração sócio-laboral, e ainda como forma de se promover uma melhor interligação geracional.
 
No fundo, tratar-se-ia de um «estágio de cidadania no terreno».
 
Ao Estado e entidades associadas competiria adoptar os planos e dotar os jovens dos recursos necessários, em tarefas tão vastas como a limpeza de praias e florestas, acção social, missões humanitárias, campanhas de prevenção de drogas e toxicodependências, desporto, etc.
 
É certo que isso implicaria alguns custos para os cofres públicos.
 
Mas o retorno desta «New Deal» seria incomensuravelmente maior, não apenas pelo trabalho desenvolvido, como também pelo incentivo a uma geração que está plena de força de viver e não encontra sentido ou motivação nos melhores anos das suas vidas, sobretudo num tempo em que a palavra futuro nunca esteve tão esvaziada, causando tanto desalento e ansiedade.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Vasco Cordeiro, um salto geracional

 
Vasco Cordeiro tem bons motivos para sorrir
 
Está de parabéns pela retumbante vitória alcançada pelo PS/A nas Legislativas Regionais deste Domingo, em que os açorianos não só quiseram que o «eleito» de Carlos César fosse o novo Presidente do Governo, como ainda reforçaram a maioria absoluta do Partido Socialista no Parlamento Regional.
 
Carlos César também tem bons motivos para sorrir
 
Ao fim de 16 anos, fechado o ciclo da sua governação, consegue que a mudança se faça dentro das suas hostes, por via da aposta num salto geracional, num dos seus melhores jovens quadros, aquele que lhe mereceu um testemunho de confiança e todo o incentivo para dirigir os Açores.
 
Berta Cabral tem bons motivos para reflectir
 
É certo que a conjuntura nacional não ajudou e as medidas do Governo Central terão prejudicado uma certa dinâmica de mudança. Mas algo vai mal quando o PSD/A nem tampouco consegue evitar a maioria absoluta do PS. Para mais quando o nome da Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada era há muito apontado, dentro e fora do PSD/A, como o da «candidata vencedora», capaz de «destronar» os socialistas, por contraposição aos seus predecessores, Vítor Cruz (2004) e Costa Neves (2008).
 
Berta Cabral, que chamou a si a responsabilidade pelos resultados, juntamente com Passos Coelho, que também reconheceu a sua quota-parte, não podem ser transformados nos «bodes expiatórios» do triunfo dos socialistas açorianos.
 
Um dos maiores problemas do PSD/A remonta aos finais da década de 1980 e haveria de desembocar na perda das eleições de 1996. Mota Amaral, o «pai da Autonomia», que juntamente com muitos outros, criou o PPD/A em 1976, revelou-se um desastre na transição que se impunha, e o Partido nunca mais recuperou do «trauma do pós Mota-Amaralismo». Com efeito, de então para cá o PSD/A foi-se fechando cada vez mais e foi continuando a pensar com os mesmos tiques... 
 
Basta ver que enquanto que Vasco Cordeiro, de 39 anos, nasceu para a política em 1996, uma grande parte do actual «directório» do PSD/A já exercia funções há mais de 16 anos... a começar pelo próprio Mota Amaral, que é ininterruptamente deputado eleito para o Parlamento Nacional desde 1969. E que dizer de Costa Neves, Joaquim Ponte, Humberto Melo, José Manuel Bolieiro, Joaquim Machado, Cláudio Lopes ou Duarte Freitas, por exemplo, e com ressalva de respeito a todos devida?
 
Quem, depois destes e outros, é a nova geração do PSD/A?  
 
O «caso do Corvo» é sintomático:
Naquela ilha o PSD/A em 2008, pela primeira vez em toda a sua história, não conseguiu eleger um deputado. Em 2012 já nem listas próprias conseguiu apresentar... 
 
Artur Lima tem bons motivos para reflectir 
 
A estratégia sonsa de estar «com um pé no barco e outro no cais» penalizou o CDS/PP.
 
Na verdade, não escapou aos eleitores que Artur Lima, convencido de que o seu Grupo Parlamentar seria decisivo para formar maioria no Parlamento regional, o que queria, a todo o custo, era integrar o Goverrno, fosse qual fosse o parceiro. Não foi por acaso que veio falar nos últimos dias em «contribuir para o valor da estabilidade governativa».
 
As contas sairam-lhe furadas:
 O CSD/PP-A passa de 5 para 3 deputados, sendo significativo que tenha perdido o deputado eleito pelo maior círculo eleitoral, o da Ilha de São Miguel.
 
Pode falar-se em bipolarização e que isso prejudicou o CDS/PP-A. Mas se formos ver, uma grande parte dos votos deste Partido foram parar direitinhos ao PS/A. O que significa que, como o líder dos populares dos Açores já estava «rendido» antes do acto eleitoral, os açorianos não terão apreciado tamanhas facilidades.
 
Paulo Portas tem assim nos resultados eleitorais dos Açores um óptimo sinal de como por vezes «passar entre os pingos da chuva» também molha.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A pergunta que se impõe


"Estou muito impressionado com o que o Governo português está a fazer, com o que o povo português está a fazer", afirmou Jean-Claude Juncker, em conferência de imprensa, no final da reunião do Eurogrupo (ministros das Finanças da zona euro), que decorreu no Luxemburgo.
O presidente do Eurogrupo disse ainda que o programa de ajustamento português está no "bom caminho" e voltou a mostrar-se confiante no regresso de Portugal aos mercados no próximo ano.
Os ministros das Finanças da zona euro aprovaram hoje o desembolso da próxima tranche da ajuda a Portugal, assim como a extensão, por um ano, do prazo para correção do défice.
Fonte: Lusa, 09 Out. 2012
 
A pergunta que se impõe é esta:
 
Supondo que tudo corre como diz o Senhor Juncker, que o Povo aguenta até lá e que o nosso País volta mercados em 2013 (o Ministro das Finanças aponta para Setembro), como é que Portugal vai estar daqui a um ano? Como é que os portugueses vão viver a partir daí?
 
Ou seja:
 
A «dose» que está a ser aplicada visa simplesmente que Portugal deixe de ser assistido financeiramente ao abrigo do Memorando de Entendimento celebrado com a Troika, para passar a financiar-se por outras vias e pagar juros a outros credores, continuando, assim, a dívida a consumir o produto? Ou vamos ser mais competitivos, vamos aumentar a produtividade, vamos gerar mais riqueza, vamos criar mais emprego e vamos ainda encontrar forma de solver os empréstimos e os juros da dívida junto «dos mercados»?
 
Qual é, afinal, o objectivo?
Voltarmos aos mercados, simplesmente?
Voltarmos com a nossa economia em condições de ir ao mercado?

São coisas diferentes e essa diferença é um abismo.
 
A isto, o Presidente do Eurogrupo diz nada. 
O Presidente da Comissão Europeia, diz praticamente o mesmo que o Senhor Juncker. 
O Ministro das Finanças, diz que «o Povo português é o melhor do mundo». 
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, diz que «não mas que sim». 
O líder do maior partido da oposição, diz que há outro caminho mas que não contem com ele «para integrar o Governo». 
O Presidente da República, diz que é preciso «equidade na distribuição dos sacrifícios»...
 
A Troika já deu o que tinha a dar, o Governo já daqui não passa, e a oposição a mais não chega. 

É esta a razão da desesperança dos portugueses e niguém consegue dizer ao Povo quando e como é que todo este esforço terá recompensa.
 
No dia em que alguém se levantar para dizer convincentemente que «vamos ter de passar por um aperto grande durante um certo período mas Portugal depois vai levantar-se do chão e saberá o que quer e para onde ir» estará criado o estímulo que falta para mobilizar a comunidade nacional.
 
Numa palavra, o que falta é coragem para romper e afirmar, seja perante quem fôr, que somos donos do nosso destino e que Portugal tem futuro.             

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Margarida Marante


É costume dizer-se que as pessoas morrem do modo como vivem.
 
Margarida Marante, densa e intensa, atraiçoada precocemente pelo coração na Sexta-feira passada, foi este Domingo a enterrar, entre públicos e plúrimos elogios ao seu enorme talento, que desde muito cedo conquistou respeito e admiração geral.
 
Mas Margarida Marante foi mais longe que isso, e tornou-se numa das figuras mais autorizadas do Portugal democrático, ainda antes do aparecimento dos canais privados de televisão. 
 
Ao contrário de muitos, assumindo a sua matriz ideológica e as personalidades políticas que a entusiasmaram, nem assim algum dia houve quem pudesse acusá-la de não cumprir a sua missão de serviço público à frente das câmaras da RTP.
 
Para o momento da partida da jornalista, o destino reservou as suas ironias:
 
Num fim-de-semana em que a III República, em estertor, apareceu virada do avesso, por um lado, e em que a SIC, por outro, comemorou 20 anos de «revolução na informação» - pelejando agora contra a privatização da RTP - o desaparecimento de Margarida Marante logo havia de coincidir com estas duas datas, sinais de fim de ciclo. 
 
Não há-de ser por acaso que na sua última despedida, Margarida Marante tenha conseguido juntar tantos protagonistas dos media e da política, a que se juntaram muitos anónimos, ou não fosse também ela querida dos portugueses.  
 
Associamo-nos aos votos de pesar expressos pelo País, e num tempo em que os cidadãos parecem irremediavelmente dissociados da causa pública agradecemos ainda a Margarida Marante por ter prendido desde cedo a nossa atenção, ajudando-nos a pensar, e a intervir também. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Moção de Censura


Daquilo que ouvimos, excelente intervenção de Francisco Assis.
Vítor Gaspar, simplesmente ridículo.