domingo, 3 de maio de 2015

Preferencialmente, apesar dos partidos

Na semana em que apresentou a sua candidatura às presidenciais, Sampaio da Nóvoa deu uma bela entrevista a Ana Lourenço. Foi claro quanto à sua ideia para o País e demonstrou ter traçado a sua rota para Belém.
 
Quer por fim à desesperança, mobilizando os portugueses em torno da necessidade de inverter as medidas de austeridade. Quer puxar pela recuperação do tecido económico e dos sectores estratégicos nacionais. Quer um Portugal mais firme no quadro das assimetrias geográficas da União Europeia e, simultaneamente, uma comunidade nacional mais vocacionada para o Atlântico e para a Lusofonia.
 
Sobre o caminho para Belém, Sampaio da Nóvoa não dispensa o PS nem outros partidos. Não exclui apoios de mais ou menos ilustres, desta ou daquela geração. Não afasta António Costa, de quem, em princípio, está mais próximo. Mas também não se compromete com o establishment instalado.
 
Sampaio da Nóvoa sabe que a força da sua candidatura dependerá, sobretudo, da chama da resposta por parte de forças difusas da sociedade civil, cujo leque deixou de se compaginar com a tradicional arrumação ideológico-partidária das bases eleitorais de apoio.
 
Sampaio da Nóvoa surge, assim, aos portugueses, entre este Abril e Maio, como um cidadão de reconhecido mérito, que caminha por motivação própria, soberano da sua propensão pessoal, com agenda e calendário autónomos, a que se soma o factor novidade, por contraposição à notoriedade, que ainda não tem.
 
Será isto bastante para que este “socialista nacional moderado” alcance uma vitória eleitoral? A incógnita está no ar.
 
O que vemos é que a arrancada de Sampaio da Nóvoa veio dar mote ao tom, ao estilo e à natureza dos debates que as presidenciais convocam. Preferencialmente, apesar dos partidos. Sem prioridade a cálculos puídos. A bem da elevação substantiva de que o Estado tanto carece. Em nome de um novo rumo, para fundada esperança que os portugueses tanto anseiam.
 
Paralelamente às legislativas, portanto, as eleições presidenciais irão marcar o tempo em que Portugal não quer estar mais disposto a contemporizar mais com mais “evoluções nas continuidades”.