sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A outra coligação

Não tenho tido tempo para seguir a campanha a par e passo. Mas há coisas que sabemos sem ouvirmos ou lermos. Pressente-se. Intui-se.

Caso a PAF não ganhe com maioria absoluta, está na forja uma coligação pós-eleitoral, de governo e/ou de incidência parlamentar, do PS com o BE e/ou a CDU.

O Presidente da República não quererá repetir a "solução" de 2009, dando posse a um Governo minoritário. A não ser que o seu último acto seja lavar as mãos, como Pilatos.

Será esta a "explicação" para o anunciado "chumbo ao Orçamento" da parte de Costa. Será também esta a "explicação" para que os indecisos sejam moderados e votem na PAF.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Sondagens insondáveis

Todos os dias há sondagens. Todos os dias há uma que faz notícia e marca a agenda. Todos os dias a PAF aparece em crescendo. Tenho alguma dificuldade em perceber certos aspectos destas sondagens.

Também tenho alguma dificuldade em perceber por que razão o PS não põe "cá fora" as sondagens diferentes que terá, eventualmente. Acho tudo isto estranho.

Só não acho estranho que seja a faixa central do eleitorado, aqueles que ainda não sabem em quem vão votar, a decidir o resultado das eleições.

Agora, que os indicadores estão a dar força à Coligação e que essa energia positiva está a reflectir-se na imagem que passa da campanha, disso não sobram grandes dúvidas.
 
P.S.
A propósito de sondagens, aproveito para recomendar o livro do Diogo Agostinho e do Alexandre Guerra, lançado recentemente, onde se faz uma abordagem muito interessante sobre o modo como as sondagens são feitas, com óptimos subsídios para uma reflexão séria sobre esta matéria.

domingo, 20 de setembro de 2015

E agora?

Este ano, em nove meses, Alexis Tsipras venceu duas eleições e um referendo. Será a vontade soberana dos gregos expressa nas urnas "um conto para crianças"?

sábado, 19 de setembro de 2015

Sobre o acolhimento aos refugiados


Todos se lembrarão do terramoto que em Janeiro de 2010 arrasou o Haiti. O mundo comoveu-se e a comunidade internacional promoveu uma onda gigante de solidariedade. De lá para cá, neste tempo de aceleradíssimas mutações, acompanhadas pela sociedade da informação, sucederam-se muitos outros focos graves. Entretanto, o Haiti saiu da agenda noticiosa, e hoje pouco sabemos do que lá se passa.

Mais re...centemente e mais perto de nós, em Julho de 2013, o Papa Francisco, na sua primeira viagem apostólica, visitou a ilha italiana de Lampedusa. Ali chorou os mortos do Mediterrâneo e apelou à coragem do acolhimento europeu a um êxodo do Médio Oriente e Norte de África de grandes proporções. Pediu um “despertar de consciências” e o combate à “globalização da indiferença”.

E aqui chegámos… à Europa das respostas que tardam em chegar, das vozes tímidas, dos muros, do “apartheid”, e da denegação dos nossos valores civilizacionais, que a todos cobre de vergonha e de medo.

Pelo lado do povo português, é um alento e sinal de esperança ver o modo como a comunidade nacional, através de diversas organizações da sociedade civil, se tem mobilizado e feito eco de uma alargada congregação de vontades para o acolhimento aos refugiados. Muito significativas, note-se, têm sido as mensagens dos autarcas do interior do País, cujos municípios mirram por falta de gente, para mais quando andámos 40 anos a dotar vilas e freguesias com infraestruturas e acessibilidades que ninguém usa e onde ninguém vai.

Impõe-se, pois, que a vontade manifestada por muitos não seja tão instantânea como “um clique” nas redes sociais. Importa também que o acolhimento seja planeado, de modo a que se evitem guetos na recepção dos que chegam, sobretudo em Lisboa e áreas limítrofes. Que não se dê lugar a que o voluntarismo inicial sucumba perante as dificuldades subsequentes que uma operação desta natureza sempre acarreta. Por fim, quem estiver à frente das iniciativas programadas que se concentre em cumprir a missão que lhe estiver atribuída, evitando “selfies” com a desgraça alheia.

Voltando ao Haiti, partilho abaixo as linhas de uma iniciativa que propus, conjuntamente com outros, a qual, todavia, naquela altura não foi possível levar por diante:

Exposição de Motivos

Considerando que:

1. Portugal, interpretando com fidelidade os sentimentos de consternação e pesar que ecoaram em todo o País, veio expressar institucionalmente a sua solidariedade ao Povo do Haiti pela tragédia que ali aconteceu a 12 de Janeiro, acompanhando ainda as mensagens endereçadas pela União Europeia e Organizações Internacionais que integra;

2. Todos os meios operacionais e os recursos humanos ao alcance do Estado e diversas ONG´s, para acudir no local, já foram accionados ou estão a ser preparados;

3. Perante o horror dos haitianos, muitos são os cidadãos e entidades que, não obstante quererem contribuir, sentem-se impotentes para dar a sua ajuda material, tal é a distância que os separa e as dificuldades de encaminhamento, ou a incapacidade para contribuir financeiramente;

4. As consequências da devastação e da fatalidade que se abateu sobre o Haiti, embora sejam ainda imprevisíveis em toda a sua extensão, permitem antever, todavia, um longo e penoso caminho de reanimação, que passará, inevitavelmente, por um êxodo em massa;

5. Será imperativo que os mais elevados princípios e valores humanos, que presidem a actuação da Comunidade Internacional - plasmados na Carta das Nações Unidas, que Portugal sufraga – sejam esforçadamente aplicados, de raiz, para que a ideia de Bem Comum possa ser fecunda e, assim, resgatar esperança e futuro aos sobreviventes do caos e da destruição.

Considerando ainda que:

6. Portugal e o Haiti estão laçados pelo legado de históricas relações transatlânticas, pontes inquebrantáveis entre o Velho e o Novo Mundo;

7. As populações do Haiti têm uma matriz cultural latina, de natureza similar à que os portugueses fundaram noutros pontos das Américas;

8. A realidade insular haitiana e a vida sob condição à determinante telúrica, por outro lado, apresentam algumas realidades que não nos são estranhas, em especial no caso das Ilhas dos Açores;

9. Aqui, ao longo dos mesmos cinco séculos de história, sensivelmente, é conhecida de memória a relação pendular, entre a terra de lava e os seus horizontes, entre ficar e abalar;

10. Já na segunda metade do Século XX, milhares de açorianos, sujeitos da tragédia e condenados à miséria, tiveram de partir, nomeadamente após a erupção do Vulcão dos Capelinhos, na Ilha do Faial, em 1957;

11. Pese embora noutro contexto, o certo é que, nessa altura, como é sabido, os EUA e o Canadá, designadamente, franquearam as suas portas, para que os sinistrados pudessem procurar e começar de novo, com luz à vista e possibilidade de alcançar condições de vida condignas;

12. Hoje, volvidos pouco mais de cinquenta anos, várias Ilhas que foram de embarque, entretanto, deram um salto qualitativo a todos os níveis, cuja sustentação, agora, em boa medida, depende dos incentivos vários para contrariar a sua desertificação, muito preocupante em certas localidades, diga-se;

13. Os açorianos são, reconhecidamente, um povo acolhedor e fraterno, na exacta medida em que conhecem a travessia do Atlântico, como nenhum outro em Portugal, e sentem, também sem paralelo, através do saber de experiência sofrida, a dor daqueles que necessitam de pão, casa, agasalho, e uma oportunidade para ver justamente compensado o mérito do seu trabalho:

Apelamos a Vossas Excelências que:

No uso dos mais elevados poderes que vos estão confiados, diligenciem junto da União Europeia e da Comunidade Internacional, por forma a serem desencadeados os mecanismos conducentes à prossecução das iniciativas da sociedade civil portuguesa em geral, começando pela açoriana, em particular, que em várias Ilhas, voluntária e graciosamente, está disponível para acolher desalojados do Haiti, na proporção dos seus recursos e à escala das suas possibilidades, salvaguardando-se consonância com os considerandos invocados.

Penhora-se este Apelo, sob forma de Petição, ao serviço do Bem Comum e da matriz humanista de Portugal, sem embargo deste Movimento poder ser alargado a outros que queiram vir associar-se à causa proposta.

Ilha das Flores, 23 de Janeiro de 2010

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O cálculo do risco

Acho que as eleições vão decidir-se assim:
- Se os portugueses acharem que o PS vai pôr tudo a perder e que a mudança não vale o risco, a Coligação vence;
- Se os portugueses acharem que a Coligação já deu o que tinha a dar e que não há perigo na mudança, o PS vence.

É o "cálculo do risco", sobretudo dos indecisos e dos abstencionistas, que vai ditar o resultado.

Se houvesse lógica na "psicologia colectiva", seria o PS a ter mais chances de crescer na recta final. Quem não arrisca decide mais cedo. Aqueles que apostam fazem-no mais tarde, na última hora. Resta saber se o PS terá fôlego para isso.

É que Passos Coelho não perdeu o fôlego, como ainda hoje se viu, na "2ª mão", conseguindo empatar a "eliminatória".

Houve um aspecto interessante neste último debate:
Tanto Passos como Costa foram mais iguais a si próprios. Revelando-se mais, mais contribuíram para a destrinça entre os dois caminhos, apesar de não se perceber bem para onde querem levar o País.

Ou melhor - Passos quer ficar onde está. Costa quer dar um passo.  Parece aquela brincadeira de antigamente, do "minha mãe dá licença".  É pouco para o tanto que Portugal precisa.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A nata de uma geração

Com Ana Lourenço, estiveram no Jornal da Noite da SIC/N José Miguel Júdice, José Luís Arnaut e José Magalhães. Em causa, a análise ao debate de ontem. Não é o debate que interessa agora. Importa notarmos na agudeza, no calibre e na clarividência dos comentadores, para lá das posições de cada qual. Com o devido respeito, enquanto que José Luís Arnaut e José Magalhães têm de fazer um certo esforço para dizerem o que é expectável que digam, Júdice chega ali e diz o que quer, como quem bebe um copo de água. Verdade seja dita: o “Grupo da Nova Esperança” (Marcelo, Santana, Durão e Júdice) foi “a nata” da política que dá gosto. Ontem, qualquer um deles teria ganho o debate, tanto a Passos como a Costa.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O debate

António Costa ganhou o debate. Resta saber se a vantagem desta noite chega para o PS ganhar as eleições. É que a margem foi tangencial, num frente-a-frente excessivamente virado para o passado e demasiado longe dos problemas reais das pessoas.

domingo, 6 de setembro de 2015

Salvo melhor opinião

Tratando-se de arguido cuja notoriedade pública atrai todos os olhares, o juiz de instrução criminal, (de per si ou a requerimento), ao fixar a medida de coação, de obrigação de permanência na residência, deve ou não deve determinar aos agentes das forças de segurança que fixem um "perímetro ao redor da casa", que evite que direitos fundamentais, como o direito à reserva da intimidade da vida privada, sejam ostensiva e publicamente violados?

É claro que me refiro ao caso mais mediático da actualidade nacional.

O facto do arguido estar em "prisão domiciliária" implica que não lhe seja assegurado que não fica exposto a todo o tipo de devassa, amplamente difundida pelos media, como as refeições que encomenda, os presentes que recebe, os familiares e amigos que o visitam, etc. ?


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O Islão e o Ocidente

Uma leitura indispensável, para quem procure um conhecimento mais rigoroso sobre o "convívio" entre o Islão e o Ocidente. Oferece uma análise lúcida e os fundamentos para uma melhor compreensão daquilo com que nos confrontamos.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Refugiados

Dar é receber.
Estou convicto que no nosso País, especialmente nos municípios do interior, poderão dar-se bons exemplos de solidariedade humana, coesão social e fomento do empreendedorismo local.