"Estou muito impressionado com o que o Governo português está a fazer, com o que o povo português está a fazer", afirmou Jean-Claude Juncker, em conferência de imprensa, no final da reunião do Eurogrupo (ministros das Finanças da zona euro), que decorreu no Luxemburgo.
O presidente do Eurogrupo disse ainda que o programa de ajustamento português está no "bom caminho" e voltou a mostrar-se confiante no regresso de Portugal aos mercados no próximo ano.
Os ministros das Finanças da zona euro aprovaram hoje o desembolso da próxima tranche da ajuda a Portugal, assim como a extensão, por um ano, do prazo para correção do défice.
Fonte: Lusa, 09 Out. 2012
A pergunta que se impõe é esta:
Supondo que tudo corre como diz o Senhor Juncker, que o Povo aguenta até lá e que o nosso País volta mercados em 2013 (o Ministro das Finanças aponta para Setembro), como é que Portugal vai estar daqui a um ano? Como é que os portugueses vão viver a partir daí?
Ou seja:
A «dose» que está a ser aplicada visa simplesmente que Portugal deixe de ser assistido financeiramente ao abrigo do Memorando de Entendimento celebrado com a Troika, para passar a financiar-se por outras vias e pagar juros a outros credores, continuando, assim, a dívida a consumir o produto? Ou vamos ser mais competitivos, vamos aumentar a produtividade, vamos gerar mais riqueza, vamos criar mais emprego e vamos ainda encontrar forma de solver os empréstimos e os juros da dívida junto «dos mercados»?
Qual é, afinal, o objectivo?
Voltarmos aos mercados, simplesmente?
Voltarmos com a nossa economia em condições de ir ao mercado?
São coisas diferentes e essa diferença é um abismo.
Voltarmos com a nossa economia em condições de ir ao mercado?
São coisas diferentes e essa diferença é um abismo.
A isto, o Presidente do Eurogrupo diz nada.
O Presidente da Comissão Europeia, diz praticamente o mesmo que o Senhor Juncker.
O Ministro das Finanças, diz que «o Povo português é o melhor do mundo».
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, diz que «não mas que sim».
O líder do maior partido da oposição, diz que há outro caminho mas que não contem com ele «para integrar o Governo».
O Presidente da República, diz que é preciso «equidade na distribuição dos sacrifícios»...
A Troika já deu o que tinha a dar, o Governo já daqui não passa, e a oposição a mais não chega.
É esta a razão da desesperança dos portugueses e niguém consegue dizer ao Povo quando e como é que todo este esforço terá recompensa.
No dia em que alguém se levantar para dizer convincentemente que «vamos ter de passar por um aperto grande durante um certo período mas Portugal depois vai levantar-se do chão e saberá o que quer e para onde ir» estará criado o estímulo que falta para mobilizar a comunidade nacional.
Numa palavra, o que falta é coragem para romper e afirmar, seja perante quem fôr, que somos donos do nosso destino e que Portugal tem futuro.