quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Portugal a galope


 
Um infeliz Secretário de Estado diz não conseguir «evidenciar» se quando trabalhava no Citigroup esteve reunido em São Bento com assessores do anterior Primeiro-Ministro para vender swaps. Mentiu que até fez impressão.

 
Um desajeitado Secretário de Estado não sei do quê, qual Intendente Pina Manique (parece que agora há uma “unidade especial de investigação” dentro do Governo) vem dizer, a propósito, que existem demasiadas «inconsistências» entre as versões do seu par e da comunicação social e que até ao fim do dia tudo seria tirado a limpo.

 
Em cima das 24:00H, um patético comunicado do Gabinete da Ministra das Finanças proclama que alguém forjara o organograma do Citigroup em circulação, como se a questão fosse de mais boneco menos boneco, tentando, num esforço pré-escolar, limpar o governante do mapa do banco que vendia swaps ao Estado, a ver se assim também limpava as tais evidências.  

 
Num brilhante ensaio sobre «a arte de governar», um Secretário-Geral de um dos partidos da Coligação veio acudir o retardado demissionário Secretário de Estado, com um comunicado que fica no anedotário político nacional.

Depois, em entrevista televisiva, apresenta a sua «moral da história». Que tudo o que não é ilegal é lícito. Ou seja, que se um governante mente, como não é ilegal que minta, nada há a apontar-lhe politicamente. Ficamos esclarecidos sobre a ética deste servo da causa pública. A Republicana ou qualquer outra. Isso não interessa nada. Importante é apurar quem passou a informação aos media. A isto talvez deva chamar-se «liberalismo científico».

 
Entretanto, o Chefe do Executivo está a banhos, não abrindo a boca, e o Vice-Primeiro-Ministro permanece calado que nem um rato, não sem que algum dos seus correligionários trate da ocorrência. Da Ministra das Finanças, nem se fala, como é fácil de perceber.

 
A República Portuguesa há muito que descolou dos denominados PIGS. Este Verão galopa, veloz, a caminho de uma República das Bananas perdida algures no imaginário de uma América Latina… onde hoje em dia as pessoas revoltam-se e até protestam na rua.