Sempre defendi que para bem servir a causa pública, administradores e responsáveis pela tutela devem visitar regularmente os serviços. Em muitos casos, chego a achar que as visitas não devem ser anunciadas. Importa que os funcionários e os utentes saibam que podem, a qualquer momento, deparar-se com o responsável máximo e falar-lhe, naturalmente, sem nenhum aparato em redor.
Por causa de um familiar próximo, nos últimos dias, tenho ido aos Hospitais da Universidade de Coimbra. Vou registando o que vejo, particularmente na unidade de transplantes renais.
Dando à medicina o que é da medicina, no que toca à qualidade da gestão, eficácia do serviço e atenção ao utente, os HUC, pelo menos nesta unidade, parecem andar em autogestão. O doente, desde que não esteja a morrer, está para ali, "atirado", sem que alguém faça caso.
Os médicos estão agrupados em equipas, coordenadas, geralmente, por Professores, cujas "alturas" delegam em colegas mais novos a prática dos actos, os quais, por sua vez, não estão habilitados a decidir "um caracol".
Como é que pode entender-se que alguém a quem é diagnosticada maleita de origem desconhecida, esteja internado durante uma semana, ocupando, uma cama de um hospital sobrelotado, para não fazer mais que 3 ecografias?
Curioso é notar a paciência dos doentes. Ainda há muito aquela mentalidade de nada dizer, para não aborrecer os "doutores".
Nada lhes peço que seja favor. Usarei o direito/dever que é interpelar a administração, a qual, outra coisa não poderá fazer que não seja apreciar o gesto, pela cooperação com a finalidade a que o serviço dos HUC se destina. Tudo resto é fado.