Há anos, ao ver na TV a dentadura de Saddam Hussein ser exibida ao mundo, como se de um troféu de caça se tratasse, liguei a alguns colegas advogados, interpelando para o dever da OA tomar a iniciativa de um voto de protesto, que poderia servir de mote, depois, para que outras instituições o também o fizessem. A resposta foi que havia assuntos mais urgentes a tratar que uma questão dessas, em nada útil e em tudo simbólica.
Depois disso, temos visto, dentro do nosso ordenamento jurídico, várias acções não condizentes com a dignidade da pessoa humana, valor primeiro do nosso Estado de Direito Democrático.
Conclusão:
Os últimos tempos têm sido de sobreposição do útil ao essencial que, por sê-lo, torna-se "simbólico". Como se os valores adquiridos não fossem passíveis de regressão e os actos simbólicos fossem mero rito da cortesia, sem conteúdo.
Transpondo isto da esfera do poder judicial para os demais órgãos de soberania, compete aos cidadãos não continuarem a permitir que os titulares de cargos políticos, a esse ou outros níveis, não tenham a mais pálida ideia da destrinça entre valores civilizacionais e interesses do Estado ou, mais grave e mais frequente, entre valores soberanos, do cerne da natureza do regime, e interesses partidários ou espertezas saloias.