Na abertura do XXVI Congresso do PSD, realizado nos dias 12,13 e 14 de Novembro de 2004, em Barcelos, o então Presidente do Partido Social-Democrata, sentindo dever saber interpretar com fidelidade "o pulso das bases", lançou o nome de Cavaco Silva para as eleições presidenciais que se realizariam dentro de pouco mais de um ano, em Janeiro de 2006.
Na altura, se bem me lembro (estava lá), os jornalistas foram a correr atrás da reacção do Professor Cavaco, que se encontrava em Madrid, tendo então colhido a resposta, tão lacónica quanto elucidativa, que a política em Portugal estava muito pouco estimulante...
Daí para a frente, entre solavancos e "casos", a história é bem conhecida: dias depois, o Presidente Sampaio dissolveu a Assembleia, foram convocadas eleições legislativas antecipadas para Fevereiro, o PS alcançou a sua primeira maioria absoluta, José Sócrates tomou posse do XVII Governo em Março e, nesse mesmo mês, Cavaco Silva, de férias no Brasil (por coincidência vimo-lo por lá, numa praia da Bahia) dá uma entrevista exclusiva à «Visão», naquele que foi um sinal claro da sua predisposição para se candidatar, o que veio confirmar-se depois do Verão desse ano, chegando a Belém, na 1ª volta, a 22 de Janeiro de 2006.
Adiante:
Este Sábado, 08 de Janeiro, o «Expresso» faz manchete com a foto acima reproduzida e ontem o cidadão José Manuel Coelho, candidato presidencial no próximo dia 23, preterido que fora dos debates televisivos, teve o seu prime time na entrevista conduzida por Judite de Sousa, no Canal 1, onde teve oportunidade de explicar as razões da sua "cruzada", onde, pelo menos até o dia das eleições é par de todos os que serão submetidos ao sufrágio, sem excepção.
Simultaneamente, a pré-campanha está tomada pela "novela do BPN" mas os portugueses estão "nem aí", e Portugal "está muito perto de recorrer ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira", titula o jornal espanhol «El Mundo». Enfim... esta última deve ser uma nota "de somenos", a avaliar por quão estimulante está a política portuguesa, quase em plena campanha para a eleição da primeira figura do Estado.
É a Lei de Gresham! Só pode.
É a Lei de Gresham! Só pode.