Em Outubro próximo realizam-se eleições legislativas regionais nos Açores.
A autonomia regional teve dois grandes ciclos: o primeiro, entre 1976 e 1996, com o PSD/A de Mota Amaral, que conquistou quatro maiorias absolutas sucessivas. Foram 20 anos. Depois veio o segundo ciclo, entre 1996 e 2012, com o PS/A de Carlos César, que alcançou uma maioria relativa no parlamento regional em 1996, seguida de três maiorias absolutas consecutivas, em 2000, 2004 e 2008. Completam-se 16 anos este Outono.
Este ano, Carlos César não é mais candidato, por imposição legal e vontade própria. Tal como Mota Amaral não fora em 96, por vontade própria e desgaste político.
Com excepções aqui e ali, tanto um como outro dos dois maiores partidos estão hoje em dia bastante pior do que estavam quando obtiveram as suas primeiras vitórias. É residual a faixa da população «convicta» desta ou daquela força partidária. A esmagadora maioria da população vai às urnas, não para depositar confiança em políticos de desconfiar, mas para manter «benesses» ou «castigar» quem «deixa de dar» o tanto que prometeu, isto, também, numa «lógica» «balcanizada», pois cada uma das nove ilhas é «um mundo à parte», e corresponde a um círculo eleitoral.
Ao contrário de outros anos, em que «a dúvida» era saber se o partido no poder tornaria a ganhar por maioria absoluta, desta vez o povo está «demasiado calado». Porém, o que vai sendo dito «em segredo» é que «não se sabe quem vai ganhar», ou até que «a coisa pode virar». Lembra um pouco aqueles dias em que faz bom tempo no arquipélago e os mais antigos, pelos sinais das nuvens e a cor do mar, logo advertem «vem aí mau tempo».
Ora, a cerca de quatro meses das eleições, só o facto de pairar «a dúvida» na Região anima o PSD/A e enerva o PS/A. E quanto mais este pressente o fôlego do outro mais «dá para a asneira».
O «normal» é o partido instalado no governo «controlar a máquina pública regional», assegurando «os caciques» e o maior número de votos. Tem sido esta a regra. Mas chega uma altura em que «os cães mordem a mão do dono». Como quem diz, «cães são vocês», que «somos nós que vos damos de comer».
Está, pois, tudo em aberto, numa peleja que se prevê triste.
Volvidos 36 anos, a Autonomia tornou-se um «prato de lentilhas».
É mais um «processo pendente», para a IV República tratar.
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