13.03.2013
Depois do «fumo branco», quando já passava um quarto das sete horas da tarde em Portugal, vimos aparecer na varanda da Basílica de São Pedro o cardeal francês Jean-Louis Tauran, que proferiu as palavras mais esperadas, Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam.
Prosseguindo, o protodiácono adianta Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum, Dominum Jorge Sanctæ Romanæ Ecclesiæ Cardinalem Bergoglio qui sibi nomen imposuit Franciscum.
Bergoglio!?
Trocaram-se olhares.
Instantes de alguma confusão, entre a alegria, irrepetível, e a dúvida, momentânea.
O argentino! O argentino...
O Arcebispo Emérito de Buenos Aires vinha vestido de branco.
O Mundo pôs os olhos naquele que logo ali haveria de lançar o mote para o seu pontificado, em imediata empatia com o Povo, com quem começou por gracejar e a quem logo pediu que rezasse por ele, num gesto simples e belo, da mais fecunda humildade.
O Mundo pôs os olhos naquele que logo ali haveria de lançar o mote para o seu pontificado, em imediata empatia com o Povo, com quem começou por gracejar e a quem logo pediu que rezasse por ele, num gesto simples e belo, da mais fecunda humildade.
Quem é o Papa Jorge Bergoglio, que adoptou o nome de Francisco?
Já tudo se sabe e ainda muito pouco se sabe.
Numa palavra, por aquilo que já vimos, o Papa Francisco não será um conservador, pelo que «abrirá» mais a Igreja aos novos tempos, mas também não será um radical, pelo que ninguém conte com «aventureirismos».
Será, antes de mais, um humanista-cristão, no sentido mais genuíno do termo, pelo que é de esperar um líder próximo dos fiéis, que refirmará a segurança do Credo, por um lado, e inaugurará um regresso à causa cristã, da justiça social, em toda a a linha, sem deixar de atender ainda à preservação da natureza e à defesa do «desenvolvimento sustentável».
Entre muitíssimas outras notas que podem ser atribuídas ao caminho alinhavado pelo novo Chefe da Igreja, não só esperamos, como acreditamos, que o novo pontificado será, definitivamente, o tempo da convocação dos católicos para uma intervenção social mais forte. Pela positiva, no testemunho. Pela crítica, na coragem.
Após a queda do Muro e o soçobrar do modelo de leste, o Mundo ficou desiquilibrado a favor de um neoliberalismo de consequências muito nefastas. Andamos todos à pocura de um «novo paradigma».
O Papa Francisco, cremos, pela sua palavra, pela sua acção e pela sua capacidade de mobilização, vai constitui-se num farol que apontará novos rumos ao Mundo, contrariando os ventos presentes.
Daí a inevitabilidade do papel do Sumo Pontífice na reestruturação da ordem mundial.
Para grande parte dos lusófonos, em especial os brasileiros, torcia-se pelo Bispo de São Paulo, Dom Paulo Ségio Machado... o Papa afinal acabou por vir da América do Sul, mas da Argentina. Seja como for, o certo é que a geografia também tem os seus desíginios...
Utilizando uma inagem, a partir de agora, Roma passa a estar mais perto de Porto Alegre.
Davos, agora, fica a uma distância-tempo mais longínqua.
Bom seria que os grandes do Mundo percebessem a dinâmica da Igreja na geopolítica, a começar pelo conservador e neoliberal Directório da União Europeia, ultrapassado e agora mais isolado.