A verdade é esta: o Governo tem sido muito sonso. Andam há meses a assobiar para o lado, como se não fosse nada com o Executivo. A única coisa que assumem em toda a parte é a coragem do "Não" a RS. Tudo o resto, a narrativa é "o regulador, o regulador, o regulador".
Ou seja, sabendo que "o menino vinha parar-lhes ao colo", primeiro endossaram tudo ao Banco de Portugal e ao novo Conselho de Administração do BES. Para agora poderem refugiar-se em argumentos de legalidade formal. Tanto assim é que, tanto da boca do PM e da Sra. Ministra "cargo de topo" ouviram-se, repetidamente, rasgadíssimos elogios ao Governador do BdP e ao novo CA, este, aliás, cuja escolha dos nomes foi-lhes totalmente alheia, pois... mais: o PM, ainda há poucas semanas, afiançava que o Estado não metia lá um chavo.
Aqui chegados, com o Banco falido, o Governo faz duas habilidades. A primeira, abrir a boca de espanto, com informação errónea veiculada pelo BdP e novo CA. E tanto Carlos Costa como Vítor Bento podem ir preparando o lombo, que estão à bica de passar de bestiais a bestas. A segunda, bastava ter olhos, faz lembrar a táctica de Durão Barroso, quando da II Guerra do Iraque. Portugal colabora mas não entra. Pois no BES, o Governo não só já entrou como está enterrado até ao pescoço. Esta gente julga que engana quem?