Após a malfadada declaração de Passos Coelho sobre a emigração dos professores, criou-se um chinfrim tal que já quase ninguém (excepção para Morais Sarmento na Renascença) diz coisa com coisa.
Desta vez a asneirada veio de onde menos se esperava: de que se havia de lembrar Paulo Rangel? A criação de «uma agência» destinada a promover o êxodo!
Se a ideia era minimizar os estragos, foi pior a emenda que o soneto. Enfim... quem faz declarações públicas nem sempre se sai bem. Nesta, o eurodeputado foi desastrado.
Óh meus Senhores! Vamos lá a ver se nos entendemos:
Não importa aqui escaranfunchar na raiz do problema, que teríamos de remontar ao «monstro» criado na ensino superior quando Cavaco Silva era Primeiro-Ministro.
- Há muito que é sabido que existem jovens quadros em Portugal cujas saídas profissionais o mercado não absorve;
- Há muito que estamos excessivamente focados na UE, quando um dos eixos estratégicos do País deveria assentar na nossa vocação atlântica e no espaço lusófono;
- Há muito que os altos interesses da nossa geopolítica passam por uma presença forte nos Países de Língua Portuguesa, designadamente através de uma cooperação em domínios, como saúde, educação, justiça, segurança, etc., em que nenhuma outra potência instalada nesses países pode igualar-nos;
- Há muito que, apesar da política portugesa para o mundo lusófono ser feita em cima do joelho, existem quadros portugueses a procurarem os nossos «países-irmãos» para viver, integrando-se nas diversas comunidades sócio-profissionais, partilhando a prosperidade resultande do encontro entre quem chega e quem recebe;
- Há muito que está «na cara» que é no quadro da cooperação institucional, via CPLP, que Portugal deve celebrar contratos-programa, protocolos, acordos - o nome é aqui secundário - a fim de se promover uma mobilidade laboral (e não só) dentro da Comunidade que se revele vantajosa para os estados, as entidades e os cidadãos envolvidos.
Pelo que julgamos saber, Macau, onde o Governador Rocha Vieira foi determinante, será porventura um dos nossos melhores exemplos da tão desejada cooperação. Haverá outros, por certo.
PS: Há muito que defendo que os Governos de Portugal devem contar com um Ministério da Lusofonia e do Mar, e que as matérias que respeitam à CPLP seriam aqui tratadas em articulação com o MNE.