Mesmo que fossemos forasteiros, como tantos outros que por esta altura nos visitam, não seria caso para revirar a imensidão do acervo bibliográfico e documental da Cidade como, por mero exemplo recente, a «História de Lisboa», de Dejanirah Couto ou a «Biografia de Lisboa», de Magda Pinheiro, para termos a mais nítida das noções que Lisboa é linda desde sempre.
Basta possuirmos um dos cinco sentidos para sentirmos o encanto da capital portuguesa.
É consabido que Lisboa também tem problemas graves, de ontem e de hoje, avultando agora, entre outros, a degradação do património, o trânsito, o planeamento urbano e o ordenamento do território, as bolsas de miséria e exclusão social, os espaços verdes, a ligação da Cidade ao Tejo, etc.
A resolução dos problemas de Lisboa não depende só da Edilidade, é certo.
Para lá das atribuições e competências do Município e da gestão dos seus recursos, existe um sem número de organismos, instituições e entidades que partilham a responsabilidade pelo que de melhor e pior se faz na vida da «pólis». Isto, sem esquecer os cidadãos que nela habitam ou trabalham.
Vem isto a propósito do estado de sujidade em que estão as ruas de Lisboa:
Nesta época do ano, mais propícia a passeios a pé, é confrangedor e envergonha vermos avenidas, ruas, escadas, passeios, largos, jardins e outras zonas públicas tão mal cuidadas, tão entranhadas de porcaria, tão pestilentas. E o pior é que isso parece que se tornou uma «coisa normal».
Ora, sabemos que a resposta é sempre a mesma: faltam verbas...
Santa paciência!
Será que água, sabão, brio e asseio custam assim tão caro?
Quantas comissões de moradores, quantas associações de bombeiros voluntários, quantos agrupamentos de escuteiros, quantas corporações profissionais directa ou indirectamente ligadas ao espaço publico, quantos Paróquias, quantas Juntas de Freguesia... quantas almas tem Lisboa?
Será assim tão difícil fazer um roteiro das áreas a precisar de limpeza, criar um plano de acção, definir um calendário e pôr «as mãos à obra»?
Será assim tão complicado aplicar as leis, regulamentos e posturas, de modo a garantir que quem suja paga, «a valer»?
Será assim tão idealista acreditar que quando os vizinhos virem os bairros ao lado impecáveis não vão querer que seja o seu a destoar da limpeza geral?
Limpar Lisboa é tarefa de todos.
Quem tem maiores responsabilidades deve dar o mote.
A «Cidade Branca» não pode contentar-se por ser bela...
Tem de ser primeira entre as mais fulgentes.
Nem precisa cobrir-se das jóias para ser «rainha»...
O «segredo» é simples. Basta que se lave.