Sem embargo e com a devida vénia
à intervenção de Pedro Silva Pereira, sobre o caso Rui Machete, gostava de ter
visto alguém na Assembleia da República ter dito isto:
É precisamente pelo facto do caso
não ser jurídico mas político e do Senhor Ministro, como bem afirmou, não ir à
Comissão da AR na condição de réu para a ser julgado, que a argumentação
"técnica" que tentou aduzir, quando metida numa fatiota de Estado que
rasgou pela costura dispensa um "julgamento" sobre algo tão relevante
para a soberania e o seu órgão executivo/Governo.
Donde, a devida ponderação
política da lesão em causa determina, hoje como há 30 anos, que o Ministro seja
exonerado, de preferência a seu pedido, a bem dos tais valores que o titular
invoca, quando bem se queixa da ética estar muito arredada da vida da polis.
Para ser nobre, carece aqui de um
só gesto: papel, caneta, e uma carta datada, assinada e entregue ao
Primeiro-Ministro. É por isso que o cidadão servidor da causa pública vê-se
confrontado com o "sacrifício" das funções que exerce em favor da preservação
da dignidade do Governo, do Estado, e de si próprio.