A tomada de posse de Rui Moreira, que mereceu ampla cobertura mediática, foi uma cerimónia muito digna porque foi um acto bonito.
Por causa da cerimónia em si mesma ou do discurso, em que o novo Presidente da Câmara do Porto apontou o seu caminho? Não propriamente.
Por causa do significado de certos actos, gestos e presenças.
A posse de Rui Moreira mostrou que a tradição também se recria.
Em certa medida, em função da especificidade de cada Município, as posses deviam ser mais assim.
No fundo, trata-se de elevar a dignidade institucional de cada vila ou cidade a um patamar mais alto e mais amplo que os despiques das campanhas eleitorais, as cores das listas, as simpatias pessoais ou os limites territoriais dos concelhos.
É bonito ver o Presidente de Câmara cessante comparecer à posse de quem lhe sucede.
É bonito ver os sucessores dedicarem uma palavra a quem lhes antecedeu.
É bonito ver Presidentes de Câmaras de outros Municípios, vizinhos ou não, presentes.
A estética é elementar à ética política.
O poder local, em que se alicerça a organização territorial do País, só tem a ganhar quando a lealdade maior de cada um é para com a bandeira da freguesia ou município que é de todos, e quando o sentimento colectivo de legítimo orgulho em na sua freguesia ou município tem a grandeza de abrir as suas portas aos outros, sem bairrismos desproporcionados ou complexos de escala.
A coesão intermunicipal, tal como a identidade de cada comunidade, depois transpostas para a marca identitária nacional, una, dependem em muito dos factores tradição e inovação, para a vitalidade de bens que afinal constituem-se e afiguram-se como inestimáveis valores públicos.