quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Dor de alma


Segundo foi noticiado, os portugueses alhearam-se do primeiro dia de debate sobre Orçamento Geral do Estado para 2011. A ruptura entre os cidadãos e a política, cada vez mais funda, cada vez mais irremediável, bem pode dar para o torto um destes dias. Pressente-se. E sente-se que os nossos políticos estão amedrontados. Vai daí, em vez de lucidez e coragem, investem em fugas para a frente. O que se passou na Assembleia da República, neste 02 de Novembro, de má memória, por cima da vergonhosa novela exibida durante a negociação do Acordo/OE2011, foi apenas mais lenha para a fogueira. 

Triste. Muito triste. Dolorosamente triste.
Sentido de Estado? Ali, pouco ou nenhum.

Um Governo que se arrasta numa agonia de meter dó.
Um PS rançoso, sufocado, e desguarnecido na dúvida que começa a pairar, entre defender o quartel e abandonar o seu general. 
Um PSD ambivalente, cínico, manhoso e esfomeado por uma fatia dos lugares do aparelho de Estado, condição para a sua existência, enquanto partido de dimensão nacional.
Nas franjas, à esquerda, BE e CDU, cada um a gosto das suas bases sociológicas de apoio, ávidos para que o poder caia na rua. À direita, um CDS/PP que está longe de se apresentar como alternativa de coisa alguma, acantonado e refém, na expectativa do PSD vir a precisar dele.

Não haverá ninguém, em perfeito juízo, que possa dizer que o PS é capaz de levar esta Legislatura até ao fim. Como também não haverá ninguém que diga que qualquer uma das demais forças representadas no Parlamento tem capacidade para substituir o PS na governação. Pelo que se vê no Plenário da AR, nem PS mais PSD juntos.