A ser verdade o que vem nos jornais, o Primeiro-Ministro e a maioria dos membros do Governo já gozam ou preparam-se para ir alegremente de férias, como se Portugal não estivesse a atravessar momentos da maior complexidade e até mesmo verdadeira emergência.
É preocupante quando os titulares dos mais altos cargos políticos, cujas funções são da mais extrema responsabilidade, acham que lhes basta «ir para fora cá dentro» para darem o tal sinal de contenção e exemplo no apoio à economia nacional.
Quem vai para o Governo a julgar que pode ter feriados, fins de semana e férias, como se de um assalariado se tratasse, julga mal, para além de passar a ideia que as funções que exerce cabem no horário «nine to five» dos dias úteis, revela um bizarro sentido de serviço, para não dizer irresponsabilidade. Isto, para mais, quando se apregoa que a grande prioridade é, nem mais nem menos, «salvar o País».
Realmente, quando se confunde o exercício de um cargo público com uma profissão qualquer, não só se esvazia a exigência do cargo como se desvaloriza o trabalho de quem o procura emprego ou faz enormes sacrifícios para mantê-lo.
Que se saiba, Winston Churchill, que depois «lixou-se nas eleições», não teve um dia de férias enquanto Londres foi bombardeada. Mas salvou Inglaterra, decisivo para a vitória dos Aliados.