Pode ser ao fim de um dia qualquer. É todos os dias. Em todos os canais de informação. Quem quer saber o que se passa liga a televisão e vê as notícias.
Entre as «broncas» da política e antes das «últimas» do futebol, que vê?
Uma criança levou uma arma para a escola no Utah; duas pessoas morreram numa linha de comboio em Alverca; dois feridos graves numa fuga de gás em Tomar; um turista canadiano perdeu a vida no rio Vilcanota; a violência já matou mais de 40.000 pessoas na Síria; um comerciante disparou fatalmente sobre a mulher por esta lhe ter dito que apoiava Bashar al-Assad; onze presos e seis guardas morrerem numa prisão do norte do México, etc.
Se fossem apenas as manchetes do jornal «Correio da Manhã» era «canja»... mas não. É geral.
Dois terços dos noticiários são passados a relatar violência, morte e tragédia. Sangue e desgraça.
A recôndita aldeia francesa de Bugarach está pejada de repórteres, à espera da chegada dos OVNIS que salvarão a espécie humana, convencidos que estão da profecia do calendário Maia, segundo o qual o fim do Mundo é amanhã. Será que vão enviar as imagens e os relatos do apocalipse de Marte para Saturno?
Urge fazer um grande debate, sobre as responsabilidades dos meios de comunicação social na legitimação do embrutecimento, pois a generalização da indiferença perante as atrocidades é o mecanismo que sobra contra a depressão e a insanidade colectiva.
Trata-se de um dos maiores combates do nosso tempo.
Pela civilização.