quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A ruína dos empregadores?

 
21/10/2014 | 13:18 |  Dinheiro Vivo    

Tenha cuidado com o que escreve e partilha nas redes sociais. Um número cada vez maior de recrutadores admite que já reconsiderou um candidato a um emprego depois de analisar o seu perfil social.

Os números reunidos pelo Jobvite, no Social Recruiting Survey 2014, são claros. Se o ano passado apenas 13% dos recrutadores admitia ter mudado de ideias em relação a um possível candidato depois de analisar o que publica nas redes sociais, este ano esse valor é bem mais significativo: 55%.
E mudar de ideias significa que, na maioria dos casos, o candidato ficou pelo caminho: 61% dos recrutadores admite que a sua decisão teve consequências negativas para o candidato. (...)
 
Percebemos a “bondade” desta notícia.
Ressaltam, contudo, várias questões, cuja complexidade das respostas será inversamente proporcional à elementaridade das perguntas. De uma penada, ocorre-nos “postar” estas:
 
1 – A questão laboral

A montante, por que razão não hão-de poder os posts ser avaliados pelo empregador durante a entrevista? Qual o motivo para não interpelar o candidato sobre aquilo que colocou na internet? Será que alguém prefere candidatos sob reserva mental, ainda que tenham pedido à Google para votar tudo ao esquecimento?

E depois de admitido o candidato? Os empregadores devem ignorar ou conhecer aquilo que as pessoas da empresa/organização dizem ou fazem na internet? E da parte dos trabalhadores? Seria isso a ruína dos empregadores?

2 – A questão jurídica

Até que ponto vai o “direito ao exibicionismo” da vida privada, com ou sem “prejuízo próprio”, digamos assim, também por contraposição ao direito à honra e ao bom-nome, quando visa terceiros? Em matéria opinável, será que alguém pode ser prejudicado por expressar opinião, ainda que convocado pelo uso da responsabilidade na liberdade?

Estaremos a assistir a um “revisionismo” dos «direitos, liberdades e garantias»?
 
3 – A questão cultural

Parece-nos bom ir até ao bom senso. Oportuno promover um debate que traga conclusões.
Todavia, ir mais longe é entrar numa escuridão cheia de perigos, que a civilização já escolheu afastar, como, por exemplo, a cultura do pensamento único.

Quem quer, afinal, (sejam eles candidatos ou recrutadores, trabalhadores ou empresários) seres humanos mudos e acéfalos - formados à imagem e semelhança de meras “coisas” inanimadas, excepto na capacidade de fazer de conta, fingindo, pois, sobre o universo virtual, neste nosso Mundo, que é real?