Estamos a viver tempos de “dessacralização”.
A História, mais adiante, julgará isso a consequência natural de uma série de dilúvios em cascata, provocados pela mais rápida aceleração social e tecnológica que o Mundo vira até hoje. Tão incomportáveis solavancos haveriam de ser acompanhados por uma inédita fragmentação das estruturas clássicas, onde dantes assentava a ordem das coisas. Desde a mais singela das famílias ao mais poderoso dos Estados, trespassando, também, obviam...ente, empresas e personalidades, outrora com aparências de inquebrantáveis solidezes.
O verdadeiro problema reside aqui.
Que fazer? Qual o novo paradigma? As elites do conhecimento e do saber, também elas despedaçadas, tentam ensaiar um passo aqui, duas guinadas ali ou três metas acolá, todavia, ainda andamos atrás do prejuízo, às apalpadelas. A escuridão favorece um Adamastor em cada esquina. Anda-se a palmo.
Olhemos para o Novo Banco.
Significativamente, adoptou para logótipo a imagem da borboleta, que não convoca perenidade alguma, mas antes efémera transformação e ligeiro acaso.
Vem isto a propósito dos ditos “especialistas” - da banca, das finanças, da economia, das entidades reguladoras, de universidades, do governo, até organismos da UE.
As “soluções” encontradas têm ou não saído da cabeça de “especialistas”?
A “administração” está ou não a ser exercida por “especialistas”?
A “ideia” de que é forçoso vender o Banco depressa pertence ou não a “especialistas”?
A “administração” está ou não a ser exercida por “especialistas”?
A “ideia” de que é forçoso vender o Banco depressa pertence ou não a “especialistas”?
Agora, é ou não verdade, como 2 mais 2 são 4, que não aparece comprador, a não ser em saldo, que acabará por ser, quando os “especialistas” concluírem que a experiência de “laboratório especializado” falhou e que o Banco já não vale “um caracol”?
Se o Banco está nas mãos do Fundo de Resolução, ou seja, a mutualista constituída pelas demais entidades bancárias, por que razão não é feito um rateio, cada qual assumindo a quota-parte correspondente à sua contribuição?
Significaria isso entregar o Novo Banco à Caixa Geral de Depósitos e, por conseguinte, ao Estado? Mas não era isso que, na verdade, o Governo queria ao início? Com pinças, aproveitar a conjuntura, para tirar de cena Ricardo Salgado e depois, subtilmente, por a mão aos salvados? Não!?
Se os “especialistas” não vêem isto, coitados dos “especialistas”. Aqui, como em geral.
Emaranhados em papéis, com gráficos, relatórios, directivas e compêndios, os “especialistas” vêem cada vez mais de cada vez menos. São pagos para emprestar o nome. Em nome das borboletas que povoam o sistema político, as quais, por instinto, vêem dois palmos à frente, tentando adiar o seu ocaso, tal qual os insectos.