Hoje, o Mundo inteiro está de
olhos postos no Brasil.
Impende sobre os brasileiros uma
responsabilidade democrática bem maior que decidir sobre quem serão os seus
representantes estaduais e federais, assim como o seu Presidente da República.
Neste nosso tempo, de aceleradas
mudanças globais, escrever uma das maiores páginas da História de uma das
maiores potências do planeta, é algo que extravasa as fronteiras políticas do
Brasil e, mais ao perto ou mais ou longe, toca todo o concerto dos povos e nações.
Aquilo a que o Mundo se prepara
para assistir hoje no Brasil, trata-se, sobretudo, de um fenómeno social
mundial.
Donde, será desde logo muito
importante que o acto eleitoral decorra com elevado civismo, em clima de
tolerância e pluralismo, com o maior respeito pela consciência individual de
todos e cada um dos cidadãos. Negar isso, seria dar razão ao totalitarismo
recrudescente nalgumas áreas do globo.
Depois, é fundamental que quem
perder as eleições tenha fair-play e seja o primeiro reconhecer a derrota
publicamente, saudando o seu oponente e prestando-se a cooperar com ele em tudo
o que seja matéria de regime.
Não dizemos isto receando a
eficácia ou a solidez das instituições democráticas brasileiras e, muito menos,
o discernimento e a maturidade política do eleitorado.
Dizemos isto, a pensar, antes de
mais nada, em Dilma
Rousseff e Aécio Neves, bem como nos seus apoiantes e mais
directos colaboradores. Nos meios de comunicação social, também.
Tão renhida que foi a campanha e
tão bipolar que se prevê ser o resultado das urnas, as palavras, os gestos e a
atitude de quem perder, tudo isso assumirá um significado de tal ordem que,
pelo menos até à tomada de posse, em Janeiro, o candidato derrotado terá
deveres paritários aos do candidato vencedor.
Na verdade, tudo aquilo que não
se deseja ver hoje no Brasil é algum vestígio ou reedição daquilo que aconteceu
em 2000 nos EUA, quando George W. Bush disputou a Casa Branca com Al Gore.
Que ganhe quem tiver mais votos,
sem contestações e sem “floridas”.
Que bela ocasião, portanto, para
o Brasil, com imensa grandeza, servir de exemplo ao Mundo.
Post Scriptum
Com efeito, para mais numa disputa tão renhida, é
muito assinalável o modo sereno com que mais de 140 milhões de eleitores
exerceram o seu direito/dever e que a votação tenha decorrido com total
normalidade, não havendo relato de perturbação alguma merecedora registo.
Depois, as declarações finais dos candidatos
corresponderam àquilo que se lhes exigia. Aécio Neves terá sido mais feliz,
pela forma concisa e breve que escolheu. Porém, no essencial, a Presidente
Dilma, cujo discurso era mais difícil, por razões óbvias, soube estar à altura,
desde logo quando apelou à reconciliação e, depois, quando fez questão de
destacar, logo ali, os seus compromissos mais forçosos, consoante o que
interpretou dos sinais expressos nas urnas. Caso será para dizer, "Mandato
novo, Ano Novo... vida nova no Planalto."