Segundo a comunicação social, a venda do BPN ao BIC está por dias. Diz-se que o Governo não se poupou a esforços para evitar que o recém nacionalizado Banco Português de Negócios tivesse na liquidação a sua última saída. Mal por mal, mais vale ceder nalgumas pretensões e arrumar o assunto, terão pensado.
Vem isto a propósito de estarmos à beira de entrar num ciclo de privatizações, jamais visto em Portugal. Vamos assistir a uma espécie de «gonçalvismo ao contrário». Quase tudo vai ser privatizado.
Ao contrário de muitas opiniões publicadas, que pautam o desempenho e a resiliência do Executivo de Passos Coelho em variáveis como: o projecto europeu e a sobrevivência da moeda única; a questão em redor da medida dos nossos brandos costumes num contexto de iminente desagragação social; o desemprego; a carga fiscal; a quase ausência de um programa económico; a resistência das corporações às mudanças que se impõem, etc., pensamos que o desafio mais perigoso, qual roleta russa deste Governo, está na transparência e no mérito da execução do programa de privatizações em carteira.
Quando virmos por aí alguns dizer que «a crise gera oportunidades», cuidado! Muito cuidadinho.
Ou o Governo consegue blindar os mega-negócios de todo e qualquer sinal de fumo ou, uma vez detectados certos sinais não haverá como apagar o fogo. Os portugueses suportam quase tudo, como estão estoicamente a demonstrar todos os dias. Mas se cheirar a BPN e se o Povo sonhar que uns artistas enriqueceram de um dia para o outro, não há escapatória: Passos Coelho está frito.