É claro que o PS não podia votar contra o Orçamento de Estado.
É claro que o Governo não podia hostilizar o PS.
É claro que existem mil e uma razões para se avançar com a notícia de que o Orçamento de Estado de Portugal vai passar no Parlamento num clima de diálogo, e que até existe a possibilidade do Executivo acolher propostas do principal Partido da Oposição.
Mas a necessidade de salamaleques, poses ridículas e ternuras públicas será assim tão clara?
As «negociações» entre o Governo e o PS para o OE/2012 têm sido um teatrinho de fraca qualidade.
Quem olhar para aquela foto de Passos Coelho com António José Seguro tanto vê o Primeiro-Ministro a receber o Secretário-Geral do PS como poderia ver este a receber o líder do PSD. Não é fácil destrinçar grandes diferenças entre eles, para além de um vestir a camisola de um partido e o outro do outro.
Dobrada a III República, por caducidade, era de esperar que fosse instaurada a IV, por necessidade regeneradora. Mas não.
Temos um interregno.
Este é o tempo dos herdeiros da geração antecessora. Aquela que achou imensa graça à partidocracia e às fileiras de recrutamento das «Jotas».
Aí estão, pois, os «jovens turcos» a dirigir o Estado, desde a mais altas instâncias do poder central até aos lugares mais remotos da administração local.
Estão no seu direito.