Se alguém tiver uma dívida a um banco de cem mil euros e entrar em incumprimento, tem um problema. Mas se a dívida for de dez milhões de euros, o problema passa a ser do banco.
É um pouco isto que se passa com a polémica que estala e o fumo que se propaga em torno de Miguel Relvas.
Pedro Passos Coelho, que ainda há dias, à margem da Cimeira da NATO, em Chicago, meteu «as mãos no fogo» pelo seu Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, aparece cada vez mais nesta equação como «o banco».
É sabido que o tempo dos tribunais é mais vagaroso que o tempo da política, e que o tempo da política é ultrapassado pelo tempo mediático, ainda mais veloz.
Bem pode apurar-se que Miguel Relvas «não praticou crime algum» em qualquer dos casos mediáticos de que é alvo e que a sua conduta, no plano político, foi «pautada pela normalidade», embora merecedora de um ou outro reparo aqui ou acolá. Pode acabar por ser esse o entendimento do Ministério Público, caso decida intervir, da Entidade Reguladora da Comunicação Social, já no terreno, ou mesmo do Parlamento, pronto para fervilhar.
Todavia, os períodos de «incubação» e «maturação» por parte destas entidades é sempre retardado, quando comparado com a voragem das conclusões mediáticas e os danos entretanto causados ao Executivo, para os quais não há «indemnização política» possível.
Em última análise, é uma questão de «crédito e de tempo» que, pela sua dimensão, ultrapassa um membro do Governo, indo parar às costas do Primeiro-Ministro.
Quem tem um problema para resolver é, portanto, Pedro Passos Coelho. Deve ponderar e actuar, depressa e bem. Se nada fizer, corre o risco de «malbaratar o seu crédito», colocando-se, a si próprio, com «a cabeça a prémio» diante de todos os que agora vão apontando Miguel Relvas a dedo, para «descrédito» geral.