Ainda não terminara o Portugal-Islândia (5-3) e os comentadores já se apressavam a fazer as contas do apuramento da Selecção Nacional para o Europeu de Futebol/2012, mesmo em caso de eventual derrota frente à Dinamarca, o nosso próximo adversário, com quem precisamos, no mínimo, de empatar, para garantirmos presença na fase final do campeonato, a disputar na Polónia e Ucrânia.
No pior dos cenários, diziam, seremos os melhores entre os segundos classificados dos Grupos e ainda teremos oportunidade de "chegar lá", pois ainda poderemos jogar o playoff.
Bem esteve o Treinador, Paulo Bento, quando no final do jogo disse à comunicação social que não trabalha sobre outros cenários que não sejam garantir a vitória em cada desafio.
Ora, esta mentalidade, de estarmos sempre a fazer contas e depender de outros para alcançarmos os nossos objectivos, bem pode ser transposta do futebol para outros domínios em que o País se envolve.
É um péssimo hábito, que temos muita dificuldade em ultrapassar. Talvez, imagine-se, por sermos mais talentosos que outros, permitindo-nos dar ao luxo de correr o risco de falhar nas provas mais regulares, esperando em demasia por improvisos e façanhas.
Mutatis mutandis, é disso que trata o livro «Os Portugueses», de Barry Hatton, radicado no nosso País há 25 anos. Este inglês, correspondente da Associated Press em Portugal, que já conhece muito bem a nossa maneira de ser e que já é capaz de pensar como nós, oferece-nos uma excelente leitura, que toca no essencial das nossas idiossincrasias.
De leitura simples mas fulcral, os professores deviam recomendar «Os Portugueses» nos liceus, e mal não seria que os jovens partilhassem depois em casa com pais e amigos.