Na entrevista na SIC a Clara de Sousa, entre contradições, lugares-comuns e "la palissadas", Passos Coelho chegou a ser anedótico, sobretudo quando a respondeu como é que é possível um Governo de gestão accionar o pedido de resgate, chegando a remeter, relativamente ao necessário compromisso nacional, para a Comissão Permanente da Assembleia da República entretanto dissolvida. Depois, a sua incursão histórica sobre o FMI - seria de gargalhada caso não estivéssemos a tratar do mais grave assunto de Estado.
Mas, revelador revelador, foi ter feito marcha atrás na questão da "verdade toda" sobre as contas públicas e ter tido o desplante de vir dizer que é um político com provas dadas em matéria de credibilidade, pois já teve de pedir desculpa aos portugueses e que quando é o interesse nacional que o determina prefere ser impopular do que ser chamado de mentiroso. Então (impondo as suas condições, claro) por que é que não viabilizou o PEC?
Se for verdade que Cavaco Silva, munido do mais rigoroso check-up sobre a situação real das finanças da República, não só demoveu o líder do PSD de avançar com a ideia de uma auditoria às contas do Estado, como não deseja que os portugueses saibam uma "verdade inconveniente", isso será o canto do cisne.
Oxalá tudo não passe de especulação dos media. Caso contrário, não vai faltar muito para que se levantem vozes a exigir que o Presidente da República, também ele, se demita.