segunda-feira, 28 de março de 2011

Cuidado com os boys

Sobre os tristes episódios que se verificaram durante a madrugada passada no Estádio de Alvalade, há, entre outros, quatro aspectos a reter:

- Os votos demoraram tempo demais a ser contados. É inadmissível que o órgão do Clube a quem compete supervisionar o escrutínio não tenha feito sequer um briefing, com informação segura relativamente ao que se estava a passar, evitando as especulações que se viram;
- Mesmo que Godinho Lopes tenha sido, de facto e de direito, sufragado vencedor na urnas, fica a pairar sobre a eleição uma nuvem de desconfiança que só uma confirmação do apuramento, em sede de impugnação judicial, poderá dissipar-se: como explicar, por exemplo, a declaração de Rogério Alves, (erroneamente convencido que ganhara a Mesa da Assembleia Geral) que às tantas da manhã disse em directo às televisões já ter dado os parabéns a Bruno de Carvalho?
- A forma atamancada como o Presidente da Mesa em exercício veio anunciar os resultados e a impossibilidade do candidato ali empossado vir ao exterior, como estava planeado, por manifesta falta de condições de segurança;
- O silêncio dos demais candidatos derrotados: Dias Ferreira, Pedro Baltazar e Abrantes Mendes.

Bem... até aqui, temos uma problema do Sporting em particular, e do futebol portugês em geral.

A partir daqui, "a novela" do insulto, do ambiente tribal e da violência extravasa o âmbito de qualquer clube e passa para a esfera de toda a comunidade nacional. Ontem foi o Sporting, como poderia ter sido outro. Amanhã, poderão ser outras organizações, entidades e instituições...

Vem aí uma campanha eleitoral, num ambiente muito degradado, onde, por mais apelos que se façam, difícil será que as posições não acabem por extremar-se, tal é a voragem pelo poder de uns, e a ânsia de révanche de outros...

Suponhamos que numa mesa eleitoral se gera um problema semelhante ao verificado ontem em Alvalade, e o que está em causa é, nem mais nem menos, a atribuição de um mandato, cuja eleição do deputado é decisiva - para dar a vitória relativa a um dos dois maiores partidos, ou formar uma maioria no Parlamento: 
- Alguém acha que chamar o C.I. da PSP vai chegar para manter a ordem e garantir a paz social?
- Alguém acha que algum líder partidário terá autoridade moral para ir ao palanque acalmar as suas hostes?