Ex-primeiro-ministro está «farto», mas diz que ainda não tomou uma decisão
A resposta só pode estar nas palavras de Francisco Sá Carneiro - "Saber estar e romper a tempo, correr os riscos da adesão e da renúncia, eis a politica que vale a pena." - frase, diga-se, tão célebre como gasta, de tanto ser repetida por miríades, as mais das vezes usada à míngua, por todos e qualquer um, que continuam a olhar para Portugal sem ter chegado a entender o significado desse postulado tão elevado, tão edificante, tão livre e tão patriótico.
É certo que não rezam as crónicas daqueles que têm razão antes de tempo. Mas é também, fatal como o destino, que aqueles que se aquietam e amparam sucessivamente jamais mudam o curso da História.
O impasse e a encruzilhada que atrofiam o País não se compadecem mais com meias medidas, nem com alternativazinhas tiradas de catálogo. Os portugueses estão saturados. A instituição pública arrasta-se até que seja declarada caduca.
Ninguém aguenta, por muito mais, mais folclores, fingimentos ou contemporizações. O Povo só ainda não veio em massa para a rua porque temos conseguido fazer hipotecas sobre hipotecas. No dia em que o credor disser que já nada garante o pagamento por isso não há crédito, será o caos. Talvez em certo sentido, pior que no período pós-revolucionário mais conturbado...
Não há mais que pensar. Em liberdade e em democracia, Portugal decide.
E é esse, afinal, o ponto. Temos um País com um quadro político que tem muito para decidir com pouco com que decidir. Ou seja: quem decidam os portugueses que possa decidir.