Caso as Selecções do Reader´s Digest publicassem uma edição dedicada ao impasse político português, com um caderno extra intitulado «Saiba o que fazer para ir ao pote», dir-se-ia que Pedro Passos Coelho era o líder partidário mais cumpridor da fórmula; sim de manhã, não à tarde e nim à noite, de modo a dar impressão que anda sem sair do lugar, onde espera que "o pote" lhe venha parar às mãos de bandeja.
Foi exactamente isso que vimos, mais uma vez, na declaração que veio fazer no fim da Cimeira do Euro. Andou dois milímetros para a frente e um para trás. O País ficou a saber que, a partir de agora, o Governo vai ter que arranjar outro parceiro para aprovar um mais medidas de austeridade. Grande coisa!
A questão não é nada disso. A questão é que PPC, há uns meses, quando deixou passar o OE/2011, sabendo quão difícil seria ao Governo alcançar as metas propostas ao fim do primeiro trimestre do ano, contava por esta altura ter sondagens na mão que lhe dessem toda a margem para se "atravessar". Não só não tem como dificilmente terá.
O maior erro, de caras, foi ter menosprezado a proposta de Paulo Portas, o qual, após ter levado a "nega" em finais de Janeiro, veio dizer que "registava". Isso tem vindo fazer-se notar cada vez mais na acção política de, e Bagão Félix recentemente até afirmou que os entraves a um entendimento pré-eleitoral só são postos pelos directórios partidários, pois, para a base sociológica de apoio dos dois Partidos à direita do PS ninguém deixa de votar numa alternativa mais ampla, especialmente quando Portugal precisa de agregar em vez de subtrair. Rui Rio, por seu turno, já veio indiciar uma posição algo semelhante, isto, para não falarmos de Alberto João Jardim, que defende a coligação há muito.
Alguém acha que vale a pena irmos para eleições antecipadas prefigurando-se que delas saia um vencedor com maioria relativa outra vez? Que ganharia Portugal com isso?... (à excepção dos gestores públicos, cujas remunerações PS e PSD entenderam-se que foi uma beleza. Aí, nenhum dos dois acusou o outro de falhar o acordo).
Por outro lado, já que os nossos parceiros da UE tornaram-se omnipresentes na política nacional, talvez não houvesse mal em ver por essa Europa fora quantos governos são de coligação, e de entre os governos de coligação quantos são de centro-direita e, desses ainda, quantos são compostos por várias forças partidárias.