Os argumentos para a «nacionalização» do BPN eram fortes e, apesar das questões nebulosas em volta do Banco, a medida que o Governo de Sócrates tomou mereceu aceitação maioritária. O Estado teve de tirar cerca de 2,5 milhões euros ao erário público para «salvar» a Instituição, em nome de estancar o risco da contaminação sistémica e das consequências previsivelmente catastróficas para a banca portuguesa.
Depois, como é sabido, com o Governo de Passos Coelho veio a «reprivatização». O BIC ganha a «corrida» e adquire o BPN pela pechincha de cerca de 40 milhões de euros, através de um contrato aparentemente «atípico», pois o que antes fora «tolerado» agora já ninguém percebe muito bem, desconhecidos que são os termos do negócio.
Aqui chegados, vem sendo noticiado que o Estado ainda estará prestes a «entrar» com mais umas centenas de milhões de euros, num aumento de capital do BPN, cujo novo dono, o BIC, também conforme dizem os jornais, registou lucros na ordem dos 5 milhões de euros. Isto, para não falarmos sobre quem assume o quê relativamente à manutenção dos postos de trabalho, pois os sindicatos dizem uma coisa e os patrões outra, como de costume.
Dir-se-á, da parte do poder, que a venda do BPN é uma «operação complexa», que não pode ser tratada com ligeireza, nem com base em notícias de jornal... pois. Mas enquanto o Governo não explicar, «tin tin por tin tin», a forma, o critério, e as condições com que se comprometeu na alienação, o rol de dúvidas e as perguntas dos contribuintes não terão fim. Enquanto tal não acontecer, é natural que várias iniciativas se sucedam, como aquela que foi anunciada pelo Bloco de Esquerda, de requerer que o Ministro Vítor Gaspar vá à Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, para dar explicações.
Pela nossa parte, quando nos perguntam pela solidez da banca portuguesa, damos o exemplo BPN, como do mais categórico que pode haver. Pois se até um banco falido é uma autêntica «caixa-forte», com verbas disponíveis no Orçamento do Estado e tudo, aptas a blindar qualquer «turbulência», então, a não ser que venha um dilúvio, a garantia do BIC, almofadada na potestade soberana de cobrar impostos, é total.