Na sequência do post de ontem, apenas para ilustrar, aqui fica um pequeníssimo exemplo de como os «partidos do sistema» andaram a «passo de caracol», primeiro na auto-regeneração da sua organização interna, e assim foram perdendo a legitimidade e o fôlego para, depois, virem apresentar certas propostas ao País timbradas de «perestroika», tais como a revisão das leis eleitorais, no âmbito da tão puída quanto propalada «reforma do sistema político», cuja ignição depende, à cabeça, das rançosas forças que compõem o «bloco central»:
...Rui Machete, que lidera a comissão para a revisão dos estatutos, referiu que não existe uma “proposta completamente estruturada”, mas adiantou que já consta desse documento a “ideia de um estatuto próprio ao simpatizante”.
“Sem os deveres de um militante, é um estádio intermédio entre o votante e o militante, para poder participar em grupos de trabalho, ser convidado como observador para assembleias locais, distritais e até nacionais, como o congresso”, explicou. (…)
Fonte: Lusa/Público, 15.02.2012
Pois bem:
O próximo Congresso Nacional do PSD, o XXXIV, onde esta proposta de alteração estatutária será apreciada, realiza-se entre 23 e 25 de Março deste ano de 2012.
O mérito da ideia será discutível e discutido, claro. Mas a virtude, a existir, insere-se no tal processo de «abertura e aproximação» à sociedade civil, de que os maiores partidos sentem agora necessidade, como de pão para a boca, pressentindo que o chão lhes foge debaixo dos pés.
Para quem se quiser dar ao trabalho, que veja o que está escrito na Moção Global de Estratégia «Sentido Obrigatório», apresentada ao XXVII Congresso Nacional do PSD, que se realizou em Pombal a 8, 9 e 10 de Abril de 2005.
O autor destas linhas esteve lá.
Passe a presunção, redigira o referido documento, juntamente com outros.
Na altura, a proposta não mereceu atenção e passou despercebida.
Nessa, como noutras questões, perdeu-se tempo. Muito tempo.
Passados quase 7 anos sobre esse Congresso, este antigo simpatizante e ex-militante vê o seu quê de simpático, ao ler que o Dr. Rui Machete apresentou, em traços largos, a dita figura estatutária.
Terá muitos simpatizantes?
O tempo dirá, em menos de 7 anos.
Em 2012, o tempo anda muito mais voraz.