Lembramo-nos de João Paulo II - após a queda do muro de Berlim e a derrocada do Bloco de Leste, que se lhe seguiu - ter dito, mais ou menos isto: atenção que não é o fim da História, nem a vitória de um modelo sobre outro. Não julguem que o capitalismo é a solução ou dá resposta aos males que o Mundo enferma.
Passadas duas décadas, já no Pontificado seguinte, a visão do “político” Karol Wojtyła revelou-se-nos plena de sentido, particularmente quando os ventos da crise financeira de 2008, vindos dos EUA, varreram todo o hemisfério norte e fizeram ecoar alarmes em toda parte para algo mais fundo: crise das Instituições – a fragilidade da União Europeia é um bom exemplo; crise dos Estados – ilustrada através das dívidas soberanas dos chamados PIGS; crise das empresas - que cada vez mais despedem trabalhadores ou encerram; crise das famílias – desestruturadas, hipotecadas, sem emprego nem esperança.
Numa palavra, falta encontrar um novo paradigma. As receitas ministradas através de velhos “paliativos” afiguram-se-nos escassas para responder à nova ordem que urge edificar sobre a desestruturação geral das várias «comunidades», palavra que anda muito arredada da boca dos nossos governantes e dirigentes.
Nesse sentido, importa acolher as pistas e os subsídios dos mais sábios. É por isso que, independentemente do foro livre e individual onde cada um deposita a sua Fé, no plano social, a mensagem do Bispo de Roma, Bento XVI, merece ser ouvida, especialmente na Vigília Pascal que hoje tem lugar.