segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Movimentações


Coincidindo com a mais disparatada declaração, brindada com vaia monumental em Guimarães, e no dia em que se assinala o primeiro ano do segundo mandato de Cavaco Silva na Presidência da República, há um aspecto sintomático que merece ser notado:
Num ápice, a maioria dos jornalistas e comentadores perdeu qualquer pejo em criticar abertamente o Presidente, e de repente parece que deixou de haver «cavaquistas». Não vemos nenhuma voz levantar-se para sair em defesa do Prof. Cavaco Silva.

Ora, isto tem uma leitura:
«Cheira» que o poder do PR aproxima-se do fim, para mais agora precipitado pelo facto do próprio ter «deixado cair a máscara», o que lhe antecipa o epílogo político.
É o último mandato que cumpre, não podendo mais recandidatar-se. O Governo e a geração de «jovens turcos» encabeçada por Passos Coelho, onde António José Seguro também se incluí, não morre de amores pelo ex-líder do PSD, como se sabe. Aqueles que outrora foram seus delfins, colaboradores e mais próximos, na sua maioria estão bem colocados e a esta hora fazem outros cálculos. Os seus eleitores torcem o nariz...
Tudo somado, a base de apoio e os interesses que têm gravitado em torno de Cavaco Silva estão a perceber que o eixo político de Belém está em queda.

Onde estão as centenas de destacadas personalidades que integraram a Comissão de Honra do Presidente nas últimas eleições?
Onde está a comunicação social geralmente parcimoniosa com o Presidente?
Onde estão os cidadãos que viam em Cavaco Silva uma reserva moral, um referencial de estabilidade, e diziam que, apesar de tudo, o PR em funções era o que mais garantias oferecia?

Do ponto de vista humano e pessoal, não nos é difícil imaginar que o PR e a Primeira-Dama comecem a sentir-se mais sós e até mesmo injustiçados.
Costuma dizer-se em política que «Quando chega a tempestade, os amigos são como os táxis nos dias de chuva. Quando mais precisamos deles, não aparecem». 

Por saber disso, o autor destas linhas, do mesmo modo frontal com que assumiu desde 2005 a sua crítica a «Cavaco Presidente», não deixará de o respeitar. Trata-se, afinal, do Chefe do Estado e as consequências de cair em desgraça nesta altura seriam altamente lesivas para os superiores interesses nacionais.   

Em todo o caso, os dados estão lançados e há algo que parece incontornável:
As movimentações ao centro/direita para a sucessão de Cavaco Silva vão iniciar-se mais cedo, ainda antes do Presidente chegar a meio do seu último mandato. Se não é que já começaram.

1 comentário:

JAJ disse...

Os nosso PR são a melhor campanha para a restauração da monarquia. Queremos voltar a se PORTUGAL e não República Portuguesa.