sábado, 12 de dezembro de 2015

Why not?

 
Ampliando uma ideia que, originariamente, na verdade, era de meu Pai, propus, há já uma dúzia de anos, que os Açores, todo o Arquipélago, fosse classificado pela UNESCO como património natural/cultural da Humanidade.
 
Foi num Congresso partidário, em Novembro de 2003. Nessa altura, ninguém quis saber. O certo é que, actualmente, 3 das 9 ilhas (Graciosa, Flores e Corvo) foram classificadas como Reservas Mundiais da Biosfera pela UNESCO, para além da Paisagem Cultural da Vinha do Pico também ter alcançado estatuto similar.
 
Vem isto a propósito de assistirmos nos últimos anos, por todo o País, a classificações ou apresentações de candidaturas ao "selo" da UNESCO, desde as zonas históricas de cidades e vilas ao chocalho, passando pelo Fado e pelo Cante Alentejano.
 
Aqui chegados, caberá perguntar:
 
Por que não apresentar Portugal, todo ele, desde o território continental ao mar e às ilhas, a património cultural/imaterial/natural da Humanidade?
 
Vejo muitas vantagens, especialmente num tempo em que o nosso País está obrigado a reinventar-se e encontrar novo futuro.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Já temos Governo

Pode ser que me engane mas a percepção que tenho é esta:

O País indignou-se com o "trinta por uma linha" que António Costa fez para chegar a Primeiro-Ministro.

Hoje, passados 53 dias sobre as eleições, os portugueses como que respiram de alívio quando dizem "já temos Governo".

Por outro lado, ao fim de semanas em que a política voltou a ter o primeiro lugar nas conversas, grande parte das pessoas fartou-se e já não quer saber de nada disto.

E é neste mar de contradições que de novo nasce um fado

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sair disto - um grande movimento cívico


O maior problema da política em Portugal é o do exemplo cívico. O segundo maior problema é o da liderança. O terceiro maior problema é o do sentido de serviço. Sem isso não há comunidade local, regional ou nacional que resista.
 
Anos e anos promover a mediocridade, em vez do exemplo cívico. Anos e anos a promover o caciquismo, em vez da liderança. Anos e anos a promover o chico-espertismo, em vez do sentido de serviço... tudo isso deu nisto.
 
E isto, como toda a gente sabe, foi... gangrenando, desde as autarquias até ao topo do Estado.
 
Nem tudo é mau, claro que não. Há muita gente válida, claro que há. Fazem-se muitas coisas bem feitas, claro que sim.
 
Mas ao ponto a que o País chegou, isso, só por si, já não chega para inverter a tendência de "nivelar por baixo". Urge que se forme um grande movimento cívico.
 
Urge convocar em Portugal os bons exemplos. Urge convocar em Portugal os melhores de cada comunidade. Urge convocar em Portugal quem melhor saiba interpretar e possa exercer o serviço da causa pública.
 
Urge, também, transmitir isto aos mais novos. E que as novas gerações aceitem esta missão, tomando nas suas mãos o ideal de construir um País novo.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

O sistema bateu no fundo

As forças de esquerda acham que derrubaram o XX Governo Constitucional. Discordo.
 
O que aconteceu hoje no Parlamento foi a estocada final na III República. O Sistema bateu no fundo esta tarde.
 
De agora em diante, a questão já não passa por estes Partidos nem por estas Instituições. Passa por uma cultura política nova, em que tudo deverá ser revisto.
 
A questão agora é muito mais funda:
A regeneração da Democracia, a clarificação do Regime e a refundacao do Sistema.
 
Vivemos tempos muito preocupantes. Vivemos tempos muito desafiantes.
 
Vivemos tempos que convocam os portugueses para o exercício dos seus deveres cívicos, talvez como nunca, desde o 25 de Abril de 1974.

domingo, 8 de novembro de 2015

Governo de Costa


A sério: caso a opção do PR seja indigitar António Costa, faz sentido que Cavaco Silva ponha como condição a entrada do BE e do PCP no Governo. Já que Costa, dizem, inovou o sistema e descobriu um novo paradigma, é justo que o líder do PS beba esse cálice até ao fim. O Povo trata do resto.

sábado, 7 de novembro de 2015

A Venezolana de Television?

De permeio entre a cobertura da Comissão Nacional do PS, a SIC/N dá um salto a Vila Real e segue-se comentário. Bernardo Ferrão diz que as intervenções de José Sócrates não fazem sentido.
Mas então, por que razão é que a Estação de Carnaxide faz a cobertura em directo dessas conferências? E ainda se diz que a Estação do Dr. Balsemão é mais de centro/direita... o que não seria se fosse mais de centro/esquerda... a Venezolana de Television, não? Será quem faz uma observação destas pode ser acusado de "radical"? Pois...

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Quem defende Portugal?

Quem defende o espaço sociológico denominado de centro/direita? Quem? Quem defende a social-democracia e a democracia-cristã? Quem? Quem defende as regras democráticas e a ética na política?Quem? Quem defende a emancipação das pessoas, das famílias e das organizações da sociedade civil perante o Estado? Quem? Quem defende a iniciativa privada, o investimento, a produtividade e a mais justa repartição da riqueza? Quem? Quem defende os compromissos externos do Estado Português? Quem? Quem defende a lusofonia? Quem? Quem defende a liberdade? Quem? Quem defende a segurança? Quem?
 
Quem defende Portugal? Quem?

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

XX Governo Constitucional

Gosto de ver a Teresa Anjinho e o Eduardo Nogueira Pinto assumirem funções de elevada responsabilidade ao serviço do Estado. A ambos formulo votos das maiores realizações e êxitos.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O Povo é sereno. Até quando?

O Povo foi sereno.  O Povo tem sido sereno.  O Povo está a ser sereno...
 
Agora:
- Perante a "debacle"da III República, há muito prenunciada;
- Perante a "evaporação" dos representantes políticos do espaço sociológico do socialismo-democrático, da social-democracia e da democracia-cristã, que assistem impávidos a uma "expropriação" de doutrinas e valores que esqueceram, não aprenderam ou nem perfilham;
- Perante a tentativa de "fraude da vontade popular", acompanhada da propositura de um "golpe de Estado", em que apenas se joga a sobrevivência de um grupo de pessoas insaciáveis de poder pelo poder;
- Perante um Presidente da República cada vez mais só, tal a "debandada" que se verifica por parte de muitos, que durante décadas foram seus convictos apoiantes;
- Perante uma comunidade nacional que nos últimos anos passou, e ainda está a passar, "as passas do Algarve", quando, aqui chegados, muitos não só não vislumbram horizontes de dignidade como estão mais pobres, com o pão a escassear nas mesas;
 
Bem pode dizer-se que o Povo foi sereno, que o Povo tem sido sereno, que o Povo está a ser sereno.
 
Agora:
Por quanto mais tempo Portugal suportará esta "bagunça", sem que o Povo saia à rua?
Esperemos que "só fumaça" baste para virar a página da História, para que o Regime se refunde, para que as Instituições se fortaleçam, e para que o País se erga de novo. Com Democracia, com Trabalho e com Justiça Social. Em Liberdade, em Tolerância e em Paz.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Sistema bloqueado

 
Nos últimos dias, a propósito de António Costa ter furado as fronteiras tradicionais do chamado "arco da governação", muito tem sido dito sobre esta nova "frente de esquerda". Representa, diz-se, uma mudança sistémica do quadro político-partidário.
 
Ora, se tal fenómeno constitui interessante matéria de análise e debate, podemos também entrever outro, até aqui pouco falado, que não será menos importante e talvez com idênticas condições de se concretizar:
 
A constituição, à direita do PS e à esquerda da PAF, de um grupo parlamentar formado por deputados independentes.
 
Esse grupo tomaria o lugar do centro e seria agora o novo garante da estabilidade política. Mediante acordos de incidência parlamentar com o Governo, através de diálogo construtivo e verdadeiro espírito de compromisso, em função dos superiores interesses nacionais.
 
Que soberba altura, esta, para que uma força charneira dessa natureza interviesse na mudança do sistema por dentro!
 
Honrar os compromissos internacionais e inaugurar uma nova cultura democrática, humanista, personalista e reformadora, seriam os principais eixos dessa acção.
 
Tremenda é, pois, a responsabilidade de um punhado de deputados, a quem cabe interpretar com liberdade o mandato que lhes foi confiado. Outra "hora H" não terão para acertar o passo com a História e furar a obstrução sistémica em que António Costa todos atolou.

domingo, 18 de outubro de 2015

Regresso ao Congresso

Há menos de um ano, não deixaram Francisco Assis falar no Congresso do PS. Hoje, o País não só o ouve como deposita muita expectativa no actual deputado europeu. Por outro lado, hoje, o País não só já não ouve como pouco espera de quem "cortou o pio" a Francisco Assis no Congresso do PS.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

"O caminho de Portugal"

A/C: Senhor Presidente da República, Partidos, Meios de Comunicação Social, Forças da Sociedade Civil, e a todos os Portugueses
 

sábado, 10 de outubro de 2015

Entendam-se!

 
Deixemo-nos de "conversas".
O que o Presidente disse a Passos foi: "Entenda-se com o PS".
 
O que Costa anda a fazer é especulação e bluff. Está a "fazer-se caro". Sabe que tem de entender-se com Passos, sob pena de haver "guerra civil".
 
Por seu turno, Passos sabe que tem que ceder ao PS, sob pena de haver "desgoverno".
 
No fundo, tanto as hostes de um e outro lado querem um entendimento (ora se querem!), como os portugueses desejam um compromisso. Foi isso que o Povo disse nas urnas.
 
Aqui chegados, ao impasse do momento e ao impasse do Regime, o PR só tem uma coisa a fazer:
 
1. Chamar Passos e Costa e dizer-lhes: "Toca a sentar e chegar a acordo";
 
2. Caso não houvesse acordo, o PR deveria reunir com todos os partidos e patrocinar a formação de um "Governo de Salvação Nacional";
 
3. Caso os partidos escusassem esta via, uma vez que o PR não pode "dissolver os partidos" e a Assembleia "dissolvida" está, restaria a Cavaco dar posse ao Governo de Passos. Competiria depois ao PS assumir que "palavra dada é palavra honrada", derrubando o Governo, que ficaria em gestão até que pudessem ser convocadas novas eleições.
 
Entretanto, Portugal, desta vez, sim, ter-se-ia tornado numa "Nova Grécia".
 
Tanto a PAF como o PS estão fartos de saber isto!
 
Grave é que não seja por causa disto (Pacto para a Legislatura) que cheguem ou deixem de chegar a acordo.
 
Andam a brincar às associações de estudantes e às secções partidárias, ou quê? Irra!

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Mágoa

Passei numa livraria e folheei o livro que não quis ler.
 
Convocou-me memórias e histórias que contribuíram para que (há 10 anos) entregasse o cartão de militante do partido em que estive inscrito.
 
Tal não impede que recomende "Os Predadores", sobretudo aos jovens, tanto aos que estão a dar os primeiros passos na actividade político-partidária, como àqueles que sentem o apelo da intervenção cívica.
 
A todos será útil, para que melhor possam compreender certas realidades, e melhor possam construir as páginas futuras.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Nulos

Dantes, os partidos ainda dedicavam umas palavras sobre o assunto. Agora, nem isso.

Ao contrário do que foi dito, a abstenção subiu para 43%.

Por outro lado, os votos em branco, embora com alguma descida, continuam na casa da centena de milhares - 112.485 votos, o que corresponde a 2,9%. Mais que qualquer um dos pequenos partidos obteve.

Quanto aos nulos, continuam a crescer. Foram 86.634 votos, o que corresponde a 1,61%, mais que qualquer um dos pequenos partidos obteve, incluindo o PAN, que elegeu um deputado com 74.749 votos (1,39%).

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Presidente até o limite

 
O Presidente da República foi até ao limite. Afastou um Governo de iniciativa presidencial, por um lado, e não enjeitou a inclusão do PS no novo Executivo, por outro.
 
Cavaco Silva indicou as linhas da solução a encontrar entre as duas principais forças partidárias. Ou o PS integra o Governo ou assume que viabiliza os principais diplomas da PAF no Parlamento.
 
Em 2011, os três partidos "arco da governação" assinaram o Memorando da Troika. Chegados a 2015, será agora o tempo dos partidos assinarem o Memorando da Legislatura.

domingo, 4 de outubro de 2015

Maioria clara

 
Desvanecida a dúvida sobre qual a força política que obteria mais votos e mais mandatos, tendo a Coligação PSD/CDS vencido com uma maioria clara, o Presidente da República deverá convidar Pedro Passos Coelho a formar Governo e dar posse a um Executivo da Coligação, aquele que será o XX Governo Constitucional.

É claro que um Governo que não tenha um suporte na Assembleia da República de mais de metade dos deputados (115 em 230) tem que estar predisposto a dialogar mais e melhor com os diversos Grupos Parlamentares. Vai exigir-se, pois, uma cultura democrática de maior maturidade e mais responsabilidade ao novo Governo.

Maior maturidade e mais responsabilidade irão exigir-se também à Oposição. Sobretudo ao PS, sobre o qual passa agora a recair o maior ónus da estabilidade política em Portugal. Comprovou-se esta noite que António Costa cometeu o erro de se encostar demasiado à esquerda e, com isso, cavar mais funda a derrota socialista face as expectativas pré-eleitorais.

Também já vimos esta noite que tanto o BE (reforçadíssimo) como a CDU não vão deixar passar o novo Governo no Parlamento. Perante tamanho tenaz, o PS tem nesta altura uma soberba oportunidade para se reinventar e preparar o papel que quer assumir no xadrez político nacional. É que o tempo é breve, o País vai continuar a enfrentar problemas gravíssimos e os portugueses não merecem ficar sem uma alternativa credível, sob pena do nosso sistema de partidos, há muito agonizante, expirar.

A História tem destas ironias. Quando tudo faria supor que, após 4 anos tremendos, o PSD teria de se refundar, eis que surge um facto que muda a História e convoca o PS a fazê-lo primeiro. Em todo o caso, sempre se diga que os portugueses também não deixaram de enviar uma mensagem de aviso a Coligação, apesar da oportunidade concedida. É que agora, sem o Programa da Troika para executar, tiraremos a limpo qual o autêntico rumo que a PAF tem para Portugal.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

PAF

Gosto da ideia de fusão entre o CDS e o PSD, hoje aventada por Passos. Só não percebo por que razão Portas, (que sonhou anos e anos com a formação de um grande partido de centro/direita, tipo PP espanhol), logo veio dizer que isso é "muito teórico".

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A outra coligação

Não tenho tido tempo para seguir a campanha a par e passo. Mas há coisas que sabemos sem ouvirmos ou lermos. Pressente-se. Intui-se.

Caso a PAF não ganhe com maioria absoluta, está na forja uma coligação pós-eleitoral, de governo e/ou de incidência parlamentar, do PS com o BE e/ou a CDU.

O Presidente da República não quererá repetir a "solução" de 2009, dando posse a um Governo minoritário. A não ser que o seu último acto seja lavar as mãos, como Pilatos.

Será esta a "explicação" para o anunciado "chumbo ao Orçamento" da parte de Costa. Será também esta a "explicação" para que os indecisos sejam moderados e votem na PAF.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Sondagens insondáveis

Todos os dias há sondagens. Todos os dias há uma que faz notícia e marca a agenda. Todos os dias a PAF aparece em crescendo. Tenho alguma dificuldade em perceber certos aspectos destas sondagens.

Também tenho alguma dificuldade em perceber por que razão o PS não põe "cá fora" as sondagens diferentes que terá, eventualmente. Acho tudo isto estranho.

Só não acho estranho que seja a faixa central do eleitorado, aqueles que ainda não sabem em quem vão votar, a decidir o resultado das eleições.

Agora, que os indicadores estão a dar força à Coligação e que essa energia positiva está a reflectir-se na imagem que passa da campanha, disso não sobram grandes dúvidas.
 
P.S.
A propósito de sondagens, aproveito para recomendar o livro do Diogo Agostinho e do Alexandre Guerra, lançado recentemente, onde se faz uma abordagem muito interessante sobre o modo como as sondagens são feitas, com óptimos subsídios para uma reflexão séria sobre esta matéria.

domingo, 20 de setembro de 2015

E agora?

Este ano, em nove meses, Alexis Tsipras venceu duas eleições e um referendo. Será a vontade soberana dos gregos expressa nas urnas "um conto para crianças"?

sábado, 19 de setembro de 2015

Sobre o acolhimento aos refugiados


Todos se lembrarão do terramoto que em Janeiro de 2010 arrasou o Haiti. O mundo comoveu-se e a comunidade internacional promoveu uma onda gigante de solidariedade. De lá para cá, neste tempo de aceleradíssimas mutações, acompanhadas pela sociedade da informação, sucederam-se muitos outros focos graves. Entretanto, o Haiti saiu da agenda noticiosa, e hoje pouco sabemos do que lá se passa.

Mais re...centemente e mais perto de nós, em Julho de 2013, o Papa Francisco, na sua primeira viagem apostólica, visitou a ilha italiana de Lampedusa. Ali chorou os mortos do Mediterrâneo e apelou à coragem do acolhimento europeu a um êxodo do Médio Oriente e Norte de África de grandes proporções. Pediu um “despertar de consciências” e o combate à “globalização da indiferença”.

E aqui chegámos… à Europa das respostas que tardam em chegar, das vozes tímidas, dos muros, do “apartheid”, e da denegação dos nossos valores civilizacionais, que a todos cobre de vergonha e de medo.

Pelo lado do povo português, é um alento e sinal de esperança ver o modo como a comunidade nacional, através de diversas organizações da sociedade civil, se tem mobilizado e feito eco de uma alargada congregação de vontades para o acolhimento aos refugiados. Muito significativas, note-se, têm sido as mensagens dos autarcas do interior do País, cujos municípios mirram por falta de gente, para mais quando andámos 40 anos a dotar vilas e freguesias com infraestruturas e acessibilidades que ninguém usa e onde ninguém vai.

Impõe-se, pois, que a vontade manifestada por muitos não seja tão instantânea como “um clique” nas redes sociais. Importa também que o acolhimento seja planeado, de modo a que se evitem guetos na recepção dos que chegam, sobretudo em Lisboa e áreas limítrofes. Que não se dê lugar a que o voluntarismo inicial sucumba perante as dificuldades subsequentes que uma operação desta natureza sempre acarreta. Por fim, quem estiver à frente das iniciativas programadas que se concentre em cumprir a missão que lhe estiver atribuída, evitando “selfies” com a desgraça alheia.

Voltando ao Haiti, partilho abaixo as linhas de uma iniciativa que propus, conjuntamente com outros, a qual, todavia, naquela altura não foi possível levar por diante:

Exposição de Motivos

Considerando que:

1. Portugal, interpretando com fidelidade os sentimentos de consternação e pesar que ecoaram em todo o País, veio expressar institucionalmente a sua solidariedade ao Povo do Haiti pela tragédia que ali aconteceu a 12 de Janeiro, acompanhando ainda as mensagens endereçadas pela União Europeia e Organizações Internacionais que integra;

2. Todos os meios operacionais e os recursos humanos ao alcance do Estado e diversas ONG´s, para acudir no local, já foram accionados ou estão a ser preparados;

3. Perante o horror dos haitianos, muitos são os cidadãos e entidades que, não obstante quererem contribuir, sentem-se impotentes para dar a sua ajuda material, tal é a distância que os separa e as dificuldades de encaminhamento, ou a incapacidade para contribuir financeiramente;

4. As consequências da devastação e da fatalidade que se abateu sobre o Haiti, embora sejam ainda imprevisíveis em toda a sua extensão, permitem antever, todavia, um longo e penoso caminho de reanimação, que passará, inevitavelmente, por um êxodo em massa;

5. Será imperativo que os mais elevados princípios e valores humanos, que presidem a actuação da Comunidade Internacional - plasmados na Carta das Nações Unidas, que Portugal sufraga – sejam esforçadamente aplicados, de raiz, para que a ideia de Bem Comum possa ser fecunda e, assim, resgatar esperança e futuro aos sobreviventes do caos e da destruição.

Considerando ainda que:

6. Portugal e o Haiti estão laçados pelo legado de históricas relações transatlânticas, pontes inquebrantáveis entre o Velho e o Novo Mundo;

7. As populações do Haiti têm uma matriz cultural latina, de natureza similar à que os portugueses fundaram noutros pontos das Américas;

8. A realidade insular haitiana e a vida sob condição à determinante telúrica, por outro lado, apresentam algumas realidades que não nos são estranhas, em especial no caso das Ilhas dos Açores;

9. Aqui, ao longo dos mesmos cinco séculos de história, sensivelmente, é conhecida de memória a relação pendular, entre a terra de lava e os seus horizontes, entre ficar e abalar;

10. Já na segunda metade do Século XX, milhares de açorianos, sujeitos da tragédia e condenados à miséria, tiveram de partir, nomeadamente após a erupção do Vulcão dos Capelinhos, na Ilha do Faial, em 1957;

11. Pese embora noutro contexto, o certo é que, nessa altura, como é sabido, os EUA e o Canadá, designadamente, franquearam as suas portas, para que os sinistrados pudessem procurar e começar de novo, com luz à vista e possibilidade de alcançar condições de vida condignas;

12. Hoje, volvidos pouco mais de cinquenta anos, várias Ilhas que foram de embarque, entretanto, deram um salto qualitativo a todos os níveis, cuja sustentação, agora, em boa medida, depende dos incentivos vários para contrariar a sua desertificação, muito preocupante em certas localidades, diga-se;

13. Os açorianos são, reconhecidamente, um povo acolhedor e fraterno, na exacta medida em que conhecem a travessia do Atlântico, como nenhum outro em Portugal, e sentem, também sem paralelo, através do saber de experiência sofrida, a dor daqueles que necessitam de pão, casa, agasalho, e uma oportunidade para ver justamente compensado o mérito do seu trabalho:

Apelamos a Vossas Excelências que:

No uso dos mais elevados poderes que vos estão confiados, diligenciem junto da União Europeia e da Comunidade Internacional, por forma a serem desencadeados os mecanismos conducentes à prossecução das iniciativas da sociedade civil portuguesa em geral, começando pela açoriana, em particular, que em várias Ilhas, voluntária e graciosamente, está disponível para acolher desalojados do Haiti, na proporção dos seus recursos e à escala das suas possibilidades, salvaguardando-se consonância com os considerandos invocados.

Penhora-se este Apelo, sob forma de Petição, ao serviço do Bem Comum e da matriz humanista de Portugal, sem embargo deste Movimento poder ser alargado a outros que queiram vir associar-se à causa proposta.

Ilha das Flores, 23 de Janeiro de 2010

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O cálculo do risco

Acho que as eleições vão decidir-se assim:
- Se os portugueses acharem que o PS vai pôr tudo a perder e que a mudança não vale o risco, a Coligação vence;
- Se os portugueses acharem que a Coligação já deu o que tinha a dar e que não há perigo na mudança, o PS vence.

É o "cálculo do risco", sobretudo dos indecisos e dos abstencionistas, que vai ditar o resultado.

Se houvesse lógica na "psicologia colectiva", seria o PS a ter mais chances de crescer na recta final. Quem não arrisca decide mais cedo. Aqueles que apostam fazem-no mais tarde, na última hora. Resta saber se o PS terá fôlego para isso.

É que Passos Coelho não perdeu o fôlego, como ainda hoje se viu, na "2ª mão", conseguindo empatar a "eliminatória".

Houve um aspecto interessante neste último debate:
Tanto Passos como Costa foram mais iguais a si próprios. Revelando-se mais, mais contribuíram para a destrinça entre os dois caminhos, apesar de não se perceber bem para onde querem levar o País.

Ou melhor - Passos quer ficar onde está. Costa quer dar um passo.  Parece aquela brincadeira de antigamente, do "minha mãe dá licença".  É pouco para o tanto que Portugal precisa.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A nata de uma geração

Com Ana Lourenço, estiveram no Jornal da Noite da SIC/N José Miguel Júdice, José Luís Arnaut e José Magalhães. Em causa, a análise ao debate de ontem. Não é o debate que interessa agora. Importa notarmos na agudeza, no calibre e na clarividência dos comentadores, para lá das posições de cada qual. Com o devido respeito, enquanto que José Luís Arnaut e José Magalhães têm de fazer um certo esforço para dizerem o que é expectável que digam, Júdice chega ali e diz o que quer, como quem bebe um copo de água. Verdade seja dita: o “Grupo da Nova Esperança” (Marcelo, Santana, Durão e Júdice) foi “a nata” da política que dá gosto. Ontem, qualquer um deles teria ganho o debate, tanto a Passos como a Costa.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O debate

António Costa ganhou o debate. Resta saber se a vantagem desta noite chega para o PS ganhar as eleições. É que a margem foi tangencial, num frente-a-frente excessivamente virado para o passado e demasiado longe dos problemas reais das pessoas.

domingo, 6 de setembro de 2015

Salvo melhor opinião

Tratando-se de arguido cuja notoriedade pública atrai todos os olhares, o juiz de instrução criminal, (de per si ou a requerimento), ao fixar a medida de coação, de obrigação de permanência na residência, deve ou não deve determinar aos agentes das forças de segurança que fixem um "perímetro ao redor da casa", que evite que direitos fundamentais, como o direito à reserva da intimidade da vida privada, sejam ostensiva e publicamente violados?

É claro que me refiro ao caso mais mediático da actualidade nacional.

O facto do arguido estar em "prisão domiciliária" implica que não lhe seja assegurado que não fica exposto a todo o tipo de devassa, amplamente difundida pelos media, como as refeições que encomenda, os presentes que recebe, os familiares e amigos que o visitam, etc. ?


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O Islão e o Ocidente

Uma leitura indispensável, para quem procure um conhecimento mais rigoroso sobre o "convívio" entre o Islão e o Ocidente. Oferece uma análise lúcida e os fundamentos para uma melhor compreensão daquilo com que nos confrontamos.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Refugiados

Dar é receber.
Estou convicto que no nosso País, especialmente nos municípios do interior, poderão dar-se bons exemplos de solidariedade humana, coesão social e fomento do empreendedorismo local.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A decisão



Houve reunião de Mesa de manhã. Terminou mais cedo que o costume. À saída, perguntei-lhe se poderia falar-lhe. Disse-me, “hoje vai ser difícil”. Daí a pouco, porém, ainda antes da hora de almoço, pediu-me que passasse na sala dele. Uma conversa normal, de trabalho, semelhante a muitas outras. Cogita e capta num ápice o cerne dos assuntos que lhe são postos. Imperturbável, (como é próprio dos estadistas quando guardam declarações que, no caso de outros, se sobreporiam a tudo o resto), o Provedor, serenamente, concentrado nos assuntos da Santa Casa, deu-me as instruções necessárias.
 
Ao fim da tarde, por qualquer motivo, o meu telefone estava no silêncio. Não notei logo nas chamadas. Minutos depois, quando dei conta da luz a piscar, passaram-me o Dr. Pedro Santana Lopes. Tranquilo, em tom breve e decidido, foi ainda capaz de ironizar sobre a dificuldade em estabelecer o contacto. De seguida, disse-me que ia enviar um comunicado à Lusa, declarando não ser candidato presidencial. Tê-lo-á feito a várias pessoas, se bem o conheço, institucional e elegante que prima por ser nestas alturas. Ou, melhor, nesta altura, que, de teor, é a primeira.
 
Estava perto de uma varanda sobranceira ao rio e dei comigo ali a pensar. Sobre tudo e sobre nada. É uma decisão eminentemente pessoal. Não há que opinar. Quem é apoiante, apoia. Quem não é, respeita. Logo, quem é apoiante, apoia e respeita. Foi, por certo, uma das decisões mais difíceis, em 30 anos que leva de serviço à causa pública.
 
É curioso... lembrei-me de colocar o telefone com som alto, não fosse perder alguma chamada do tráfego subsequente que previ. Enganei-me. O telefone não tocou, excepto uma vez, já ao serão, quando o post ia nesta linha. Vão agora suceder-se, naturalmente, as análises, os comentários e as especulações sobre este súbito anúncio de Pedro Santana Lopes: se ultrapassou Rui Rio, se é uma reserva no activo para o PSD, se poderá apoiar o Professor Marcelo e quando, se fica na Santa Casa, se tem ambições a Lisboa, se não enjeita o Governo, e por aí fora.
 
Seja como for, estou convicto do seguinte:
 
- A decisão foi solitária e, em primeiro lugar, não dependeu de outra razão que não tenha resultado de uma ponderação, independente e livre, do próprio com o próprio, sobre o futuro próximo do Estado e o papel do mais alto magistrado da nação, no contexto do quadro constitucional e do sistema de partidos vigente;
 
- Depois, a decisão, uma vez de não candidatura, foi antecipada, para que não pudesse perdurar qualquer estorvo ao espaço do centro/direita, tanto para as legislativas, como para aqueles que estão decididos a assumirem as suas candidaturas presidenciais;
 
- Por fim, apesar de só ao próprio dizerem respeito, não poderão deixar de ser atendidas razões pessoais, cuja relevância, ante um desafio tão exigente para a vida de um cidadão “normal”, nem sempre encontram reunidas todas as condições para a exclusividade que se requer à primeira figura do Estado.
 
Pedro Santana Lopes, (apesar de já ser avô, de ter um grande currículo, de ter muitíssima experiência política e um pensamento muito sólido sobre a Constituição, a função presidencial e os sistemas de governo), está na fase do planalto da vida. Aqueles que o apoiam, venham de mais longe ou de mais perto, que não sintam, portanto, qualquer esmorecimento. Antes pelo contrário!
 
A verdade é que o caminho de Pedro Santana Lopes não estava mais largo ontem e passou a estar mais estreito hoje. Não! A largueza do caminho do Provedor da Misericórdia de Lisboa fica agora mais ampla, como veremos, espero.
 
Assim Deus lhe dê vida e saúde para prosseguir ao serviço da comunidade: seja no sector social, no poder autárquico, na intervenção cívica, no meio académico, no quadro partidário, na governação, em missões de Estado ou, claro, mais adiante, no exercício da função presidencial.
 
Tomara que o País tivesse muitos e tão bons, aptos a tanto e com tanto a dar a Portugal, mais outro tanto futuro pela frente.

domingo, 23 de agosto de 2015

A entrevista de Mariana Mortágua

Num tempo em que a sociedade derruba tantos preconceitos, estranho é que, "na hora da verdade", grande parte dos agentes político-partidários continuem agarrados a formatar juízos consoante as cores das camisolas.
 
Não quero saber se Mariana Mortágua é do BE, do Livre (L/TDA), do Agir (PTP+MAS) ou do PAN.
 
O que sei é que a deputada, que ficou conhecida pela intervenção que teve na Comissão de Inquérito ao BES, deu uma boa entrevista à Revista do Expresso. Demonstra ter um fio de pensamento sólido sobre a actividade política, o sistema económico-financeiro vigente e a (des)construção europeia, onde a democracia é um "pro forma".
 
Com pessoas assim, ainda que perfilhemos doutrinas e ideologias distintas, vale a pena sentarmo-nos à mesa e discutirmos política a sério. Afinal, há sempre pontes possíveis. Esse é o maior bem dos regimes democráticos.

Maria de Belém

Sobre a candidatura de Maria de Belém, ainda não vi ninguém dizer isto:
 
Maria de Belém era Presidente do PS quando António Costa substituiu António José Seguro.
 
Na transição, Carlos César, apoiante de Costa, impingiu-se de tal modo ao novo Secretário-Geral que não se contentou em ser menos que Presidente do Partido. Quiçá ambicionando ser Presidente da Assembleia da República.
 
Ora, a ambição de César não só não ajuda Costa e o PS nas legislativas, como ainda causou um "problema" aos socialistas nas presidenciais.

domingo, 16 de agosto de 2015

Pontal 2015

Desde sempre que me interesso por acompanhar a actualidade política, onde em tempos cheguei a participar. Também nunca deixei de ter posição sobre os temas mais da ordem do dia em cada momento.
 
Ontem, foi a Festa do Pontal. Olho para aquilo e também vejo as reacções da oposição. Acho-me com dificuldade para formular opinião, entre tanto lugar-comum e tão pouca substância. Trocado por miúdos, uns dizem que Portugal está melhor e que merecem voltar a governar. Os outros, dizem que não e que os portugueses devem substituir este Governo.
 
Uns e outros, em vez de apresentarem as suas visões, estão virados para trás, contentando-se com o elogio ou a reprovação àquela que foi, sobretudo, a legislatura da execução do programa da Troika.
 
Quanto ao mais, Passos Coelho parece chegar às eleições mais robusto do que se poderia pensar. António Costa, por seu turno, parece chegar às eleições menos fortalecido do que se poderia pensar.
 
Não admira, pois, que os portugueses encarem tudo isto com desconsolo e os indicadores apontem para um empate.
 
Na verdade, tanto da banda da coligação como da parte da oposição “está a sair poucochinho” face àquilo que se exige:
 
Um líder, uma ideia e uma equipa, que não tenham medo de dizer ao País como vamos viver nos próximos anos, e onde é que Portugal vai estar no fim do ciclo que agora se inicia. Desígnio, com ambição, realismo e coragem.
 
Será pedir muito ou será que tem que vir cá outra vez quem nos diga o que fazer?

terça-feira, 7 de julho de 2015

Estado da Nação 2015 - três perguntas


Temos amanhã o último debate sobre o Estado da Nação desta Legislatura.
 
Era bom que ficássemos a saber três coisas:
 
- Qual o valor da dívida pública, quem são os credores e por quantos anos estamos endividados?
 
- Quanto precisa a economia de crescer para pagarmos a dívida, baixarmos os impostos e garantirmos o SNS e a Segurança Social?
 
- Quem tem as melhores propostas para acreditarmos que Portugal vai virar a página, tanto da austeridade que nos asfixia, como do esbanjamento que nos faliu?

domingo, 5 de julho de 2015

Alternativas


 

Discordo daqueles que sustentam que não há alternativa para a Grécia.
 
Não há alternativa no quadro que está desenhado. Haverá alternativa, sim, caso exista vontade política da Europa para rever as disfunções do modelo vigente. Aliás, foi sempre assim que as alternativas surgiram - pela necessidade de encontra-las, em nome de desígnios comuns, mais altos. Lá fora, como cá dentro...
 
Não há alternativa é à reforma das instituições europeias. À redescoberta dos valores originários da União. Ao respeito pela soberania dos Povos. A uma moeda única capaz de incluir economias, em vez de as apartar.

domingo, 3 de maio de 2015

Preferencialmente, apesar dos partidos

Na semana em que apresentou a sua candidatura às presidenciais, Sampaio da Nóvoa deu uma bela entrevista a Ana Lourenço. Foi claro quanto à sua ideia para o País e demonstrou ter traçado a sua rota para Belém.
 
Quer por fim à desesperança, mobilizando os portugueses em torno da necessidade de inverter as medidas de austeridade. Quer puxar pela recuperação do tecido económico e dos sectores estratégicos nacionais. Quer um Portugal mais firme no quadro das assimetrias geográficas da União Europeia e, simultaneamente, uma comunidade nacional mais vocacionada para o Atlântico e para a Lusofonia.
 
Sobre o caminho para Belém, Sampaio da Nóvoa não dispensa o PS nem outros partidos. Não exclui apoios de mais ou menos ilustres, desta ou daquela geração. Não afasta António Costa, de quem, em princípio, está mais próximo. Mas também não se compromete com o establishment instalado.
 
Sampaio da Nóvoa sabe que a força da sua candidatura dependerá, sobretudo, da chama da resposta por parte de forças difusas da sociedade civil, cujo leque deixou de se compaginar com a tradicional arrumação ideológico-partidária das bases eleitorais de apoio.
 
Sampaio da Nóvoa surge, assim, aos portugueses, entre este Abril e Maio, como um cidadão de reconhecido mérito, que caminha por motivação própria, soberano da sua propensão pessoal, com agenda e calendário autónomos, a que se soma o factor novidade, por contraposição à notoriedade, que ainda não tem.
 
Será isto bastante para que este “socialista nacional moderado” alcance uma vitória eleitoral? A incógnita está no ar.
 
O que vemos é que a arrancada de Sampaio da Nóvoa veio dar mote ao tom, ao estilo e à natureza dos debates que as presidenciais convocam. Preferencialmente, apesar dos partidos. Sem prioridade a cálculos puídos. A bem da elevação substantiva de que o Estado tanto carece. Em nome de um novo rumo, para fundada esperança que os portugueses tanto anseiam.
 
Paralelamente às legislativas, portanto, as eleições presidenciais irão marcar o tempo em que Portugal não quer estar mais disposto a contemporizar mais com mais “evoluções nas continuidades”.

sábado, 4 de abril de 2015

Boa Páscoa!

 
Paz e Pão. Liberdade e Trabalho. Testemunho e Esperança.
Na certeza da nossa Fé, irmanados nos propósitos, o essencial é isto.
 
Estamos em Vigília. A madrugada que se aproxima irrompe o Tempo e rasga a História.
O Tempo da Dignidade, de novo oferecida, a cada um e a todos.
 
Ajudando-nos uns aos outros, assim saibamos, portanto, reiniciar o caminho. Boa Páscoa!

terça-feira, 17 de março de 2015

CPI BES - A verdade era mais simples

 
 

Quase todos dizem não saber, não se lembrar, não ter tido intervenção, ou escudam-se em respostas redondas, palavras inócuas ou "rodriguinhos" técnicos.
 
A verdade é esta:
 
Todos os inquiridos sabiam, muito antes, que o BES estava em sério risco de "rebentar". Todos tiveram conversas sobre o espectro da falência do BES, muito antes. Todos, muito antes, procuraram a melhor maneira de não apanharem com os estilhaços do BES.
 
Há meses e meses que se comentava, em toda a Lisboa, o naufrágio iminente do BES.
 
É indecente assistirmos agora a um desfile de testemunhos "ensaiados", onde os depoentes preferem fazer de parvos ou "virgens ofendidas" a ser remotamente chamuscados, sem qualquer pudor em fazer de nós parvos, assim minando, cada vez mais, a confiança dos cidadãos nos titulares dos órgãos de soberania e várias destacadas organizações.
 
Por que razão não dizem:
 
"Sabíamos. O assunto foi acompanhado. Houve várias conversas. O Governo não podia socorrer o BES, nem tinha que o fazer, tendo optado, portanto, por não nacionalizar o Banco, por se ter afigurado preferível para o interesse público. A regulação teve as insuficiências que são de todos conhecidas. O mais é matéria criminal, que segue a tramitação prevista"?
 
Por que razão não dizem isto? A verdade.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Brasil - um grito que dá que pensar

Entre a onda de protestos no Brasil, dá que pensar a reclamada expressão intervenção militar constitucional, inexistente na ordem estabelecida.
 
Dá que pensar ver as pessoas na rua, em exercício das suas liberdades, apelarem aos militares para a deposição de instituições eleitas.
 
Dá que pensar recordarmos aquela que foi a luta dos brasileiros pela eleição democrática do Presidente da República, em 1985, após mais de vinte anos de ditadura militar.
 
Dá que pensar também, o esvaimento dos partidos estruturantes das democracias europeias, fenómeno que já passou para cá dos Pirinéus, onde, na década de 70, Espanha e Portugal puseram termo às ditaduras de Franco e de Salazar e, passados estes anos, as pessoas estão descontentes com as suas instituições.

sábado, 7 de março de 2015

A política que vale a pena

 
Pedro Passos Coelho nunca foi político que me entusiasmasse. Nunca. Pedro Passos Coelho nunca cruzou o caminho que mais prezo na política. Nunca. Pedro Passos Coelho nunca se me afigurou uma referência política. Nunca.
 
Muitas têm sido as vezes em que tenho criticado a governação e as opções políticas de Pedro Passos Coelho. Muitas.
 
Muitas têm sido as vezes em que tenho pensado que Pedro Passos Coelho (juntamente com outros) provém de uma geração em que o carácter instrumental dos partidos sobrepôs-se à matriz originária das organizações políticas - de mediação, com autenticidade, entre a vida concreta dos cidadãos e a prossecução das reformas e do rumo a propor à comunidade. Muitas.
 
Muitas têm sido as vezes em que chego a admitir que o Governo chefiado por Pedro Passos Coelho será dos últimos, senão mesmo o último, antes que o agravamento das distorções do sistema político e a consequente ruptura do contrato social, obriguem o País a virar a página. Através da refundação do regime, com a edificação de uma IV República, irreparavelmente corroídos que estão os instrumentos e as instituições democráticas de há 40 anos. Muitas.
 
Que tem isto a ver com o “caso da SS”, que pôs o Primeiro-Ministro debaixo de fogo? Tudo.
 
Pedro Passos Coelho foi apanhado na curva dos ventos da História. Da sua história. Da história de um Portugal que está farto da classe política. Da história de um País e de uma zona da Europa a quem tudo foi prometido e agora a quem tudo parece negado, onde as pessoas não se conformam em ser proibidas de sonhar e ter uma vida decente.
 
Em primeiro lugar, por causa da elevação política que se requer, e em nome do mais elementar sentido de justiça, o “caso da SS”, diga-se, sendo objectivamente mau, (constituindo os factos pecha que impende sobre o Primeiro-Ministro, sobretudo por não terem sido assumidos e esclarecidos de uma penada) é uma “bagatela”. Nem mais, nem menos. Uma “bagatela”.
 
Uma “bagatela” que, de repente, ao cair como gasolina em palha seca, num ápice se tornou num “crime grave”, equiparável aos “crimes mesmo graves”, segundo os brados dos escribas e dos fariseus. Como se a faúlha de um facto lamentável tivesse rebentado com a noção da conta, do peso e da medida de uma escala de critério razoável.
 
Desde quando é que um cidadão, seja ele Primeiro-Ministro, deve ser trespassado, por ter pago o que devia mais os juros de mora, a título de “obrigação natural”?
 
Desde quando é que um cidadão, seja ele Primeiro-Ministro, deve ser confrontado com a possibilidade de um impeachment, por se ter verificado que, anos antes, cometera uma infracção fiscal no valor de € 5.000 euros?
 
Desde quando é que um cidadão, seja ele Primeiro-Ministro, tem de intimidar-se, recear ou hesitar na resposta a uma investigação jornalística e aos pedidos de esclarecimento, legítimos, dos partidos da oposição?
 
Mais:
 
Desde quando é que, numa democracia saudável, os principais responsáveis políticos, assim como os órgãos de comunicação social, não são os primeiros a apontar a falha, qualificá-la como inconveniente ou pouco abonatória, deixando, todavia, claro, que o julgamento da infracção e da reacção do Primeiro-Ministro, compete aos portugueses, nas urnas, quando Pedro Passos Coelho se propuser a eleições?
 
Desde quando é que, numa democracia saudável, o “caso da SS” constitui uma “batata quente” para o líder do principal partido da oposição, cujas declarações são tão atabalhoadas e cheias de tibieza quanto as do próprio visado, seu adversário?
 
Desde quando é que, numa democracia saudável, as bancadas parlamentares que suportam o Governo e que têm viabilizado, sem pestanejar, “o diabo a sete”, em diplomas altamente danosos para os portugueses (ainda há dias abespinharam-se muito com as declarações do Senhor Junker, a propósito da “dignidade”) estejam agora cheias de escrúpulo e temor, para reconhecer o que deve ser reconhecido e não deixar passar a lama que não é justo que passe?
        
O problema é que a democracia portuguesa não está nada saudável. O problema é que ninguém se sente à vontade para reagir a um sinal do vendaval que aí vem, quando, para não irmos mais longe, todos sabem que existem demasiados titulares de cargos políticos “demasiado imperfeitos”.
 
O problema é que a democracia portuguesa chegou a um ponto de surrealismo tal que, de repente, a figura da “defesa da honra”, que até aqui tudo permitia, passou a ser uma espécie de “venire contra factum proprium”.
 
O problema é que a democracia portuguesa, sucessivamente nivelada por baixo, deixou-se perverter, ao ponto do divórcio entre representantes e representados ser tão abissal que o laxismo parece ter dado lugar ao puritanismo, sem um único debate sobre o assunto. Com os políticos a actuar reactivamente, em função dos jornais, em vez de tomarem a dianteira da condução daquilo que é mais caro à causa pública, como lhes compete.
 
Não. Não há Repúblicas ou Monarquias feitas de Homens perfeitos. Apenas encontramos tal “espécie humana” em ditadura, totalitarismo e teocracia.
 
Sim. Só há Estados de Direito Democrático quando os Homens, apesar de imperfeitos, são justos e servem a causa pública por ideais, com a autoridade que, entre eles, a alguns permita tornarem-se estadistas.
 
Estadistas, que não abanam nem são deixados abanar por causa de uma dívida de cinco mil euros à segurança social, apesar de paga, depois, em cumprimento de “obrigação natural”.
 
Senhor Primeiro-Ministro:
 
Mostre, sff., a nota de liquidação dos seus impostos aos portugueses e governe até ao termo do seu mandato.
 
Entretanto, se puder, faça um exame de consciência sobre o que está melhor e o que está pior em Portugal desde 2011, e pense se tem um programa político que traga um rasgo novo ao País, em que o País confie e esteja disposto a sufragar.
 
Enquanto isso não acontecer, continuarei a ser seu crítico, sem embargo de defender aquelas que devem ser as regras do jogo, ainda que seja para discordar de si, pois acredito ser esta a política que vale a pena.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

(in)Dignidade

A dignidade é um bem de nascença. A dignidade é sempre individual, antes de ser colectiva. A dignidade é sempre condição de cada pessoa, antes pertencer à comunidade. A dignidade é sempre inalienável, antes de ser reconhecida. Não há procuração civil ou mandato político que confira a dignidade de alguém a outrem.
 
Coisa diferente é o dever de interpretar e defender a dignidade dos outros perante uma ofensa. Não perante uma confissão. Qual foi o português agredido pelas declarações do Sr. Junker?
Quem é Portas, Passos, ou Costa, para se indignarem ou exultarem com o Presidente da Comissão Europeia, em nome da minha dignidade, em nome da dignidade de cada português?
 
Quem são Portas, Passos, ou Costa, para tomarem nas suas mãos o poder de refutarem ou consentirem uma contrição, a cada um de nós e a Portugal inteiro? Quem assim procede, atirando a questão para o relvado político-partidário, em vez do respeito de devolve-la a todos e a cada um, é indigno de abrir a boca.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Europa - o tempo é breve

 
Parece que não há maneira da nomenklatura europeia perceber que, quer chegue a acordo com a Grécia, quer não, vai ficar a perder.
 
Com acordo, a UE perde menos. Sem acordo, os danos tornam-se incontroláveis para a Europa inteira.
 
Faltam políticos capazes de ver largo e longe, em vez de comissários que só conseguem ver ao perto e estreito.
 
A esta hora, o problema já não é uma questão de engenharia financeira, de execução de um programa de assistência, ou sequer, de uma nova adenda, com um plano específico de apoio ao investimento. É política. É geopolítica. São razões dos Estados soberanos. São razões da União Europeia. 
 
A esta hora, o problema é que os céus da Europa já estão cheios de abutres.
 
P.S. 
O reembolso antecipado de Portugal é uma boa notícia. Mas uma Maria Luís frígida com Varoufakis não fortalece a posição portuguesa e cava mais fundo sobre o estado de necessidade grego. É triste.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Saúde - tolice sobre a desgraça alheia

A propósito do acordo que o Governo celebrou com o Infarmed e a Gilead para comparticipar os medicamentos dos doentes com hepatite C, vimos por aí um esdrúxulo deputado da maioria escrever um post em que se diz "emocionado" com a notícia.
 
Não se bastando com excitação do momento, este mandatário, especialista em saúde, avança, jubiloso, com um “sentido abraço solidário a todos”, para depois rematar, triunfante, na “certeza que hoje acordaram com um enorme sentimento de esperança no futuro”.
 
Era bom que alguém dissesse a este infeliz babado que o dever não se adorna. Cumpre-se. E que o respeito pelos doentes não se proclama. Exerce-se. E que é de péssimo gosto não ter sobriedade nem discrição perante dramas humanos em que o Estado é convocado por obrigação.
 
O Sr. Deputado Baptista Leite não deve ter noção de nada disto, ou não vinha com uma prosa que é de dar vómitos a um porco.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

António Vitorino está a gostar

Só hoje pude ver, ouvir e apreciar a linguagem gestual de António Vitorino, ontem, na SIC/N, quando instado sobre a hipótese dele próprio para Belém.
 
É notória a "diferença crescente", relativamente à primeira reação, há semanas. É indisfarçável que António Vitorino está a gostar, e a gostar cada vez mais, da ideia de ser candidato presidencial.
 
Isso é bom. É bom para ele. É bom para o PS.
É bom para a Democracia que existam várias pessoas aptas, capazes de debater e servir com gosto as Instituições que nos representam.

domingo, 25 de janeiro de 2015

A Europa grega


O voto maioritário dos gregos é um apelo, para que entendamos as razões deles, que também são nossas. E uma interpelação, para que que se encontre outro modelo, numa Europa que também é deles.
 
No discurso que ainda há pouco fez, não vimos em Alexis Tsipras um tiranete ou um extremista. Vimos um democrata e vimos um líder. Vimos aquele que agora passa a ser o principal intérprete da dignidade reclamada. Legítimo.
 
Nesta tensão entre os países do Sul e do Norte, a questão passa pela proclamação que "ninguém é escravo de ninguém".
 
Tanto pode ser esse o significado das declarações do governo grego, como já foi esse o significado das declarações do governo finlandês, por exemplo.

Fundamental é que uns e outros confluam no repúdio da "escravatura".
 
Abre-se, pois, uma página nova. O tempo de reedificar os alicerces da construção europeia. O tempo de refundar. O tempo inadiável. O tempo da história futura.