terça-feira, 19 de outubro de 2010

Um passo em frente?

Na década de 60, no Brasil, ficou célebre a frase do General Artur da Costa e Silva, quando disse, "Pegamos o país à beira do abismo e demos um passo à frente"...

Em 2010, em Portugal, temos os passos de Passos. Vejamos:




18 de Outubro de 2010


Pedro Passos Coelho admite que Portugal ficará numa situação "muito difícil" caso o Orçamento do Estado para 2011 não seja aprovado. O líder dos sociais-democratas fez esta revelação numa entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine, mas sem, no entanto, revelar qual será o sentido de voto do partido quando o documento for a votação na Assembleia da República.

Fonte: RTP

07 de Março de 2010
Pedro Passos Coelho, candidato a líder do PSD, defende que é preferível chumbar um mau Orçamento do que manter a estratégia de calculismo que atribuiu a algumas pessoas do partido.

(...)
Ao nível, por exemplo de viabilização do Orçamento de Estado.
- O PSD assumiu uma posição que foi abster-se para deixar passar o Orçamento, apesar de dizer que é mau. É uma coisa que confesso que tenho dificuldade em entender. Se o Orçamento é mau não sei porque é que o deixam passar. Mas enfim... Há pessoas que me acusam de ser muito redondo, mas não conseguem explicar com clareza a sua posição.

Se não passasse o Orçamento caía o Governo e havia uma crise política em Portugal. E as agências de rating aproveitar-se-iam disso... Foi por sentido de Estado.
- Tenho a opinião contrária. Se o Orçamento é mau, as agências de rating e a Comissão Europeia não vão gostar dele, como não gostaram.

Bom, mas ainda faltam as medidas do PEC...
- É verdade, mas é insuportável esta ideia de que nós temos na nossa mão o poder de dar confiança ou retirá-la, aprovar ou desaprovar um instrumento financeiro, e nos preocupemos apenas com o tacticismo político. E é isso que se está a passar na conversa do Orçamento. Se o Orçamento for mau, é um bem para o País que ele seja chumbado. Isso é a primeira coisa que se tem de dizer, porque um Orçamento mau retira credibilidade à política portuguesa e nós seremos penalizados pelas agências de rating. Elas não nos penalizam mais hoje porque estão na expectativa de que o Governo emende a mão com o PEC, pois já não acreditam neste Orçamento. O pior que pode acontecer nos mercados é manter o Orçamento se ele é mau. Portanto, não se trata de uma questão de patriotismo ou de responsabilidade, é exactamente ao contrário.

Mas se não fosse o PSD, outros partidos o fariam...
- Em política podemos responder por nós. Os outros partidos respondem por eles.

Mas tradicionalmente, na democracia portuguesa quem faz cair um governo é penalizado nas urnas...
- Ah... Estamos a chegar a um ponto que é importante: há pessoas no PSD que estão mais preocupadas com o que lhes pode acontecer em eleições do que com aquilo de que o País precisa. Não temos um Orçamento como deve ser porque o PSD estava muito preocupado em que houvesse uma crise e tivesse de ser chamado à responsabilidade de fazer governo numa altura difícil. Preferiu castigar o engenheiro Sócrates, dizendo 'O Sr. vai ficar aí a fazer uma má política mais um ano e meio até o País ser suficientemente castigado para perceber que nós não temos culpa da situação, e vamos lá chegar dentro de um ano e meio para tomar as medidas que toda a gente então aceitará'. Chama-se a isto calculismo político, não interesse nacional.

Portanto, se o Orçamento for mau e as medidas previstas no PEC forem más, o PSD liderado por si censura este Governo...
- Penso que fui absolutamente claro sobre isso. É preferível enfrentar uma crise política e ultrapassá-la e ganhar credibilidade económica do que estar permanentemente numa situação de apodrecimento das instituições judiciais, das instituições políticas, e em particular da situação económica.

Fonte: CM, excerto de entrevista de Pedro Passos Coelho ao Correio da Manhã/Rádio Clube Português (sublinhados nossos).