sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Apoiado


Ribeiro e Castro considera que a Assembleia da República deve “discutir um modelo de gestão integrada das políticas do mar, quer no plano parlamentar, quer também, no futuro, ao nível da orgânica governamental”.

O também presidente da Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros salienta que as políticas do mar estão “dispersas” por várias comissões parlamentares e que, por isso, “há muitas coisas que não têm um sítio onde ser tratadas”. Um dos exemplos é o “agravamento de taxas do desembarque de passageiros de cruzeiros”, uma taxa lançada pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e que está a ser contestada pelo sector. “Não há nenhum sítio onde isto possa ser discutido de forma integrada”, reitera.

Esta comissão parlamentar “podia ser uma espécie de cluster político do mar, em que se discutia, de uma forma integrada, as diferentes perspectivas das políticas marítimas e a valorização de um recurso estratégico importantíssimo para o presente e para o futuro de Portugal”, acrescenta.

O deputado centrista já está a contactar deputados de outros partidos.

Fonte: Público/Lusa, 30.12.2010 - 14:54

Humano

Lula da Silva, Pernambuco - 28/12/2010:
Politicamente, uns gostam, outros não... óbvio. 
Agora, que este homem é de carne e osso, com um coração enorme, lá isso, ninguém lhe pode retirar.

Faz-nos falta ouvir

Grupo Boney M
Bobby Farrell (Aruba, 6 de outubro de 1949 - São Petersburgo, 30 de dezembro de 2010)

Rivers of Babylon:

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O Almirantado


Por norma, costumo assistir aos debates, formular opinião e, só depois, ouvir o que analistas e comentadores dizem. Nesta pré-campanha não foi assim. Não tive oportunidade de ver os debates presidenciais dos últimos dias  (cuja opinião publicada, em geral, classificou como "pobre"), excepto o desta noite, entre Cavaco Silva e Manuel Alegre. Pois bem. Se este, segundo foi dito, acabou por ser "o melhor de todos", imagina-se como foram os anteriores...

Manuel Alegre, mais natural nas águas onde se sente bem, parecia um «veterano» de Coimbra, a desafiar a Direcção Geral da Associação Académica numa Assembleia Magna. Cavaco Silva, que não gosta de ser contrariado, puxou da cátedra e mostrou saber as lições que têm vindo a fazer doutrina, qual professor que embirra com alunos que discordam da sua tese. Enfim... um "jurássico"... de um lado com um político da 1ª República e, do outro, um Almirante... com tantos assuntos que mereciam ser explorados atés parece que basta a Portugal esta "evolução na continuidade" com que todos, afinal, parecem não querer (ou não poder) deixar de contemporizar.

Haverá uma nota a retirar:
Manuel Alegre "patinou" quando confrontado com o uso que faria dos poderes presidenciais (leia-se dissolução do Parlamento), deixando a porta entreaberta para o FMI vir ditar "a bomba atómica", e Cavaco, à cautela, já foi avisando que, segundo as informações que tem, tanto do Governador do Banco de Portugal como o Governo, todos apontam para o facto de Portugal não necessitar de recorrer ao Fundo Europeu/FMI, reforçando ainda esta sua "convicção" nas palavras do Presidente da Comissão Europeia.

PS:
Já alguém reparou que ultimamente as televisões têm ido buscar cada vez mais convidados à galeria de "senadores" do País, para interpretarem o que se está a passar?
É sempre interessante e extremamente necessário, sobretudo em momentos cruciais, ouvirmos os pareceres experimentados e sábios de Mário Soares, Freitas do Amaral, Adriano Moreira, João Salgueiro, entre outras ilustres personalidades. Mas não deixa de fazer um bocadinho de confusão que em pleno fim de ciclo, com a III República "a dar as últimas", as figuras mais "salientes" da classe política no activo não pareçam ter muito mais para oferecer ao que aos costumes já disseram.   

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mensagens

Vem sendo habitual. Recebemos montes de mails e mensagens por sms nesta Época, umas pré-feitas, outras, cujos remetentes não conseguimos identificar, e outras ainda, ficamos a saber que esta ou aquela pessoa mantém o nosso contacto e afinal não está desaparecida, como tínhamos chegado a pensar ao longo dos últimos doze meses.

Aqui fica, pois, o agradecimento: "Agradeço a lembrança da sua mensagem de Natal, que registo, e cuja essência gostaria de continuar partilhando para além da Quadra, com a amizade de sempre.
Assim tenhamos saúde para que, com renovadas forças, possamos continuar na plenitude, prontos para receber o Ano Novo em solidária confiança." 

... Soa um bocadinho cínico, talvez. Mas também é verdade, diga-se. Apesar de ser Natal.  

sábado, 4 de dezembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Tal pai, tal filho

Cavaco Silva, no outro dia (e bem), a propósito da entrada iminente do FMI em Portugal, e na sequêencia de uma série de gaffes de membros do Governo e  outras figuras destacadas, disse ser altura de poupar em palavras. Aproveitou o momento, não só para ditar o que se impunha mas também, em larga medida, para tentar justificar o gritante silêncio a que se remeteu em momentos-chave do mandato que agora se aproxima do fim.

Por seu turno, Pedro Passos Coelho, que desde que foi eleito líder do PSD não se fartou de bradar que fazia e acontecia, qual "animal feroz", estratégia que culminou num autêntico chinfrim, até à votação na generalidade do OE/2011, desde há dias, quando se encontrou com Cavaco Silva, na sede de candidatura deste, também aproveitou o momento para "mudar a agulha", adoçando a voz do seu Partido e tomando à letra o conselho do Prof. Cavaco, tanto, tanto, que agora parece ter emudecido.

Já alguém reparou que Passos Coelho e Cavaco Silva parecem estar em plena osmose, sendo que o outrora líder da Jota adoptou a táctica do mais fiel mimetismo relativamente ao "pai", Cavaco?

Que parecidos que eles estão. Tal pai, tal filho. Realmente, na política portuguesa, continua a fazer escola a teoria de que, "o que é preciso é estar lá, nada dizer, nada fazer, e deixar passar tempo". 

Cimeiros em cimeiras

Para lá dos resultados emanados da Cimeira da NATO, para lá das referências expressas por muitos à impecabilidade com Portugal soube organizar e acolher um encontro desta envergadura, o que muito nos prestigia e dignifica, haverá outra nota que vem a propósito:
É que os portugueses, talvez como nenhum outro povo no concerto das Nações, têm uma propensão natural para o diálogo, a mediação, a concórdia... numa palavra, para o universalismo. Somos cimeiros quando se trata de conciliar, pois a massa de que somos feitos presta-se a às mais variadas pontes diplomáticas, geopolíticas e civilizacionais. 
Tem-se falado muito na nossa falta de desígnios estatégicos. Pois bem; um dos desígnios vai ter de passar por aqui. Quem sabe se não seremos o País com maior potencial para, no contexto da Organização das Nações Unidas, promover a tão reclamada reforma institucional da ONU, desajustada e distante que hoje está da realidade pós-II Guerra Mundial, quando foi criada?  

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A Pátria agradece

Numa iniciativa inédita, o juiz-presidente do Tribunal de Alenquer, Afonso Dinis Nunes, decidiu reduzir o seu horário de trabalho em cerca de duas horas diárias, por causa do corte de 600 euros a que o seu salário vai ser sujeito. O ministro da Justiça, Alberto Martins, evitou comentar o caso, remetendo responsabilidades para o Conselho Superior de Magistratura (CSM), o órgão de gestão e disciplina dos juízes. Ao PÚBLICO, o juiz José Manuel Duro, do CSM, confirmou que o caso está a ser averiguado, para aferir se será ou não de "tomar alguma medida". Até lá, "não há comentários a fazer". (...)

Fonte: Público, 13.11.2010
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Pois bem...
Este insólito caso seria motivo para o mais rápido processo disciplinar da História do CSM:
Aberto o inquérito, o instrutor haveria de perguntar ao magistrado - "V. Exa. quer retratar-se, ou mantém o que disse, no despacho de fls. tal do Processo tal?"
Em retratando-se, o juiz haveria de levar uma reprimenda e ser punido com uma solene pena de advertência.

Caso contrário, a decisão haveria de ser tão clara quanto telegráfica:
"Ouvido o arguido, tendo este mantido as declarações exaradas, o CSM agradece os serviços prestados à Pátria pelo dr. Afonso Dinis Nunes, e decide aplicar-lhe a pena de demissão, por forma a que o magistrado se veja livre do exercício das funções, e possa, assim, dispôr de tempo inteiro para se dedicar às tarefas privadas que invoca não poder prescindir ".

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Quem são os loucos?


Parava no café quando eu lá estava
Na voz tinha o talento dos pedintes
Entre um cigarro e outro lá cravava
a bica, ao melhor dos seus ouvintes

As mãos e o olhar da mesma cor
Cinzenta como a roupa que trazia
Num gesto que podia ser de amor
Sorria, e ao partir agradecia

São os loucos de Lisboa
Que nos fazem duvidar
A Terra gira ao contrário
E os rios nascem no mar

Um dia numa sala do quarteto
Passou um filme lá do hospital
Onde o esquecido filmado no gueto
Entrava como artista principal

Compramos a entrada p'ra sessão
Pra ver tal personagem no écran
O rosto maltratado era a razão
não aparecer pela manhã

São os loucos de Lisboa
Que nos fazem duvidar
A Terra gira ao contrário
E os rios nascem no mar

Mudamos muita vez de calendário
Como o café mudou de freguesia
Deixamos de tributo a quem lá pára
Um louco a fazer-lhe companhia

E sempre a mesma posse o mesmo olhar
De quem não mede os dias que vagueam
Sentado la continua a cravar
Beijinhos as meninas que passeiam.

São os loucos de Lisboa
Que nos fazem duvidar
A Terra gira ao contrário
E os rios nascem no mar.

(letra «Loucos de Lisboa», Ala dos Namorados)

Qual o significado deste gesto?

É impressionante o modo como os lisboetas se juntaram no Saldanha para um gesto em que toda a Cidade se revê - uma manifestação em homenagem ao "senhor do adeus", com quem todos se cruzaram, agora, no dia em que partiu. É também muito interessante verificar o efeito multiplicador que os media, blogosfera e redes sociais, ao fazerem eco do desaparecimento desta figura de Lisboa, e de como conseguiram mobilizar o povo para a rua.   

Que significado terá este "Adeus", de centenas de pessoas, para além da homenagem, em si mesma? Será que vem aí um reforço do sentido de comunidade e o reconhecimento implícito de que não é mais possível continuarmos a viver como nas últimas décadas, demasiado alheados, indiferentes e demissionários de zelar pelo "espaço público", seja uma praça ou rua, uma freguesia ou vila, uma cidade ou país?

Adeus indiferença.
Olá participação!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

(des) Ordem com advogados

O debate a que assistimos na SIC/N, em directo, entre os 3 candidatos a Bastonário foi oco e fraquinho. A começar pelo moderador, Carlos Andrade, que não revelou grande jeito para a função. Por que não foram buscar Sofia Pinto Coelho, por exemplo?

Quanto aos contendores: 
- Luís Filipe Carvalho, o mais novo e bom comunicador, esteve demasiado agarrado ao mandato de Rogério Alves, como que a necessitar de apadrinhamento. Ficou aquém do potencial que parece ter;
- Fragoso Marques, supostamente o rosto da "evolução tranquila", redondo, redondo, redondo. Não se percebe bem o que quer, mas percebe-se que será uma figura benquista a alguns "barões", muito afoitos a salamaleques, tiradas vãs e sinecuras, para quem a Ordem há-de ser, sobretudo, uma espécie de "Palácio de Belém no 10 de Junho, com medalhas e honrarias para todos;
- António Marinho Pinto, igual a si próprio, no contra-ataque, na linha de um discurso cuja voz advogados, demais operadores judiciários e opinião pública já se habituaram.

O Estado definha e os cidadãos estão demissionários do exercício dos poderes/deveres que têm. A Ordem dos Advogados parece seguir-lhes o exemplo. Faltam figuras que imponham "autoridade natural", e que consigam transparecer que estão ali descomprometidas e livres. A pulverização dos poderes de cada vez maiores pequenos poderes de facto está a dar cabo de Portugal.     

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Seven

Batemos a barreira dos juros a 7%, limite fixado pelo Ministro Teixeira dos Santos, por outras palavras, para "atirar a toalha para o tapete" e recorrer ao FMI. Não é o tempo de julgamentos sumários ou contemporizações e, muito menos, paliativos. Deixemos a árvore e fixemo-nos na floresta. O Primeiro-Ministro deve remodelar o Governo. Já.
A começar pelo "Ministério-vértice" do trabalho alinhavado para o próximo ano e seguintes. José Sócrates tem de encontrar a sua "Ferreira Leite". Alguém que seja a encarnação, reconhecidamente, da austeridade, firmeza, rigor e contenção nas Finanças Públicas. Teixeira dos Santos devia sair. O cargo deve ser confiado a uma figura que vire a página e comece amanhã, como se amanhã fosse o 1º dia do Ano Novo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Pobres e mal agradecidos

Depois da perorações contraproducentes sobre "a questão da culpa", e tiradas pacóvias do género "pobres e mal agradecidos", que iam deitando o aturado acordo entre Governo+PS+PSD na sarjeta, ao 2º dia de discussão do OE/2011 e votação, na generalidade, duas figuras decisivas acabaram por salvar a "honra do convento": Manuela Ferreira Leite e Francisco Assis.

Manuela Ferreira Leite

De uma penada, conseguiu impor autoridade e sentido de Estado, onde reinava balbúrdia e "guerrinhas de dentes". Colocou o Governo "em sentido", meteu o Ministro das Finanças "no bolso" (ditando-lhe, quiçá, a candidatura a remodelável), "fez o BE e o PCP "baixarem a bola" e, nas entrelinhas, aproveitou para dar a maior sova a Pedro Passos Coelho que este alguma vez levara deste que foi eleito Presidente do PSD. Que se cuide, também ele...

Francisco Assis

Levando de empenho uma missão crucial, de esforço continuado, soube manter a lucidez de quem é capaz de se elevar do "gira baixinho", acalmou desatinos imberbes da sua Bancada, não perdeu o norte ante as derivas da novela e acabou por revelar-se, pelo lado do PS, na pedra angular do Orçamento, finalizando com um bom discurso, à altura do momento.

Governo, PS e PSD bem podem agradecer a estas duas figuras pelo tanto que, em sede parlamentar, já foi possível levar a termo.

Quanto a José Pedro Aguiar Branco, no 1º dia, e Augusto Santos Silva, no 2º, esses, apartando-se, acabaram por unir-se, tornando-se cúmplices num farisaísmo tão deplorável quanto burlesco. Perderam uma boa ocasião para estar calados - foram pobres e mal agradecidos.     

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Twit & twist


"O dia em que começou a ser debatido o Orçamento do Estado no parlamento foi também o dia escolhido por Cavaco Silva para estrear-se com comentários regulares noTwitter. "A actuação do Presidente da República não pode contribuir para o espectáculo público de cinismo ou de agressividade," diz na primeira mensagem, enviada já depois de terminados os trabalhos na Assembleia da República.

Sem referir destinatários concretos, publica quase de seguida uma nova mensagem: "Vejo com muita apreensão o desprestígio da classe política e a impaciência com que os cidadãos assistem a alguns debates."

O ainda Presidente da República reafirma depois o empenho na "promoção da estabilidade" e "na afirmação de uma cultura de diálogo e de compromisso por parte das forças políticas e dos agentes económicos e sociais". Mas num twit mais recente confessa que "estas exigências são particularmente intensas nos tempos difíceis em que vivemos."

A equipa de Cavaco Silva esclarece, também via Twitter, que a candidatura "vai usar todas as redes sociais" para comunicar e interagir com os cidadãos". (Sublinhados nossos).

Fonte: ionline, 03.11.2010
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Nada contra a utilização pelos políticos de redes sociais, fenómeno sociológico e comunicacional dos nossos dias. Mas, tendo em conta o grave momento e o teor da mensagem do Senhor Presidente da República, parece que Cavaco Silva "não está bom da cabeça".

Perante a notícia, acima reproduzida, a primeira coisa que ocorre é lembrar aquela pergunta, recorrente nas orais, no 1º Ano, em Direito Constitucional:
P - Em caso de impedimento temporário ou impossibilidade física permanente do PR, quem verifica?
R - O Tribunal Constitucional, nos termos da  CRP e da  Lei 28/82, de 15 de Novembro. 

Como diria o Prof. mais mediático do País:
P - O PR pode "twitar"?
R - Pode!
P - Mas pode "twitar" nos termos em que o fez?
R - Não! Não pode. Aí, o Tribunal Constitucional deve ser chamado a intervir, para verificar se o PR está na posse das suas faculdades.

Dor de alma


Segundo foi noticiado, os portugueses alhearam-se do primeiro dia de debate sobre Orçamento Geral do Estado para 2011. A ruptura entre os cidadãos e a política, cada vez mais funda, cada vez mais irremediável, bem pode dar para o torto um destes dias. Pressente-se. E sente-se que os nossos políticos estão amedrontados. Vai daí, em vez de lucidez e coragem, investem em fugas para a frente. O que se passou na Assembleia da República, neste 02 de Novembro, de má memória, por cima da vergonhosa novela exibida durante a negociação do Acordo/OE2011, foi apenas mais lenha para a fogueira. 

Triste. Muito triste. Dolorosamente triste.
Sentido de Estado? Ali, pouco ou nenhum.

Um Governo que se arrasta numa agonia de meter dó.
Um PS rançoso, sufocado, e desguarnecido na dúvida que começa a pairar, entre defender o quartel e abandonar o seu general. 
Um PSD ambivalente, cínico, manhoso e esfomeado por uma fatia dos lugares do aparelho de Estado, condição para a sua existência, enquanto partido de dimensão nacional.
Nas franjas, à esquerda, BE e CDU, cada um a gosto das suas bases sociológicas de apoio, ávidos para que o poder caia na rua. À direita, um CDS/PP que está longe de se apresentar como alternativa de coisa alguma, acantonado e refém, na expectativa do PSD vir a precisar dele.

Não haverá ninguém, em perfeito juízo, que possa dizer que o PS é capaz de levar esta Legislatura até ao fim. Como também não haverá ninguém que diga que qualquer uma das demais forças representadas no Parlamento tem capacidade para substituir o PS na governação. Pelo que se vê no Plenário da AR, nem PS mais PSD juntos.

domingo, 31 de outubro de 2010

Para que conste - candidatura de Cavaco Silva

26 de Outubro de 2010

Cavaco recandidata-se e afirma que país estaria pior sem ele

O actual Presidente da República, Cavaco Silva, anunciou a candidatura ao segundo mandato e prometeu uma campanha com menos gastos. Cavaco Silva apontou o desemprego e o endividamento externo como os principais problemas do país e garantiu que Portugal estaria numa situação mais complicada não tivesse sido a sua acção "intensa e ponderada" (...).

2010-10-27
Fonte: RTP online
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26 de Novembro de 2005

Cavaco e o Centro/Direita*

QUALQUER que seja o resultado eleitoral das presidenciais, depois de 22 de Janeiro, estará criado o espaço político para a refundação do centro/direita em Portugal.

No "day-after", PPD/PSD e o CDS/PP irão mergulhar numa tremenda crise de identidade. A ironia do destino provém do "Sebastianismo" com que Cavaco Silva se apresenta aos portugueses.

Depois de eleito o novo chefe de Estado, perceber-se-á que afinal, de entre o nevoeiro, o «Messias anunciado» não regressa. A esperança revelar-se-á vã. Quem enfrentar a nebulosa nacional, para ver o que está por detrás do "spleen", irá encontrar um campo vazio. Sem bandeira, sem defuntos e sem heróis. Apenas vazio.

Estará, assim, três décadas depois da fundação dos principais partidos, o campo aberto para a refundação do quadro político-partidário ao centro/direita. Abrindo-se caminho para a criação de uma corrente alternativa e regeneradora deste sistema político, definhado e em fim de ciclo.

Se Cavaco Silva ganhar, o exercício da sua magistratura será "uma pescadinha de rabo na boca". Promete ser um "Presidente activo", como se a sua chegada a Belém significasse um avocar das competências do Governo - que está sustentado no Parlamento por uma maioria absoluta!

A promessa, não passa de uma "blague" eleitoralista, apanhada na primeira curva, quando o mesmo candidato afirma também respeitar integralmente os poderes que a Constituição da República lhe conferem, ser um defensor da estabilidade governativa e escusar-se a avaliar o Governo de José Sócrates, indiciando cautela institucional. Onera-lhe ainda uma frase do seu tempo de coabitação com Mário Soares que soa forte - " O Governo governa, o Presidente preside! ".

Há uma contradição evidente nas duas ideias principais com que se propõe a Belém. O que o tornará um Presidente desconfortavelmente "passivo", refém da ordem constitucional da República (excepção feita ao precedente aberto pelo Presidente Jorge Sampaio) e das posições doutrinárias do partido que liderou.

Ainda assim, Cavaco-Presidente será tentado a "fazer o trapézio", num triângulo com a S. Caetano à Lapa, como, de resto, as posições assumidas por personalidades que lhe são próximas - relativamente ao sentido de voto do PPD/PSD, no último Orçamento de Estado - vêm sugerindo. Cavaco sempre há-de desejar um "longa manus" na direcção do Partido Social-Democrata…

Mas, no final de contas, acabará por actuar como um Presidente deste sistema, agradando ao "establishment" desta III República e asfixiando a afirmação de qualquer líder do PPD/PSD.

Quando aqueles que ao centro/direita defendem a ruptura concluírem que afinal, o "Messias" não vai governar, nem terá condições para dar outro rumo ao país, esses, não se resignarão com a "tutela de Belém" e, reencontrado o seu tempo, vão seguir seu caminho. Constituindo uma alternativa de poder.

E se Cavaco perder? A orfandade seria tal que o terramoto devastaria.

O PPD/PSD, que aposta sem reservas na eleição do seu "salvador da Pátria", entraria em colapso e ver-se-ia obrigado à mais profunda das reflexões. A abertura de um Conclave seria fatal e dramática. Entre os sociais-democratas viria a lume tudo aquilo em que o partido se tornou. Uma organização desajustada, depauperada de quadros capazes e com um cariz acentuadamente "feudal", tal é a pulverização do poder interno. A mediocridade das estruturas, o caciquismo e o desnorte ao nível do pensamento político resultariam numa clivagem irremediável. De um lado, a "ala PSD", aquela que o pior do cavaquismo alimentou - mais subserviente, faminta de aparelho de Estado e situacionista. Do outro, a "ala PPD", aquela que o pior do cavaquismo tratou como bastarda; mais fracturante, patriótica e popular. A “família social-democrata” entraria em processo de cisão.

No CDS/PP, a fractura, já exposta, também seria inevitável. O CDS tornar-se-ia residual e o PP voltaria a emergir.

Deste modo, PPD‘s, PP‘s, outros partidos, movimentos e cidadãos Independentes, que não se revêem nos poderes instalados, vão ter que se entender. Para que possam criar um tronco-comum, com vocação de Governo, devidamente instituído e legitimamente representativo do espaço sociológico do centro/direita português.

Essa corrente inspirar-se-á nas experiências dos Governos AD, bem como numa "correcção genética", que remonta a 1974, à fundação dos velhos PPD e CDS. E na adopção de um programa e regras internas, adequados aos tempos modernos. A aliança assumir-se-á em bloco, com um lastro político definido, reestruturado e apto a apelar a todos quantos, não se identificando com nenhuma força à esquerda, também já não acreditam neste PPD/PSD e neste CDS/PP.

O caminho do centro/direita em Portugal, ao invés do que Cavaco pensa, não será situacionista, antipolítico, ou "peronista". Será inconformado, político e partidário em novos moldes. Pronto para combater a actual decrepitude da III República. No sentido da regeneração da democracia, da garantia das liberdades individuais, do incremento das reformas estruturais na economia, finanças e justiça social, do reforço da autoridade do Estado e da assunção da extensão de Portugal no mundo.

É esta a ironia do destino que Cavaco Silva vem propiciar ao centro/direita português - com ou sem ele em Belém, depressa veremos, com nitidez, um grande campo político. Que está vazio. Haja, pois, quem se predisponha a restaurar a essência da política e a sua dignidade, chamando os portugueses para a missão de retirar o país do torpor em que se encontra.

Trata-se de devolver a Portugal um projecto "de mão cheia". Que jamais poderá perder-se no meio do nevoeiro.

RICARDO ALVES GOMES
* artigo de opinião, publicado na edição do Expresso de 26 de Novembro de 2005

Chocolate em tempo de crise?

Que os rapazes do PS e do PSD, parece, ainda precisam de beber muito leite, a ver se crescem e ganham algum juízo, já Portugal inteiro percebeu. Agora, que alguns exijam que o milk, de primeira necessidade, seja com chocolate, tenham mas é lá paciência!...

Razão tem Alberto João Jardim, quando vem dizer que "esta República já deu o que tinha a dar".

Que seria?

Está visto. O Professor Cavaco Silva não gosta mesmo nada de outdoors e, desta vez, até vai aproveitar para poupar. Em que situação estaria hoje Portugal se não tivesse sido a sua acção, ainda que, por vezes, discreta?...

Sem expressão real?

Rotativismo foi a designação dada ao sistema político-partidário que vigorou em Portugal durante a segunda metade do século XIX, com maior expressão no período entre 1878 e 1900. O sistema era caracterizado pela alternância no poder dos dois grandes partidos políticos do centro-direita e centro-esquerda, na maior parte do período entre o Partido Regenerador e o Partido Progressista ou o Partido Histórico.

O rotativismo português, de inspiração britânica, teve o seu período áureo entre 1878 e 1890: durante esse período, o Partido Regenerador, liderado por Fontes Pereira de Melo, governou durante 81 meses e o Partido Progressista durante 69 meses. Fora deste regime alternante ficavam apenas os pequenos partidos de oposição permanente – o Partido Republicano Português e o Partido Socialista Português – que se dedicavam ao combate contra o regime pela via doutrinária, perpetuamente fora do arco do poder e sem expressão parlamentar relevante.


No rotativismo português, os dois partidos do centro – Regenerador e Progressista – conseguiram, com pequenos hiatos, manter a alternância no poder até 1906, ano em que o sistema finalmente colapsa por esgotamento de soluções que resulta da dissidência de João Franco que em 1901 liderara uma cisão no Partido Regenerador que dera origem à formação dum novo Partido – o Regenerador Liberal (que ainda assim apenas conseguiu um lugar de deputado nas eleições).


Apesar dos maus resultados eleitorais, alias de esperar face ao caciquismo e à fraude eleitoral que protegia os partidos do rotativismo, João Franco consegue manter uma intensa acção de propaganda que lhe permitiu em Abril de 1906 formar a Concentração Liberal, unindo-se ao Partido Progressista para combater nas urnas o Partido Regenerador que acabara de ascender ao poder. Nas suas palavras, aquilo que décadas antes fora o grante da estabilidade política e do constitucionalismo era agor denunciado como a alternação no poder de dois Partidos acordados entre si para evitarem uma séria fiscalização parlamentar.


A implantação da República Portuguesa a 5 de Outubro de 1910 e a recomposição partidária que se lhe seguiu pôs fim ao sistema, já que durante a curta Primeira República Portuguesa o predomínio do Partido Republicano Português e a instabilidade política que se seguiu à sua fragmentação nunca permitiram que o sistema se refizesse. Apenas nas últimas duas década começam a surgir sinais de um novo rotativismo, desta vez protagonizado pelo Partido Socialista e pelo Partido Social-Democrata, mas ainda sem expressão real.


Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre (com sublinhado nosso).

Que coerência!

Paulo Portas justificou a posição do CDS/PP em votar contra o OE/2011 com a palavra «coerência». O OE, péssimo, diz ele, sempre soube que acabaria por ser aprovado pelo PS mais o PSD - com a bênção de Cavaco Silva, dizemos nós.  

Até aqui, percebe-se... 

O que já não se percebe é que o líder dos populares, O Coerente, tenha vindo anunciar a posição de apoiar Cavaco Silva para uma reeleição presidencial, o mesmo que acabou de colocar a "bandeira nacional por cima" das políticas contra as quais Portas vai dizer cobras e lagartos - já na discussão do Orçamento - num discurso a ensaiar a campanha das próximas eleições legislativas, onde irá encher o peito, dizendo que o CDS/PP é a verdadeira alternativa de Centro-Direita em Portugal, e que PS e PSD são "farinha do mesmo saco". 

Que coerência!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Limiano

Os holofotes estão montados e os flashes prontos a disparar. O País está exaurido e não aguenta ficar em suspenso por muitos mais dias... 

... E se, de repente, Paulo Portas, que tem andado "calado que nem um rato" - mas que vai falar, precisamente na véspera do início das negociações Governo/ PSD - viesse dizer que o CDS/PP, patrioticamente, equidistante da barganha do Bloco Central, garantirá a viabilização do OE/2011, salvando, assim, Portugal da bancarrota?

Como ficaria, no minuto seguinte, a imagem de Paulo Portas junto dos portugueses, comparada com a dupla José Sócrates/Passos Coelho? 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Um passo em frente?

Na década de 60, no Brasil, ficou célebre a frase do General Artur da Costa e Silva, quando disse, "Pegamos o país à beira do abismo e demos um passo à frente"...

Em 2010, em Portugal, temos os passos de Passos. Vejamos:




18 de Outubro de 2010


Pedro Passos Coelho admite que Portugal ficará numa situação "muito difícil" caso o Orçamento do Estado para 2011 não seja aprovado. O líder dos sociais-democratas fez esta revelação numa entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine, mas sem, no entanto, revelar qual será o sentido de voto do partido quando o documento for a votação na Assembleia da República.

Fonte: RTP

07 de Março de 2010
Pedro Passos Coelho, candidato a líder do PSD, defende que é preferível chumbar um mau Orçamento do que manter a estratégia de calculismo que atribuiu a algumas pessoas do partido.

(...)
Ao nível, por exemplo de viabilização do Orçamento de Estado.
- O PSD assumiu uma posição que foi abster-se para deixar passar o Orçamento, apesar de dizer que é mau. É uma coisa que confesso que tenho dificuldade em entender. Se o Orçamento é mau não sei porque é que o deixam passar. Mas enfim... Há pessoas que me acusam de ser muito redondo, mas não conseguem explicar com clareza a sua posição.

Se não passasse o Orçamento caía o Governo e havia uma crise política em Portugal. E as agências de rating aproveitar-se-iam disso... Foi por sentido de Estado.
- Tenho a opinião contrária. Se o Orçamento é mau, as agências de rating e a Comissão Europeia não vão gostar dele, como não gostaram.

Bom, mas ainda faltam as medidas do PEC...
- É verdade, mas é insuportável esta ideia de que nós temos na nossa mão o poder de dar confiança ou retirá-la, aprovar ou desaprovar um instrumento financeiro, e nos preocupemos apenas com o tacticismo político. E é isso que se está a passar na conversa do Orçamento. Se o Orçamento for mau, é um bem para o País que ele seja chumbado. Isso é a primeira coisa que se tem de dizer, porque um Orçamento mau retira credibilidade à política portuguesa e nós seremos penalizados pelas agências de rating. Elas não nos penalizam mais hoje porque estão na expectativa de que o Governo emende a mão com o PEC, pois já não acreditam neste Orçamento. O pior que pode acontecer nos mercados é manter o Orçamento se ele é mau. Portanto, não se trata de uma questão de patriotismo ou de responsabilidade, é exactamente ao contrário.

Mas se não fosse o PSD, outros partidos o fariam...
- Em política podemos responder por nós. Os outros partidos respondem por eles.

Mas tradicionalmente, na democracia portuguesa quem faz cair um governo é penalizado nas urnas...
- Ah... Estamos a chegar a um ponto que é importante: há pessoas no PSD que estão mais preocupadas com o que lhes pode acontecer em eleições do que com aquilo de que o País precisa. Não temos um Orçamento como deve ser porque o PSD estava muito preocupado em que houvesse uma crise e tivesse de ser chamado à responsabilidade de fazer governo numa altura difícil. Preferiu castigar o engenheiro Sócrates, dizendo 'O Sr. vai ficar aí a fazer uma má política mais um ano e meio até o País ser suficientemente castigado para perceber que nós não temos culpa da situação, e vamos lá chegar dentro de um ano e meio para tomar as medidas que toda a gente então aceitará'. Chama-se a isto calculismo político, não interesse nacional.

Portanto, se o Orçamento for mau e as medidas previstas no PEC forem más, o PSD liderado por si censura este Governo...
- Penso que fui absolutamente claro sobre isso. É preferível enfrentar uma crise política e ultrapassá-la e ganhar credibilidade económica do que estar permanentemente numa situação de apodrecimento das instituições judiciais, das instituições políticas, e em particular da situação económica.

Fonte: CM, excerto de entrevista de Pedro Passos Coelho ao Correio da Manhã/Rádio Clube Português (sublinhados nossos).

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

E agora, Passos no trapézio


29.09.2010 - Conselho de Ministros Extraordinário - OE/2011

REDUÇÃO DA DESPESA

1. Congelamento do investimento até ao final do ano (já em 2010)

2. Corte de 5% dos salários da Função Pública

3. Redução da despesa com ajudas de custo, horas extraordinárias e acumulação de funções, bem como impossibilitar a acumulação de salários públicos com pensões (já em 2010)

4. Congelamento das pensões durante o ano de 2011

5. Redução em 20% com o Rendimento Social de Inserção

6. Redução da despesa com indemenizaçoes compensatórias e subsídos às empresas

7. Congelamento de promoções e progressões na carreira

8. Redução em 20% na frota automóvel do Estado

9. Congelamento das admissões e redução do número de contratados na Função Pública (já em 2010)

10. Congelamento do abono de família para os rendimentos mais elevados (já em 2010)

11. Redução das transferências para os fundos e serviços autónomos, para as autarquias e para as regiões.

12. Reduzir as despesas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente com medicamentos e meios complementares de diagnóstico (já em 2010)

13. Reduzir os encargos da ADSE (já em 2010)

14. Reduzir as despesas com o PIDDAC

15. Extinguir/fundir organismos da Administração Pública directa e indirecta

16. Reorganizar e racionalizar o sector Empresarial do Estado reduzindo o número de entidades e o número de cargos dirigentes

AUMENTO DA RECEITA

1. Aumento da taxa máxima do IVA para 23%

2. Revisão das tabelas anexas ao Código do IVA

3. Imposição de uma contribuição ao sistema financeiro em linha com a iniciativa em curso na UE

4. Revisão das deduções à colecta do IRS

5. Revisão dos benefícios fiscais para pessoas colectivas

6. Convergência da tributação dos rendimentos da categoria H com regime de tributação da categoria A

7. Aumento em 1 ponto percentual da contribuição dos trabalhadroes para a Caixa Geral de Aposentações (já em 2010)

8. Código Contributivo

9. Outras receitas não fiscais previsíveis resultantes de concessões várias: jogos, explorações hídricas e telecomunicações

(Fonte: DE de 29.09.2010, às 20:50h)


29.09.2010 - Pedro Passos Coelho à saída da audiência com o Presidente da República - OE/2011

Passos Coelho não cede nem um milímetro no discurso e foi hoje a Belém reafirmar "não se sente obrigado a aprovar qualquer orçamento".

Mais impostos, nem pensar, porque "sempre que os impostos subiram, a despesa subiu também" e, portanto, "o PSD não está disponível para voltar a aprovar" novas subidas na carga fiscal.

Reafirmando que será "no quadro parlamentar" que o documento será negociado, o líder do PSD garantiu que transmitiu a Cavaco, na audiência que durou cerca de uma hora, que o partido "assume as suas responsabilidades" e que considera que "era importante ter um orçamento aprovado, mas que corresponda ao crescimento da economia e criação de emprego".

Passos Coelho disse ainda que o PSD não considera "tolerável" a forma como o PS e o Governo têm colocado o país "sobre a ameaça de uma crise política se o Parlamento não fizer o que o Governo quer". Lembrando que não há como resolver a situação numa altura em que a Constituição não permite a dissolução da Assembleia da República, Passos instou o Executivo a assumir "sentido de responsabilidade para que o país não sofra mais".

Passos Coelho diz que os social-democratas estão disponíveis " para encontrar soluções positivas para o futuro, mas não para penhorar o futuro, tapando com impostos o que não se corta na despesa". Por isso, desafia o Governo a dizer "quais os cortes na despesa" que pretende fazer.

Sem responder a qualquer pergunta dos jornalistas no final da audição com o Presidente da República, Passos disse ainda que aguardará "com serenidade" que o Governo apresente o orçamento e "só nessa altura" se pronunciará. (sublinhados nossos).

(Fonte: DE de 29.09.2010, às 12:00h)

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E agora, Passos?...

Uma cambalhota monumental? Mais um pedido de desculpas? Terá sido a firmeza da decisão de acabar com os encontros a sós com José Sócrates que o forçaram a vir apresentar estas medidas?

Ou, afinal, no ponto a que chegámos, foi a União Europeia - para se salvar, ela própria - com o suporte da OCDE e do FMI, que "aviaram a receita" e a mandaram para Belém e S.Bento, sem saberem, sequer, quem é ou que diz o líder do maior Partido da Oposição em Portugal?  

sábado, 25 de setembro de 2010

Abutres

Será que vale a pena sabermos notícias do País?
Será que vale a pena dispensarmos alguns minutos de atenção ao que dizem Governo e Oposição?
Será que o PS e o PSD são mesmo diferentes, ou serão farinha do mesmo saco, meras máquinas de alcançar e distribuir poder?

- O PR está de mãos atadas... sorte a dele. Depois de um dia em campanha alegre, piamente crente na capacidade do Bloco Central para se entender no Orçamento, percebe, finalmente, o forrobodó entre PS e PSD, e decide (Aleluia!) chamar os Partidos a Belém.
- Sócrates diz que acha isso bem, mas que quem governa é o Governo, mas que se outros não querem assumir a governação há quem esteja de pedra e cal, mas que sem Orçamento à primeira vai-se embora, etc.
- Pedro Passos Coelho diz que a sós com Sócrates nunca mais, que precisa de testemunhas, que o PSD não negoceia, blá, blá, blá...
- Para cúmulo, em fim de noite, o Expresso traz em manchete que não há negociação mas acabará por haver viabilização do OE...

Alguém percebe alguma coisa disto!? 
Estão todos cada vez mais parecidos. Parece que ninguém quer saber mais de Portugal e cada um apenas quer salvar a sua pele, na voragem e na penúria de manjar uma carcaça...

Há quem diga, prá rua com o FMI, antes mesmo dele cá entrar...
Que tal se nos livrássemos dos abutres (PS+PSD), antes mesmo dele de cá sair!?

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Toca Forrobodó!


Não é embirração. Ironia, talvez. Quando Pedro Passos Coelho aparece na televisão, só de pensar que ali está o novo Primeiro-Ministro de Portugal, a imagem que ocorre é a daquela cantiga chamada "Brilho Dental":  

 Se o Rui Veloso fosse chefiar o Governo e PPC fosse cantar, quem sabe se, ao menos, o Povo não ficava mais contente? 

domingo, 15 de agosto de 2010

Tásse bem!



Bem andou o Governo quando vetou o negócio da PT com Telefónica
Nada tinha que ver com rivalidades saloias com Espanha, nem era coisa para fazer do patriotismo a mais pura demagogia. Não!
Tratava-se de acautelar os interesses nacionais, em toda as suas dimensões.
No fundo, uma questão de independência, por via da conservação de um sector estratégico em mãos portuguesas.

Passados uns dias, o Governo mete a viola no saco e passa a achar um óptimo negócio, chegando a congratular-se, para gáudio dos mega-accionistas - e da Oposição - com eles alinhada.

Será que o que, antes, era do maior "interesse estratégico nacional", deixou de o ser?
Das negociações posteriores só terá podido resultar uma alteração substancial das circunstâncias. Pois, talvez... mas qual?
Alguém viu o Governo explicar? Alguém viu a Oposição reclamar uma justificação para tamanha reviravolta?

Enquanto não me explicarem, muito bem explicadinho, a explicação que colhe é aquela que o Povo costuma dar... o dinheiro faz rir meninos.


Já faz parte do Verão português.
Mais calor, mais fogos. Muitos fogos. 

Quem apaga o fogo?
Operacionalmente, os Bombeiros, em articulação com Autoridades dispersas, Instituições diversas, e muitos populares de boa vontade.
E quem comanda os comandos? Pois se o PR e o PM não sabem, como é que nós havemos de saber?

Caso é para dizer, cada um apaga o seu foco local e ninguém apaga o fogo nacional.
Estamos ao "Deus-dará". Nos incêndios, como no resto. A dantesca visão ilustra Portugal, no seu pior.
No Inverno vêm as cheias. A cena repete-se.
E assim vamos, cantando e rindo... 

  
Com vésperas, já a comunicação social fazia parangonas, com o suposto estrondoso discurso de Pedro Passos Coelho no Pontal/Calçadão de Quarteira.
Economia e Justiça, lia-se.

Iria anunciar "chumbo" do PSD no Orçamento de Estado?
Iria "pedir a cabeça" do PGR?

Vi. Não me lembro de um discurso tão fraco de um líder da Oposição. 
A montanha pariu um rato.

Ele ameaça, ameaça, e depois "corta-se".
Passos Coelho passou o discurso a tentar justificar-se, em vez de pedir justificações ao Governo.
Depois, "embrulhou-se todo" na sua proposta de Estado Social, que ficamos sem saber qual é.

No virar da página, entra na Justiça.
Vem aí o Procurador-Geral... pensou-se. Mas não! Sai "em sorte" um Vice-Procurador... a ponto da SIC/N cortar-lhe "o pio" e passar a emissão para Lisboa... 
De facto, aquilo mais parecia um miúdo a falar do País em pleno torneio de voleibol, de praia.

Para memória futura do "evento", fica a festa de "despedida" de Mendes Bota, que bem merece um telegrama de José Sócrates. Mensagem do PM:
PORREIRO, PÁ!  

sábado, 24 de julho de 2010

Stress & Distress






1. O autor desta linhas foi sempre um entusiasta da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. 
Há muitos anos que defende um sério aprofundamento do papel da CPLP, até agora demasiado "protocolar". 

Sendo Portugal - pela sua posição geo-política; por se encontrar na encruzilhada da História; por constituir a mais preciosa ponte da Europa nas relações transatânticas; pela sua vocação marítima; e pelas condições para a promoção do diálogo inter-religioso e civilizacional - a CPLP, faz todo o sentido, deve ocupar um lugar cimeiro no desígnio estratégico a adoptar, e ser tratada como um assunto de Estado, em patamar similar ao que é dedicado à União Europeia. Nem mais, nem menos!

Os dois principais «activos» de Portugal são:
Em primeiro lugar, a Língua.
Em segundo, a nossa vocação marítima. 
É por isso que, simbolicamente, o Ministério da Cultura dever-se-ia chamar, «Ministério da Cultura e da Lusofonia», o Ministério dos Negócios Estrangeiros deveria ter uma «Secretaria de Estado da Cooperação com os Países Lusófonos», e o Ministério da Economia ser «da Economia e do Mar».

Ora bem:

Nos princípios não se transige, é certo. Portugal, por vezes demasiado ufano, costuma assumir-se como penhor dos direitos humanos e dos valores que presidem os estados de direito democrático. Não pode, pois, propagandear uma coisa e fazer outra.
Mas não admitir a entrada da Guiné-Equatorial ... porquê? Não se percebe.

Imaginemos que um Estado não democrático da América Latina, que falasse português, e que até estivesse disposto a adoptar o Castelhano, para e entrar numa comunidade que envolvesse outros países da américa latina, juntamente com Espanha.

- Alguém acha que os nossos vizinhos punham entraves? 
- Alguém acha que um estado não democrático deixará mais depressa de o ser caso fique fora da cooperação com outros, reconhecidos como tal?
- Alguém acha que Portugal não deve ter relações com a Venezuela, a China ou a Líbia?
- Alguém acha, a sério, que Portugal é um democracia exemplar? Que stress!

2. Foram "afixados na pauta" os resultados do já célebre teste ao stress da banca europeia. É preciso salvar o euro, está claro, e "injectar confiança nos mercados", Bruxelas (qual Roma!) dixit.
Ainda bem para Portugal. Os nossos quatro maiores bancos passaram na prova. Foi "à rasca", mas passaram, e isso é que importa. Tal como os alunos em vésperas de exame, chegou a haver stress. Oxalá o distress, agora, não seja grande demais.

É este o nosso melhor "pêndulo":
Bilhete de identidade, europeu; raíz humanista, judaico-cristã; cabeça, no velho continente; olhos, no mar; coração, na CPLP; vocação, universal.
Podem tirar-nos tudo. Do rectângulo da Península e das Ilhas, não nos arrancam.
Portugal, entreposto, viverá!      

quarta-feira, 21 de julho de 2010

É a Constituição, estúpidos!


Discussão bem interessante:

Debruçarmo-nos sobre se o momento indicado para alterar a Organização Política do Estado será em tempo de franco crescimento económico e bem-estar social, ou de falência iminente e descontentamento geral. 
A revisão das regras basilares do regime, dentro da moldura democrática, bem entendido, fará mais sentido ser promovida quando "tudo" vai mal. As comunidades, tal como as pessoas individualmente consideradas, seja a que nível for, tendem a perscrutar melhor as suas raízes, quando cientes de que é vital discutir tudo, tudo pôr em causa, e encontrar fórmulas novas, desadequadas que estão as vigentes, e inaptas se apresentam para novas respostas, em novos tempos. Referimo-nos, afinal, à inevitável refundação do regime em Portugal. 

Coisa diferente:
Fazer, ou, melhor, lançar o tema, de mais uma revisão constitucional. Quanto mais "remendos" tiver a Constituição da República, mais "anestesiada" fica a refundação do regime.

Ora, Pedro Passos Coelho, que não quer mudar regime nenhum, e sabe que a proposta que vai apresentar "não passará", não quer mudar o regime, nem tampouco alterar a  CRP. Não está em causa que algumas propostas farão todo o sentido, e outras, não lembram ao diabo.

O que está em causa? Puro marketing político, com "anti-jogo" pelo meio.

Passos Coelho, não tem uma solução política nem económico-financeira para tirar o País do "vermelho". Então, lança a proposta da revisão constitucional, ganha tempo de antena, aproveita para ir dizendo o que tem de ser feito, apresentando-se como alternativa, embora sem deitar o Governo abaixo...

Com esse "expediente" todo, entretanto, o tempo vai passando, e a situação vai-se degradando. Quando vierem as eleições, ou quando, depois das presidenciais, as sondagens lhe derem margem suficiente para as provocar, o líder do maior Partido da Oposição vai apresentar-se como o rosto da alternativa salvífica.
Vai ter conseguido disfarçar que foi conivente com o Governo, que andou, sempre, desde o Congresso em que foi eleito, a dar o dito por não dito, etc...
E zás! Pede maioria absoluta. Terá mesmo, mesmo "sem saber ler nem escrever"? Grande interrogação. Pode calhar, sabe-se lá ...

Seja como for, que PPC saiba que o que ele sabe, só um cego é que não vê.
Como de economia e finanças será o FMI a tratar, bem pode atirar - É a Constituição, estúpidos!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Louvado seja...


- O Presidente da Comissão Europeia:
O "nosso" José Manuel Barroso, aparece no telejornal da noite, a dizer que a discussão em torno dos "direitos especiais" (parece que agora é assim que se diz) que o Governo de Portugal decidiu exercer na PT, para inviabilizar a compra da Vivo pela Telefónica, não é uma questão política mas eminentemente jurídica. Noutro telejornal, uma hora depois, é veiculada a notícia que a Telefónica estará disposta a negociar com a PT e que o Governo poderá dar luz verde a uma nova solução que seja encontrada. Louvado seja...



- O Presidente da República Portuguesa:
O Presidente de "Portugal inteiro", Cavaco Silva, em alegre campanha pelas Ilhas de Cabo Verde, com notáveis na comitiva, note-se, mais criancinhas, bandeirinhas, apelos à mobilização da comunidade portuguesa, e ainda algumas canções de embalar. Descobriu "o mar". Pois... realmente, "no rectângulo", a coisa não está muito propícia para encenações... estará mais para coligações? Resta saber se volta a Lisboa ou se prossegue para São Tomé e Príncipe. O tal coqueiro ainda deve lá estar. Louvado seja...



- O Presidente do principal Partido da oposição em Portugal:
O candidato a Primeiro-Ministro, Passos Coelho, em digressão por Madrid é digno de ser apreciado... desde querer vender tudo, passando por encontros imediatos com empresários espanhóis no meio da rua, a lições de macro-economia, com propostas estratégicas para os "mercados emergentes", é finantial business que consola a ver. Mariano Rajoy deve ter ficado mesmo impressionado com tanto jogo! Louvado seja...



- O jogo da Espanha:
O jogo entre a Alemanha e a Espanha. Para além de ter dado gosto ver a Selecção de Espanha fazer "um jogão" e ganhar "sem espinhas", chegando pela primeira vez à final de Campeonato do Mundo, este que aqui escreve (que torceu pela "Furia Roja"), para além do espectáculo que é ver a equipa dos nossos vizinhos em campo, encontra outro motivo para a importância simbólica de um País do Sul vergar a super-poderosa Alemaha:
Talvez assim a Senhora Merkel - e outros - percebam que a Europa é mais que o Benelux acoplado ao Eixo franco-alemão. Importa  não esquecer. 

Voltando ao jogo, não há pachorra é para os comentadores de serviço. 
Cada jogada, um comentário de sinal contrário. A opinião varia, minuto a minuto.
No Alemanha-Espanha era "a questão do erro". A teoria dos germânicos deixarem jogar a Espanha e apostarem "no erro". E isto foi durando, durando, até que a Espanha marcou e passou a ser uma equipa fantástica, com uma táctica extraordinária. Que "erro"!
Erro, só se do comentador da RTP1, irra! Louvado seja...