quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Home, Sweet Home

Está a causar alarido o caso da família portuguesa, de apelido Sebastião, que emigrou para o Canadá em 2001, foi detectada em situação ilegal naquele País em 2007, e agora, com a prole mais numerosa, tem as malas aviadas de regresso à Ilha São Miguel, por ordem de deportação da parte do Canadian Border Services Agency.

Esgotadas que estão as vias legais  para impedir que esta família seja efectivamente deportada (tudo indica que sim), o Governo Português recorreu à diplomacia. Até escreveu duas cartas, "em cima do joelho", às autoridades de Ottawa, pedindo «um acto de clemência». O gesto é bonito...  

Agora pergunta-se:

Quantos milhares de portugueses vivem no Canadá?
A comunidade lusa emigrada no Canadá é «perseguida», ou antes respeitada? 
As autoridades canadianas deportam cidadãos portugueses a torto e a direito, só porque lhes apetece, ou existe uma lei de imigração naquele País que é para ser cumprida?
A família Sebastião cumpriu a lei canadiana ou não?
As autoridades portuguesas, designadamente o Consulado-Geral em Toronto, área de residência da Família Sebastião, não pôde fazer nada desde 2007 até agora?

... Esta história está mal contada!

PS: É claro que do ponto de vista humano, olhando para o caso em concreto, ninguém fica insensível, sobretudo pelas crianças que não têm culpa nenhuma das irresponsabilidades dos adultos. 
Quanto à maior preocupação da Família Sebastião, o facto de não terem nada na Ilha de São Miguel, o "Querido Líder" do povo insular já teve um gesto. O Governo Regional tem uma casinha pronta para acolher os Sebastião, que ainda terão direito a recepção oficial no Aeroporto, pela certa.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Socorro, Senhor Ministro!


Tem sido noticiado que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) prepara-se para desactivar o serviço nocturno de três dos seus cinco helicópteros.

Macedo de Cavaleiros, Aguiar da Beira e Loulé são, assim, as localidades que correm o risco de perder estes meio de transporte de doentes ou sinistrados.

«O custo de manutenção é elevado e há pouco serviço nocturno», dizem os responsáveis. Falam em 2 cerca de milhões de euros por ano.

Senhor Ministro da Saúde:

Tenha paciência! Mande calar imediatamente essas abéculas e ordene de pronto uma nota  à comunicação social, a esclarecer que os helicópetros são para continuar onde estão, sff.

Mais se sugere: 

Lembre-se sempre dos fogos, na alçada da Administração Interna, e das encomendas feitas «à pressa» de equipamento aéreo de combate aos incêndios...
  
Determine a abertura imediata de um processo de averiguações, com vista a tomar as medidas conducentes à eliminação de gastos absurdos realizados dentro do Instituto que tutela, por certo superiores aos tais 2 milhões de euros por ano, e que nada têm a ver com prestação de qualquer tipo de socorro.

Basta de brincar com assuntos muito sérios!

PS: Se os helicópteros são demasiado dispendiosos e as saídas nocturnas não justificam a sua presença em três dos pontos onde estão de prevenção, o que é que o INEM irá fazer a essas aeronaves? Vendê-las a "bom preço" em hasta pública? Francamente... 

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Soraias poderosas

Soraia Chaves
Actriz e modelo. 

Soraya Sáenz de Santamaría
Vice-Presidente, Ministra da Presidência e Porta-Voz do Governo. 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Aproveitou-se a cor da gravata

Foto: Sol

Falava há dias com um amigo que integrou o «núcleo duro» de Passos Coelho na disputa partidária e agora é um defensor convicto do Primeiro-Ministro.

Sabendo-me noutro registo perguntava-me que «nota» atribuia ao PM ao fim destes 6 meses.

Numa escala de 1 a 5? Sim. Quatro, respondi.

Primeiro, teve a frescura da legitimidade eleitoral e fez coligação depressa e bem.

Segundo, o «caderno de encargos» já fora acertado com a Troika, assumindo esta Legislatura um carácter excepcional por razões de todos conhecidas.

Terceiro, durante largos meses o PS praticamente não existiu e a «rua» foi serena.

Quarto, porque tanto a comunicação social como a opinião pública «pegaram» bem em Passos Coelho, cuja imagem que passa é de alguém que afinal está a sair-se melhor do que se esperava, baixas que eram as expectativas, por um lado, e de alguém que tem chegado aos portugueses num estilo igual a si próprio, de cidadão comum, por outro.

E logo acrescentei: 

Atenção. É possível que o PM não consiga manter esta performance em 2012. 

Nas últimas semanas notou-se que derrapou, sobretudo por ter falado demais.

O maior desafio de todos é mudar o «disco» da austeridade e do déficit.

As pessoas até aqui compreenderam que o País tinha de ir «ao limite». Mas a partir de agora muito dificilmente vão aceitar manter a «corda esticada», sem que do lado dos resultados, (da esperança, do crescimento, da justiça social, das reformas sobre o Estado e medidas sobre os mais poderosos, etc.) vejam que existe uma rota bem definida. Algo que faça sentir a todos que vamos sair mesmo da «fase crítica».       

Moral da história:

É bem mais fácil relatar uma conversa informal num post que escrever a Mensagem de Natal do Primeiro-Ministro.

Vimos Passos Coelho fazer a sua comunicação.

Da primeira vez, demos conta de que trazia uma gravata verde e não conseguimos reter as palavras ou uma ideia-chave... demasiado barulho na sala, pensámos.

Tornámos a ver noutro canal, desta vez sem qualquer ruído... igual.

Por via das dúvidas, fomos ler num jornal online... o mesmo. Com uma agravante - o discurso, para além de vago, enreda-se em de tal maneira que, daquilo que percebemos sobrou a preocupação de aflorar a palavra «Esperança», mesmo a condizer com a cor da gravata.

Era bom que o PM conseguisse descansar um pouco estes dias até ao Ano Novo.

Depois da Mensagem de Natal já parte para 2012 um nível abaixo.

E no Feriado, 1º Janeiro, fala o Senhor Presidente da República.

sábado, 24 de dezembro de 2011

A todos


Bom Natal


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Cautela com as patacas


A secretária de Estado do Tesouro e Finanças, Maria Luís Albuquerque, anunciou hoje que a proposta da Three Gorges, que pagou 2,69 mil milhões por 21,35% da EDP, foi seleccionada por ser “a mais forte em termos globais”. Fonte: Público, 22.12.2011

No Governo estão todos esfuziantes com a venda dos 21.35% da participação estatal portuguesa da EDP à estatal chinesa da «Three Gorges Corporation».

Pode até ter sido o "negócio do século"... veremos.

A ideia da oferta, por si só, e da alienação ser feita à República Popular da China sem que saibamos mais detalhes do negócio, recomenda alguma prudência, pelo menos para já. 

Quem teve a reacção mais sensata foi o PS.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Buena Suerte, Señor Rajoy!

“Juro cumplir fielmente las obligaciones del cargo de presidente de gobierno con lealtad al Rey y guardar y hacer guardar la Constitución como norma fundamental del Estado”, proclamó Rajoy con una mano sobre la Constitución y la otra sobre la Biblia. (...)
Fonte: La Tribuna, 21.12.2011

Não curamos agora aqui do perfil de Mariano Rajoy, do seu percurso, da surpresa geral que foi o elenco  governativo que escolheu, sobretudo Soraya Sáenz de Santamaría para Vice-Presidente, ou das palavras que proferiu.

Atemo-nos num aspecto solene apenas:

Em Espanha o Presidente do Governo, que equivale ao nosso Primeiro-Ministro, no acto formal da tomada de posse presta juramento perante o Rei, colocando a mão direita sobre Constituição e a esquerda sobre a Biblía, diante de um crucifixo, como se vê na foto.

Será que tal rito faz com que Espanha seja democrática, pluralista ou tolerante que Portugal?
Por que será que ainda não acabaram com essa tradição do lado de lá da fronteira?

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Tanta asneira para dizer uma coisa tão simples

Após a malfadada declaração de Passos Coelho sobre a emigração dos professores, criou-se um chinfrim tal que já quase ninguém (excepção para Morais Sarmento na Renascença) diz coisa com coisa. 

Desta vez a asneirada veio de onde menos se esperava: de que se havia de lembrar Paulo Rangel? A criação de «uma agência» destinada a promover o êxodo!

Se a ideia era minimizar os estragos, foi pior a emenda que o soneto. Enfim... quem faz declarações públicas nem sempre se sai bem. Nesta, o eurodeputado foi desastrado.

Óh meus Senhores! Vamos lá a ver se nos entendemos:

Não importa aqui escaranfunchar na raiz do problema, que teríamos de remontar ao «monstro» criado na ensino superior quando Cavaco Silva era Primeiro-Ministro.

- Há muito que é sabido que existem jovens quadros em Portugal cujas saídas profissionais o mercado não absorve; 

- Há muito que estamos excessivamente focados na UE, quando um dos eixos estratégicos do País deveria assentar na nossa vocação atlântica e no espaço lusófono;

- Há muito que os altos interesses da nossa geopolítica passam por uma presença forte nos Países de Língua Portuguesa, designadamente através de uma cooperação em domínios, como saúde, educação, justiça, segurança, etc., em que nenhuma outra potência instalada nesses países pode igualar-nos;

- Há muito que, apesar da política portugesa para o mundo lusófono ser feita em cima do joelho, existem quadros portugueses a procurarem os nossos «países-irmãos» para viver, integrando-se nas diversas comunidades sócio-profissionais, partilhando a prosperidade resultande do encontro entre quem chega e quem recebe;

- Há muito que está «na cara» que é no quadro da cooperação institucional, via CPLP, que Portugal deve celebrar contratos-programa, protocolos, acordos - o nome é aqui secundário - a fim de se promover uma mobilidade laboral (e não só) dentro da Comunidade que se revele vantajosa para os estados, as entidades e os cidadãos envolvidos.

Pelo que julgamos saber, Macau, onde o Governador Rocha Vieira foi determinante, será porventura um dos nossos melhores exemplos da tão desejada cooperação. Haverá outros, por certo.

PS: Há muito que defendo que os Governos de Portugal devem contar com um Ministério da Lusofonia e do Mar, e que as matérias que respeitam à CPLP seriam aqui tratadas em articulação com o MNE.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

De carrinho

Foto: Expresso

Alegando dificuldades de tesouraria, bem como obrigações com o Fisco, Segurança Social e credores, a CP - Comboios de Portugal, EPE.,  veio dizer que este ano não poderia pagar os salários aos traballhadores no dia 23 de Dezembro, como de costume, adiando a liquidação dos vencimentos para até ao último dia útil do ano. 

Por seu turno, o Sindicato do Sector Ferroviário pouco se ralou com isso, dizendo não haver indícios que os salários não sejam pagos até ao fim do Mês, e o Sindicato dos Maquinistas tem um pré-aviso de greve para os dias 23,24 e 25 de Dezembro e 01 de Janeiro.

Esta caricata situação, que já se arrasta há algum tempo, ilustra bem a mentalidade de certos sindicatos e as motivações das forças que os animam: «quanto pior, melhor». Quererão «enterrar» de vez a Empresa?

Basta de brincar ao 11 de Março! O Governo só tem uma coisa a fazer: decretar a requisição civil. Já! 

PS: Ainda no sector dos transportes, o CEO da TAP, Fernando Pinto, quer um tratamento excepcional para os funcionários da Empresa, relativamente aos cortes previstos no Orçamento de Estado. Percebe-se que Fernando Pinto, hábil a gerar soluções, queira manter os trabalhadores do seu lado e preservar um bom ambiente na Companhia em vésperas de privatização. Não pode ser. Como diz o povo, «ou há moralidade ou comem todos».        

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Oxalá que resulte

Foto: Expresso

Nada há a obstar, antes pelo contrário, à realização de Conselhos de Ministros «informais», como aquele que decorreu ao longo de todo o dia de ontem, no Forte de São Julião da Barra. A fórmula, não sendo nova, bem pode justificar-se, por diversos motivos. Neste caso, alegadamente, em traços largos, o Governo reuniria para fazer o ponto de situação quanto às metas orçamentais a alcançar no ano que agora finda, que parece estarem asseguradas, quanto à preparação das reformas estruturais a lançar em 2012, bem como às privatizações, ao tão aguardado «plano de fomento» da economia, assim como, por certo, a análise da posição de Portugal no actual contexto da UE, em geral, e da Zona Euro, em particular.

Da reunião de Oeiras transpirou a ideia de determinação e rumo. Numa palavra, era suposto sair a mensagem que os portugueses não estão sozinhos e que o Executivo de Passos Coelho tem a governação monitorizada, de modo a ultrapassarmos as dificuldades de 2012 com uma luz de fundada esperança bem visível, que é como quem diz, «vai valer a pena, e o esforço será compensado».

Ora, depois do PM e alguns Ministros ultimamente terem dado entrevistas ou proferido declarações a torto e a direito, é espantoso que no final do Conselho de Ministros a opção tenha sido pelo silêncio, apenas com uma brecha para uma declaração de circunstância do Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares que, basicamente, o que veio dizer foi que 2012 será um ano horribilis.

Das duas uma: ou era silêncio, o Governo não falava, e ponto final. Ou era para dar conta aos portugueses do que ali se passara, e faziam uma declaração com cabeça, tronco e membros.

Assim é que não! 

Anunciar que é para anunciar, lembra um pouco o pior dos Governos de António Guterres. 

O Governo acabou por falar e acabou por dizer nada. E sujeitou-se ainda a todo o tipo de especulações, ainda que a reunião tenha sido muito profícua. Não sabemos...

O que sabemos, pois está a tornar-se demasiado visível, é que o Primeiro-Ministro, para lá de saber que é preciso cumprir até à exaustão o Programa da Troika e agradar até ao tutano as directrizes da Senhora Merkel, dá impressão que pouco mais tem a acrescer, esgotando-se na missão planeada ainda antes de iniciar funções.

Por muito estranho que possa parecer, a verdade é que em Portugal temos um Chefe do Governo que não é um tecnocrata mas também não é um político, na acepção de «condutor de homens».

Oxalá que a fórmula resulte.

domingo, 18 de dezembro de 2011

PIB ou Produto Emocional Bruto?

Noruega é o país "mais feliz" do mundo

Num relatório divulgado esta semana, a revista Forbes lançou uma lista dos 20 países 'mais felizes' do mundo e uma outra com os 20 países 'mais tristes'. A Noruega lidera a primeira, enquanto a República de África Central se assume como líder da segunda.

Dada a subjectividade do conceito de felicidade, o estudo levado a cabo pelo Legatum Institute teve por base critérios específicos. Foram estudados dados dos últimos 40 anos de um total de 110 países que, conjuntamente, representam 93% da população mundial e 97% do PIB global. Na base da análise estiveram oito áreas consideradas fundamentais para determinar os níveis de prosperidade de um país: economia, empreendedorismo, administração governamental, educação, saúde, segurança, liberdades individuais e capital social.

Sem grandes surpresas, os resultados foram especialmente favoráveis para o norte da Europa e para os dois países no meio do Pacífico. (...)

(Fonte: SOL, 17.12.2011)

Consultar aqui a lista completa:
http://www.forbes.com/pictures/mef45ejmi/the-worlds-happiest-and-saddest-countries-2/

sábado, 17 de dezembro de 2011

Merry Christmas from Portugal




Enquanto que no website da Presidência da República é colocado um vídeo onde Cavaco Silva e a Primeira Dama dão as Boas Festas aos seus concidadãos do modo mais frouxo e enfezado de que há memória, uma tradicional marca portuguesa de licores reinventa-se. Com a simplicidade própria do bom marketing consegue ganhar notoriedade, endereçando ao casal Angela/Nicolas uma mensagem plena de significado.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ponham-se finos!


José Sócrates:"Para pequenos países como Portugal e Espanha, pagar a dívida é uma ideia de criança. As dívidas dos Estados são por definição eternas. As dívidas gerem-se. Foi assim que eu estudei". (Fonte: Jornal de Negócios Online, 07.12.2011)

Deputado Pedro Nuno Santos:“Estou marimbando-me para os bancos alemães que nos emprestaram dinheiro nas condições em que nos emprestaram. Estou marimbando-me que nos chamem irresponsáveis. Nós temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e dos franceses. Ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos a dívida” e se o fizermos “as pernas dos banqueiros alemães até tremem”. (Fonte: Jornal de Negócios Online, 15.12.2011)

Quiçá na esteira de uma interpretação literal das palavras de José Sócrates sobre a dívida, o deputado Pedro Nuno Santos, que estudou mesmo economia, teve ontem no Parlamento o seu momento alto, na sequência de um discurso em que tinha enchido o peito, Sábado passado, em Castelo de Paiva.

Não há norma na Constituição, na Lei, ou sequer no Regimento da AR, que proíba o direito à asneira. Tal como nada impede que um tribuno possa vir aclarar, reformular ou até modificar o sentido de uma declaração, explicando-se sobre aquilo que de facto queria dizer, como sucedeu, tendo o eleito acabado por emendar a «bojarda».

Por muito folclore que se faça em redor do espalhafato deste ilustre mandatário do povo português, talvez seja um «pouco excessivo» extrapolar-se daí para o plano externo, e as consequências nefastas que o calibre e os decibéis do Sr. Deputado possam causar na credibilidade do País junto dos nossos credores. 

Já no plano interno, atenta a elevação que se requeria aos líderes das bancadas parlamentares do PS e do PSD, é que sobejam motivos para um «voto de protesto».

Ver de uma banda o atordoado Carlos Zorrinho dizer que o seu colega utilizou uma linguagem "imagética muito rica, talvez excessiva" e, da outra, o solene Luís Montenegro sair-se com, "é altura de ouvir o senhor secretário-geral do PS, António José Seguro, no sentido de perceber se ele acompanha ou não a posição de um destacado deputado da sua bancada, que pertence ao núcleo duro da área económica do grupo parlamentar do PS, da direcção política do PS" é que é ridículo, para não dizer uma palhaçada.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Eis o niilismo esclarecido


O primeiro-ministro defendeu hoje que "cada  oportunidade perdida é uma pequena tragédia" de que o país nunca recupera,  e rejeitou que, em tempos de crise, a arte e a cultura devam ser subordinadas  a outras prioridades. 

Pedro Passos Coelho falava durante o discurso de inauguração do Centro de Arte Moderna Gerado Rueda, em Matosinhos. (...)

"Este não é o Portugal em que eu acredito. (...) O capital humano não é senão a capacidade de inventar um futuro novo, de multiplicar possibilidades e abrir horizontes. Cada oportunidade perdida é uma pequena tragédia de que nunca recuperaremos. Isto vale para as artes como para a economia", defendeu.

O primeiro-ministro rejeitou ainda a ideia de que "em tempos de emergência" como o atual as artes e a cultura "devem ser subordinadas a outras prioridades", defendendo que é "precisamente" em períodos como este que se deve "misturar ainda mais as nossas vidas com as artes e com a cultura".

Destacando que o Centro de Arte Moderna Gerado Rueda resulta de uma parceria entre a Câmara de Matosinhos e a Fundação Gerardo Rueda, o governante salientou que é objetivo que "a rede de ligações entre Portugal e Espanha seja tão densa quanto possível", considerando que "a riqueza cultural dos dois países não pode ser desperdiçada".

A cerimónia contou igualmente com a presença do antigo chefe do governo espanhol Jose Maria Aznar, do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, do secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, do presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto e do ex-líder social democrata Fernando Nogueira.

(Fonte: Lusa/SICNotícias online, 15.12.2011)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Cantam bem mas não alegram

Pedro Passos Coelho tem-se desdobrado em entrevistas. Nos últimos tempos, raro é o jornal, radio ou televisão que ainda não teve o Primeiro-Ministro em antena. Dantes, quando o Chefe do Governo falava, o País parava. Era importante ouvir. Agora, tornou-se banal. Vê-se quando calha. Isto dá que pensar, sobretudo quando Portugal vive um dos períodos mais periclitantes da sua História e a Europa assemelha-se a um Titanic à deriva num mar de gelo. O mesmo se diga do líder do principal partido da oposição. Eles falam, falam, falam... mas poucas atenções despertam e os ânimos esmorecem. 

domingo, 11 de dezembro de 2011

Laranjina C

PSD tem "Plano B ao PEC"

O PSD explica amanhã no Parlamento como é que cortava mais na despesa do Estado evitando as medidas fiscais do Governo.

"Há um caminho alternativo ao traçado pelo Governo", afirmou Miguel Relvas, novo porta-voz do PSD, no fim da 1ª reunião da Comissão Política do partido eleita com a liderança de Pedro Passos Coelho. Relvas anunciou "um Plano B ao PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento)" e amanhã o PSD apresenta no Parlamento propostas concretas de cortes na despesa pública e no desperdício do Estado, com que diz ser possível evitar as medidas fiscais do Governo que reduzem as deduções para a classe média.

"É possível evitar a sobrecarga sobre as famílias portuguesas", afirmou Relvas. Amanhã o PSD explica, na Assembleia da República, como é que se propõe reduzir as despesas correntes do Estado. Miguel Frasquilho será o rosto do novo PSD numa interpelação ao Governo sobre política económica e social.

A nova direcção social-democrata anunciou uma festa de comemoração do aniversário do partido, para 7 de Maio, na Trofa.

Fonte: Expresso, 20.04.2010


Revista de Imprensa - 10 de Novembro

A edição de hoje do Expresso publica uma entrevista ao ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, no qual o governante refere que «este é o primeiro governo sem plano B: acerta ou falha».

Na entrevista, Miguel Relvas diz estar «certo de que vai ser possível criar entendimentos com PS», acreditar «ter comprador para a RTP» e que o primeiro-ministro «fez da coligação um Governo de um só partido».

Sobre as alienações previstas pelo Governo, entre as quais um dos canais da RTP, Miguel Relvas afirma: «Eu acredito que o modelo de desenvolvimento que Portugal deve assumir (e não tem só a ver com as privatizações), deve ser universalista. É muito importante que empresas públicas chinesas, brasileiras e alemãs olhem para Portugal. Significa que ganhámos maturidade económica».

Fonte: Lusa/SOL, 10.12.2012

Será do Guaraná?
Ou da Laranjina C?


sábado, 10 de dezembro de 2011

Winston is back?


"The farther backward you can look, the farther forward you will see." (Winston Churchill)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Uma vergonha

 


«Uma vergonha, vocês são uma vergonha, uma vergonha...»

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cheiro a BPN

Segundo a comunicação social, a venda do BPN ao BIC está por dias. Diz-se que o Governo não se poupou a esforços para evitar que o recém nacionalizado Banco Português de Negócios tivesse na liquidação a sua última saída. Mal por mal, mais vale ceder nalgumas pretensões e arrumar o assunto, terão pensado.

Vem isto a propósito de estarmos à beira de entrar num ciclo de privatizações, jamais visto em Portugal. Vamos assistir a uma espécie de «gonçalvismo ao contrário». Quase tudo vai ser privatizado. 

Ao contrário de muitas opiniões publicadas, que pautam o desempenho e a resiliência do Executivo de Passos Coelho em variáveis como: o projecto europeu e a sobrevivência da moeda única; a questão em redor da medida dos nossos brandos costumes num contexto de iminente desagragação social; o desemprego; a carga fiscal; a quase ausência de um programa económico; a resistência das corporações às mudanças que se impõem, etc., pensamos que o desafio mais perigoso, qual roleta russa deste Governo, está na transparência e no mérito da execução do programa de privatizações em carteira.

Quando virmos por aí alguns dizer que «a crise gera oportunidades», cuidado! Muito cuidadinho.

Ou o Governo consegue blindar os mega-negócios de todo e qualquer sinal de fumo ou, uma vez detectados certos sinais não haverá como apagar o fogo. Os portugueses suportam quase tudo, como estão estoicamente a demonstrar todos os dias. Mas se cheirar a BPN e se o Povo sonhar que uns artistas enriqueceram de um dia para o outro, não há escapatória: Passos Coelho está frito.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Spleen


Dezembro, dia pluvioso. Vem
Deste céu de burel um spleen mortal
Onde as almas se atolam como alguém
Que caísse num vasto lodaçal.

Olho em torno de mim: as cousas mesmas
Têm um ar de desgosto sem remédio...
E as horas vão, morosas como lesmas,
Rastejando por sobre o nosso tédio.

O véu cinzento e denso que se espalha
Lá por fora, empanando as perspectivas.
Dir-se-á também que as almas amortalha
E afoga as suas vibrações mais vivas.

Roberto de Mesquita (Flores, 1871-1923)
Almas Cativas e Poemas Dispersos
Lisboa, Edições Ática, 1973 (1ª ed.)

sábado, 26 de novembro de 2011

Amar Lisboa

O presidente cessante da Comissão nacional da UNESCO, embaixador Fernando Andresen Guimarães, disse hoje que durante a tarde de domingo será conhecida a decisão da inscrição do fado como Património Imaterial da Humanidade e que há "excelentes expectativas".

"Estou convencido que o mais tardar durante a tarde de domingo será a decisão e temos excelentes expetativas. Mais que excelentes. Ficaria muito surpreendido que algo inesperado acontecesse", afirmou aos jornalistas.

O embaixador Fernando Andresen Guimarães falava no Centro de Convenções Internacional de Bali, em Nusa Dua, onde decorre o VI Comité Inter-Governamental da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO).

"Estou convencido pessoalmente, não sei se me estou a adiantar um bocado, que o fado será inscrito no domingo [como Património Imaterial da Humanidade], como estou convencido que em termos de imprensa mundial será o fado um dos que vai ser descrito", acrescentou o embaixador português.

Segundo o embaixador, ninguém vai numa emissão enumerar todas as inscrições e estou convencido que o fado vai ser uma das bandeiras da reunião".

O embaixador Fernando Andresen Guimarães sublinhou também a qualidade da candidatura.

(Fonte: Lusa, 25.11.2011)

É justo consultar aqui
Deliberação nº 306/CM/2004 relativa à Proposta nº 306/2004, subscrita pelo Presidente da Câmara e aprovada por unanimidade na Reunião da Câmara Municipal de Lisboa realizada em 12 de Maio de 2004, conforme acta publicada no 2º Suplemento do Boletim Municipal nº 536, pág. 1532 (8), de 27 de Maio de 2004.

Lusitana Paixão

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A verdade costuma estar a meio

Tanta coisa, tanta coisa, e afinal, a adesão à greve foi de 10% para o Governo e 90% para os Sindicatos. Como é possível apurar os números de forma tão díspar? Ninguém sabe ao certo quantos portugueses fizeram greve, o que não é o mesmo que saber quantos portugueses não foram trabalhar por falta de transportes, especialmente na Grande Lisboa. Como a verdade costuma estar no meio, a greve terá andado na casa dos 30%, abaixo das expectativas dos sindicatos, portanto.  

Se há coisa que irrita nas greves são os "piquetes". Carvalho da Silva dizia que uma das funções dos piquetes é sensibilizar os trabalhadores para não trabalharem. Então, se o direito à greve é fundamental, o direito ao trabalho já não é? Pode obrigar-se alguém a trabalhar num dia de greve geral? E a não trabalhar, já pode? Estranho conceito de democracia, este.

Apesar de ainda não sabermos quais as conquistas alcançadas para os trabalhadores com a "jornada de luta", o que é sabido é que a Agência Ficth, ao revêr o rating de Portugal em baixa, veio criar condições para aumentar as margens dos especuladores.    

A nota mais positiva vai para os grevistas e as forças de segurança pois, de um modo geral, uns e outros  exerceram os seus protestos e funções com civismo, sem inflamáveis exageros.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A greve não é do povo?


Nun claro apelo à Greve Geral, Mário Soares, Pedro Adão e Silva, Joana Amaral Dias, Medeiros Ferreira, Vasco Vieira de Almeida, entre outras personalidades, assinaram um manifesto em que apelam à mobilização da esquerda que se revê na justiça social e no aprofundamento democrático, como tem sido noticiado.

Isto pode ser contraproducente:

- Justiça social e aprofundamento democrático, toda a gente quer;
- A situação presente não é sentida apenas por pessoas de uma certa franja social ou quadrante político;
- Fazer da Greve Geral uma greve exclusiva da esquerda mais à esquerda do PS é redutor;
- Colocar António José Seguro entre a espada e a parede também não parece lá muito sensato.

É que o País percebe muito bem tudo isto.
Mais as altas figuras apelam à greve mais portugueses acham que a greve não é do povo.

PS: Com a devida vénia, será que o Dr. Vasco Vieira de Almeida também incentiva funcionários, estagiários, advogados júniores e outros a declarar greve geral lá no Escritório?

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Impressionante

Mariano Rajoy fez um discurso de vitória simples, forte e bom. No plano externo, foi direito ao ponto. Dizer claramente à Europa que Espanha é grande no Mundo. Que vai levantar voz na UE de modo tão vigoroso quanto responsável.

Portugal também tem para dizer de sua justiça. 
O Estado-Nação mais antigo da Europa também é grande no Mundo. Oito séculos de independência deram aos portugueses uma sapiência incomensuravelmente maior que a de todos os eurocratas e técnicos da troika juntos.
O tom, a forma e o momento compete ao Governo. 

A força da «mensagem», essa, bem pode ser retirada daqui:

É revelador. Impressionante. Único. Nosso.

domingo, 20 de novembro de 2011

Que mal

É consabido que qualquer palavra do Presidente da República causa eco. É também adquirido que impende sobre a primeira figura do Estado um dever especial de probidade, na medida do alcance dos seus gestos.
É ainda requerido ao mais alto magistrado que encarne o papel que a Constituição lhe reserva, e revele um exercício condizente com inalienáveis valores pátrios.

Dito assim, parece que o actual PR foi especialmente talhado para a função. O seu perfil austero e meticuloso propicia a ideia de impecabilidade no cumprimento dos poderes em que está investido.

A questão é que tudo isto pode tornar-se perverso, sobretudo quando o protocolo substitui o contexto, o formalismo toma o lugar da substância, ou o cálculo é maior que o problema.

Nada impede, antes pelo contrário, que o PR dê testemunho concreto dos princípios que enformam o Estado de Direito Democrático, preste tributo aos direitos, liberdades e garantias consagrados, ou tenha a majestade, no sentido de potestade, para dar um exemplo, em nome de autêntico humanismo.

A reacção pública de Cavaco Silva à detenção de Duarte Lima não só soou a falso, como resultou numa atabalhoada inversão do que seria “normal” o Presidente da República dizer.

Em vez de convocar nos portugueses aquela imagem da negação bíblica «não o conheço», melhor fora que tivesse sido “natural”.

Ninguém gosta de ver um cidadão assim exposto, todos se entristecem quando um antigo colaborador é indiciado criminalmente, agora compete aos tribunais administrar a Justiça.

Que mal.

sábado, 19 de novembro de 2011

A vaca que já não ri

Lisboa, 18 nov (Lusa) - A agência de notação financeira Moody's baixou hoje o 'rating' dos Açores de Ba3 para B1 (um nível), mantendo as perspetivas negativas, considerando que existem "riscos significativos" no que se refere ao financiamento da Região Autónoma.

Em comunicado, a Moody's justifica ainda a decisão com "os níveis muito elevados de endividamento direto e indireto da Região" e com "o acesso muito limitado a financiamento por parte dos emissores portugueses".

Reconhecendo que os Açores apresentaram um desempenho orçamental "satisfatório" em 2010, a Moody's considera que a sua dívida se está a deteriorar "rapidamente".

© 2011 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Paulo Bento

Foto: Público
Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de convocar Ricardo Carvalho e Bosingwa para o Euro 2012, o selecionador nacional foi telegráfico na ironia. «Sim podem ir ao Euro, como espetadores». Fonte: Sapo Desporto

É certo que Paulo Bento pegou na Selecção Nacional num momento muito difícil. É certo que conseguiu reconstruir uma equipa desfeita, que foi capaz de restaurar a ideia de colectivo e que soube reconciliar a Selecção com os portugueses. Valeu pelos objectivos alcançados. Após um início de apuramento para o Euro 2012 péssimo, com a chegada de Paulo Bento, embora sem jogar bem, Portugal começou a ganhar e lá consegiu apurar-se à última da hora, num play-off com a Bósnia sofrido, cujos 6-2 do 2º jogo não condizem com o que realmente se passou em campo. Não fossem os rasgos individuais de alguns craques, o «fio de jogo» talvez não tivesse chegado, numa partida estranha e atabalhoada... adiante: antigamente tínhamos «vitórias morais». Nos últimos anos temos chegado às fases finais, tanto do Mundial como do Europeu.

Agora, com todo o respeito pelo homem a quem o País inteiro reconhece trabalho e seriedade, uma coisa é um manager e outra é um seleccionador. Paulo Bento será um trabalhador incansável mas não tem estofo de líder. Ele, que tanto fala em tranquilidade, e que tanto se esforçou por retirar a carga de ansiedade de cima dos jogadores antes da partida, acabou por ser um elefante numa loça de porcelana no fim do jogo, quando se referiu a Ricardo Carvalho e Bosingwa. A casmurrice foi completamente despropositada.

Os líderes natos também se revelam na hora das vitórias. Paulo Bento fez lembrar Cavaco Silva na noite em que foi reeleito. Tanto num caso como noutro, o que veio ao de cima foram azedumes, maus fígados, e ajustes de contas, em vez de classe, elevação e espírito patriótico.

Paulo Bento podia até estar cheio de razão.
Ao expressar-se daquele modo, perdeu-a naquele momento.
Uma coisa é a autoridade de quem disciplina, outra coisa é usar a força para espezinhar.
Ao optar pela segunda, Paulo Bento revelou-se um «capataz». É altura, portanto, da FPF agradecer ao manager os «serviços prestados». A sua missão está mais que cumprida. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Regalia geral

Oficialmente, há mais de 600 mil desempregados em Portugal. Na realidade, esse número é superior. Está marcada uma Greve Geral para o próximo dia 24, a qual, estima-se, vai contar com uma adesão enorme. Era bom que nesse dia a comunicação social também fosse ao encontro dos desempregados e lhes pedisse opinião sobre boa parte das reivindicações dos grevistas. 

Por outro lado, talvez também não fosse má ideia dar a saber à opinião pública qual o estatuto dos dirigentes sindicais, quem são, quanto auferem e se é verdade que beneficiam muitas vezes de regalias consideradas sumptuosas, em especial nos tempos que correm.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Grande Tozé!


José Seguro garante "abstenção violenta, mas construtiva" (JNotícias, 07.11.2011)

Nem nos dicionários, nos jornais em arquivo, nos diários das sessões parlamentares, nos compêndios de ciência política, ou nos registos da nossa memória tínhamos lido, visto ou ouvido a expressão "abstenção violenta mas construtiva". Espremida, é nada. Pura espuma. Rotunda inconsistência. Mas que soa bem, lá isso soa. Sound bite do cardápio de quem quer dizer tudo e o seu contrário. Habilidade e expediente para passar entre os pingos da chuva sem se molhar. 

Definitivamente, António José Seguro adopta o guião que Pedro Passos Coelho utilizou: nada de mostrar sede de «ir ao pote». Não interessa dizer nada de importante. O que importa é dizer aquilo que baste para manter a posição de líder da Oposição, à espera que o adversário caia. O resto são cantigas.

Por um lado, ainda bem... 
A inocuidade é como o Melhoral, que não faz bem nem faz mal. Portugal agradece, grande Tozé!

domingo, 6 de novembro de 2011

Os jovens turcos

É claro que o PS não podia votar contra o Orçamento de Estado.
É claro que o Governo não podia hostilizar o PS.
É claro que existem mil e uma razões para se avançar com a notícia de que o Orçamento de Estado de Portugal vai passar no Parlamento num clima de diálogo, e que até existe a possibilidade do Executivo acolher propostas do principal Partido da Oposição.

Mas a necessidade de salamaleques, poses ridículas e ternuras públicas será assim tão clara?
As «negociações» entre o Governo e o PS para o OE/2012 têm sido um teatrinho de fraca qualidade.
Quem olhar para aquela foto de Passos Coelho com António José Seguro tanto vê o Primeiro-Ministro a receber o Secretário-Geral do PS como poderia ver este a receber o líder do PSD. Não é fácil destrinçar grandes diferenças entre eles, para além de um vestir a camisola de um partido e o outro do outro.

Dobrada a III República, por caducidade, era de esperar que fosse instaurada a IV, por necessidade regeneradora. Mas não. 
Temos um interregno.

Este é o tempo dos herdeiros da geração antecessora. Aquela que achou imensa graça à partidocracia e às fileiras de recrutamento das «Jotas».
Aí estão, pois, os «jovens turcos» a dirigir o Estado, desde a mais altas instâncias do poder central até aos lugares mais remotos da administração local. 

Estão no seu direito.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Felipe Calderón - boa moeda

É verdade que perdemos poder de compra quando passamos dos escudos para o euro. Hoje, com 1 euro, que vale cerca de 200$00 não compramos o que dantes estava ao alcance de uma nota de 20.
Mas o euro não trouxe só desvantagens. No tempo dos escudos a nossa moeda valia muito pouco "lá fora".
Quem não se lembra do rombo que era comprarmos "moeda forte", pois em lado nenhum aceitavam escudos? Quem não se lembra dos "camones" chegarem cá com meia dúzia de dólares a tilintar no bolso, e de ficarmos estupefactos com o que levavam?

De volta ao escudo, as nossas dívidas triplicavam e os depósitos desvalorizavam na mesma proporção... esse não pode ser o caminho.


Vimos o Presidente do México, Felipe Calderón, fazer uma intervenção muito oportuna na corrente reunião do G20, insurgindo-se contra a deslealdade cambial que a China e outros países asiáticos estão a promover ao desvalorizarem artificialmente as suas moedas. "É um tema difícil, mas não precisamos apenas de um livre comércio, mas sim de um comércio justo", afirmou. E esta realidade está a "rebentar" com a economia dos EUA e da UE, acrescentamos.

Pode parecer demasiado idealista. Mas para que o mundo tenha «comércio justo» é preciso pôr travão às manobras cambiais, harmonizar a moeda à escala global, e seguir também essa orientação relativamente às leis do trabalho e regras de protecção no desemprego, doença, e velhice. Aí, sim, todos ficavam com "bicicletas" iguais à partida. Depois, quem melhor "pedalasse" chegaria primeiro.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Road to Cannes, 3-4 November 2011

Road to Cannes, 3-4 November 2011

Road To Nowhere
Talking Heads, music video

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Vertigem pelo abismo

Das famílias que integram o clã, uma, em especial, está afogada em dívidas. É casa onde não há pão. Todos ralham e ninguém tem razão. Os parentes, também eles aflitos, também eles a ver se se salvam, reunem e decidem perdoar-lhe 50% da dívida. O pater familias decide fazer depender o perdão à aprovação de todos os membros. É esta a história do anunciado referendo grego.

George Papandreo, mais do que um referendo, promoveu um plebiscito do seu povo ao Governo da Grécia, bem como à Zona Euro e à União Europeia. 

O resultado, será NÃO, muito provavelmente.

Um NÃO inteiramente legítimo. Quando se endossa uma decisão ao povo parte-se do princípio que é a este que cabe, efectivamente, decidir. 

Agora, uma coisa é certa:
Os gregos são donos do seu destino, mas já não têm direito a escolher pelos países do Euro e pela UE. 

Na prática, a vertigem pelo abismo, de submeter o perdão da dívida grega a referendo, já decidiu.
A Europa acabou de enlouquecer. 

RTquê?


Mesmo sem inside information, que ainda está nas mãos do Governo, pelos dados que vão sendo revelados, pela acesa disputa que vemos entre os dois canais privados de televisão e por elementar senso comum, ninguém terá dúvidas de que a RTP (mais RDP e LUSA) precisa de ser intervencionada, através da execução de um plano de reestruturação que não onere tão dispendiosamente o erário público, por um lado, e cumpra a sua missão de serviço público, por outro.

Até aqui, parece que esta posição de princípio merece consenso mais ou menos generalizado.
A questão está em saber como alcançar esses dois grandes objectivos.

Deste modo, quando se fala em «privatizar a RTP», o Governo e o País têm de saber muito bem o que isso significa. Tudo é equacionável, no plano das hipóteses:

- Acabar simplesmente com a RTP, vendendo-a?
- Privatizar um dos dois primeiros canais e extinguir o a RTP/N, mantendo a RTP/Internacional?
- Abdicar das receitas da publicidade? 

A nosso ver, acabar com a RTP está fora de causa. 
A aferir pelas receitas da publicidade, pelo tamanho do mercado e pela exiguidade da procura, vender um canal, também seria um mau negócio. O Estado encaixaria uns trocos e livrava-se de encargos, mas mais adiante seria confrontado com consequências muito nefastas, de 3 estações privadas não conseguirem sustentar-se, acabando-se, assim, por desvirtuar a ideia subjacente às concessões privadas de 1992.

O que parece, então, fazer mais sentido?

- A RTP passar a um canal apenas, virado exclusivamente para a sua função de serviço público pelo que, ou bem que se acaba com o Canal 1, ou com a RTP 2.
- Extinguir a RTP/I.
- Manter a RTP/Internacional.
- Reduzir substancialmente os gastos com os Centros dos Açores e Madeira, pois as Regiões já têm acesso em canal aberto aos canais a RTP. O serviço público, reclamado nas ilhas, não pode ser duplicado. Se as Regiões Autónomas querem continuar com as as suas televisões próprias, que as paguem.

Questão em aberto é decidir se esse tal canal único, com salvaguarda para a RTP/Internacional, deve poder financiar-se através da publicidade ou ser suportado exclusivamente pelo Orçamento do Estado. 

Agora, vir o Governo meter-se em vendas ou privatizações a escopo e martelo, isso não só custaria politicamente muito caro, como também iria decretar a inviabilidade de 3 estações de televisão privadas em Portugal. 

Quanto à hipótese mais absurda, que não passa pela cabeça de ninguém, de alienar à TVI em detrimento da SIC, ou vice-versa, isso seria o fim da picada.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

É na Terra, Não é na Lua

"É na Terra, Não é na Lua", o inclassificável documentário/diário/filme-ensaio de Gonçalo Tocha sobre a ilha açoriana do Corvo, ganhou o prémio máximo do DocLisboa 2011, o Grande Prémio Cidade de Lisboa para melhor longa ou média-metragem, atribuído pelo júri presidido pelo historiador Peter von Bagh. O palmarés foi anunciado na noite de sábado na sessão oficial de encerramento do certame antes da projecção de "Photographic Memory", de Ross McElwee.
Fonte: Público, 29.10.201 

domingo, 30 de outubro de 2011

sábado, 29 de outubro de 2011

Poderes de facto

 Carlos Moreno, Leya, Novembro de 2010

Massimo Ciancimino e Francesco La Licata, Livros D´Hoje, Fevereiro de 2011

Li pela ordem inversa à da sua publicação.

Primeiro, o «Dom Vito», contado por Massimo, filho de Vito Ciancimino, figura poderosa em Palermo durante a segunda metade do Século XX, a quem chamavam Dom Corleone, por ser oriundo da localidade siciliana com o mesmo nome.

Depois, o «Como o Estado gasta o nosso dinheiro», de Carlos Moreno, Juiz Jubilado do Tribunal de Contas e profundo conhecedor de Finanças Públicas.

Enquanto lia uma parte da história da máfia italiana, descrita por quem com ela conviveu de perto, a curiosidade inicial da leitura como que se desvaneceu. Se pusermos de parte os horrores sanguinários, que Francis Ford Coppola soube captar de modo impressionante, quanto ao móbil das contendas e das purgas em si mesmas e das teias de interesses que germinam à volta de um poder de facto, ora subterrâneo ora paralelo aos poderes de legais, diríamos que não há ali coisa que faça um português abrir a boca de espanto.

Já sobre o modo como os poderes públicos em Portugal foram depenando os cofres do Estado, de onde ressaltam as empresas municipais, regionais e centrais, tal como as PPP´s, verdadeiros sorvedouros de dinheiros dos contribuintes em benefício de proveitos de uns poucos, os factos e os números provam que os contratos de concessão devem ser rasgados, renegociando-se agora com as concessionárias com os pés assentes no chão. Isto, sem que Tribunal algum no seu perfeito juízo possa vir condenar o Estado a ter de indemnizar esta ou aquela empresa. Era só o que mais faltava!

Carlos Moreno não vai muito longe, quedando-se por atribuir tais desastres à ânsia de fazer obra depressa sem onerar os Orçamentos do Estado, deixando, assim, a origem do mal às tendências eleitoralistas dos governantes. Talvez... mas se soubessemos quem esteve no apoio técnico das negociações contratuais e quem ganhou o quê, talvez se apurassem histórias que pouco ficariam a dever aos enredos sicilianos.

P.S. A opinião aqui expressa não cauciona nem advoga a tese que por aí anda, de que a responsabilidade política deve ser escrutinada judicialmente. São planos perfeitamente distintos e baralhar é ajudar à impunidade. A responsabilidade política deve ser julgada nas urnas através de eleições. A responsabilidade civil e criminal deve ser julgada no foro judicial. Basta-nos o princípio da separação de poderes. 

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Centralidade na fronteira



Passos Coelho acorda com Dilma Rousseff cimeira Brasil-Portugal em 2012

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, acordou quinta-feira com a presidente brasileira, Dilma Rousseff, a realização de uma Cimeira Brasil-Portugal em 2012, com o objectivo de estimular alianças estratégicas entre empresas dos dois países.
"A nossa cimeira bilateral ficará subordinada ao tema de uma aliança para o crescimento sustentado e o grupo de trabalho já está a trabalhar", observou.
O primeiro-ministro confirmou que ambos "passaram em revista o plano de privatização" que está em curso em Portugal e que o país vê com "bons olhos" as proposta de companhias brasileiras.

(Fonte: Jornal de Negócios online, 28 Outubro 2011 / 00:18 Lusa)

Nada está seguro. Mas os resultados da Cimeira do Euro foram satisfatórios e indicam, finalmente, uma estratégia, quando antes parecia não haver nenhuma. A Portugal, que tem o seu caminho bem delineado, importa continuar firme no propósito de alcançar uma credibilidade externa que livre o País da "zona da despromoção". Embora ainda ténues, vão surgindo sinais nesse sentido.

É por isso que a frente atlântica e lusófona, em especial o Brasil, pode traduzir-se numa importância equivalente ao resultado dos esforços dentro da União e do Eurogrupo. Estando periclitantes ou menos confortáveis na Europa, será do outro lado do mar que iremos buscar o peso necessário para desequilibrarmos o fiel da balança a nosso favor, tal como propiciar ao «BRIC» que fala a nossa Língua uma porta franca de entrada no Velho Continente.

Em última análise, é na geografia e na história que está a mais preciosa valia pátria. Hoje, como há 500 anos. De futuro, não poderemos esquecer a lição. A nossa centralidade está sempre na fronteira.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A necessidade aguça o engenho


Enquanto aguardamos por fumo branco da Cimeira do Euro, esperando que dali emane uma resposta forte e decidida, a começar pela fórmula do perdão parcial da dívida da Grécia e consequente capitalização da banca, por cá, eis que o Ministro da Economia teve de aparecer, acossado que estava o Governo pela ausência de medidas destinadas a promover o crescimento e incrementar a riqueza.

Não será difícil imaginar, tal como na famosa série britânica - Sim, Senhor Ministro, como é que do Gabinete de Álvaro Santos Pereira despontou um raio de luz: ali reunidos, pensavam, pensavam, pensavam, e alguém, de repente, depois de voltas e mais voltas à cabeça exclamou, As minas, as minas! Ao que todos responderam Como é que não nos lembramos disso antes?. Vai daí, outro acrescentou, O gás natural do Algarve... logo um assessor de imprensa tratou de alinhavar as medidas em curso, pondo-as cá para fora, e fazendo notar o valor potencial dos recursos a explorar através das concessões de Moncorvo e Jales.

Não tardou nada e já havia quem viesse falar na riqueza de Portugal, a propósito de tais medidas.

Com mais um bocadinho de esforço a pasta da Economia vai recuperar. Há mais filões para (re)descobrir. Não tarda nada, agricultura, pescas, desenvolvimento rural e outros constituirão os vectores estratégicos do crescimento nacional.

É crível que sejam criados programas algo semelhantes aos velhos «planos de fomento».

Afinal, temos riqueza e sabemos produzir. Basta que a necessidade aguce o engenho.