quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

António Vitorino está a gostar

Só hoje pude ver, ouvir e apreciar a linguagem gestual de António Vitorino, ontem, na SIC/N, quando instado sobre a hipótese dele próprio para Belém.
 
É notória a "diferença crescente", relativamente à primeira reação, há semanas. É indisfarçável que António Vitorino está a gostar, e a gostar cada vez mais, da ideia de ser candidato presidencial.
 
Isso é bom. É bom para ele. É bom para o PS.
É bom para a Democracia que existam várias pessoas aptas, capazes de debater e servir com gosto as Instituições que nos representam.

domingo, 25 de janeiro de 2015

A Europa grega


O voto maioritário dos gregos é um apelo, para que entendamos as razões deles, que também são nossas. E uma interpelação, para que que se encontre outro modelo, numa Europa que também é deles.
 
No discurso que ainda há pouco fez, não vimos em Alexis Tsipras um tiranete ou um extremista. Vimos um democrata e vimos um líder. Vimos aquele que agora passa a ser o principal intérprete da dignidade reclamada. Legítimo.
 
Nesta tensão entre os países do Sul e do Norte, a questão passa pela proclamação que "ninguém é escravo de ninguém".
 
Tanto pode ser esse o significado das declarações do governo grego, como já foi esse o significado das declarações do governo finlandês, por exemplo.

Fundamental é que uns e outros confluam no repúdio da "escravatura".
 
Abre-se, pois, uma página nova. O tempo de reedificar os alicerces da construção europeia. O tempo de refundar. O tempo inadiável. O tempo da história futura.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

The Azores Truth


Isto não é matéria de opinião. São factos.
Em dez anos de militância, naquele que foi, note-se, o único Congresso Regional do PSD-A em que, entre centenas de delegados, consegui assento (isto diz muito), fui à tribuna dizer que a RAA estava fa-li-da. Que Carlos César não podia ir-se embora sem que se soubesse primeiro qual o “buraco” que deixava a quem lhe sucedesse. Perante uma plateia cheia de tédio e de pasmo, defendi que o PSD-A devia pedir uma auditoria financeira às contas da Região. Ninguém ligou “patavina”. Ninguém. Ninguém do PSD-A queria ouvir falar em auditorias, coisíssima nenhuma! A outra face da moeda, claro, seria escarafunchar as contas das autarquias, onde o PSD-A era maioritário, com a Câmara de Ponta Delgada à cabeça. Tenho a gravação disso guardada.
 
Estávamos em Novembro de 2003.
De lá para cá, Carlos César renovaria mais duas vezes a maioria absoluta, nas legislativas regionais de 2004 e de 2008, acabando por sair em 2012. O PS-A nesse ano, já com Vasco Cordeiro, alcançou a quarta maioria absoluta consecutiva. De lá para cá, continuei a defender a necessidade de se apurar o passivo da Região e continuei a apresentar alguns contributos, alertando para a premência de se encontrar um novo modelo económico para a Autonomia Regional, esgotado há muito que está o ciclo das primeiras fontes de financiamento: contrapartidas pela utilização das bases militares, transferências do OE e fundos comunitários.
  
Em Abril de 2006, publiquei um artigo de opinião no Expresso, intitulado “Um desígnio para os Açores, uma ideia para Portugal”, tornando a adiantar uma ideia lançada no tal Congresso do PSD-A de 2003. Propunha um novo rumo para os Açores, que deveria assentar num “estatuto especial”, com o patrocínio da Unesco, devendo o Arquipélago, em toda a sua extensão geográfica, ser inscrito no catálogo dos santuários naturais da humanidade. A sustentação económica da Região far-se-ia a partir da agenda global para o ambiente, atraindo inovação e conhecimento às ilhas, e a economia verde passaria a ser o eixo da criação de riqueza e valor acrescentado. Ninguém quis saber de nada disto. Ninguém ligou a nada disto. Aqui estão excertos do referido artigo:
http://ricardoalvesgomes.blogspot.pt/…/para-que-conste-ii-r…
 
Em Setembro de 2011, já com a Troika esplendorosa Portugal adentro, muito se falou da dívida pública da Madeira, que ultrapassava os seis mil milhões de euros. Sobre os Açores, ni hablar. Ninguém piou. Ninguém! Talvez não interessasse ao Governo da República destapar mais um alçapão diante das barbas dos credores. Carlos César aí foi mestre, na arte de esconder dívida para debaixo do tapete. Mentiu com todos os dentes. Para não dizer que redigi, direi que fui, então, um dos subscritores de uma Petição, que interpelava o Governo Regional e os órgãos de soberania, a fim de ser apurado, qual, afinal, o montante da dívida pública dos Açores. Para além da referida Petição ter sido considerada inoportuna, mais uma vez, o PSD-A esteve mudo e calado. Fez de conta que estava distraído. Aqui está a Petição:
http://ricardoalvesgomes.blogspot.pt/…/para-que-conste-viii…
 
Entretanto, nesse mesmo mês de Setembro de 2011, perante o descaramento de Carlos César, que teve a lata de vir dizer que a Madeira era mal gerida, ao passo que os Açores primavam pelo rigor e pelo equilíbrio orçamental, escrevi alguns posts, a manifestar repúdio pelo facto de parecer haver medo nos Açores de contrariar os truques de Carlos César e trazer a verdade a lume. A verdade é que o medo imperou, e o PSD-A, como sempre, não teve nem coragem nem a seriedade para vir desmascarar aquilo que é pura matemática. Sabia o Governo Regional, como sabiam os deputados da oposição na Assembleia Regional. Sabia o Governo da República como sabiam os deputados a oposição na Assembleia da República. E se não sabiam, ignoravam com culpa. Aqui está um desses posts:
http://ricardoalvesgomes.blogspot.pt/…/e-preciso-ter-lata-o…
 
Vamos em Janeiro de 2015.
A notícia da decisão americana de reduzir a Base das Lajes a uma Gas Station vai despoletar, necessariamente, um efeito dominó gravíssimo, uma vez reduzida parte significativa da injecção de dinheiro público nos Açores. Juntando o anunciado fim das quotas leiteiras, o vendaval irá conduzir, forçosamente, ao apuramento da verdade sobre as contas da Região. Já faltou mais, portanto, para que se saiba, de uma vez por todas, aquilo que toda a gente sempre soube mas nunca quis saber: quantos mil milhões de euros tem o "buraco" dos Açores? Qual é o plano de pagamento? Há ou não necessidade de um plano de saneamento?
 
De quem é a culpa?
Primeiro, de quem governou. Depois, de quem foi oposição.
De alguns cidadãos, também, que tinham especial dever de falar.
Este cidadão há já quase uma dúzia de anos que levanta o problema.
Este cidadão há já quase uma dúzia de anos que diz que o caminho é outro.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Falta de jeito

Custa-me dizer isto: não quero acreditar que a "estatura" do Presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, seja aquela que tem revelado nos últimos dias, a propósito do imbróglio da Base das Lajes. Ainda por cima, alguém que, sem ter "veia" política, todavia, costuma proceder "by the book", qualidade que se coaduna com uma certa sobriedade institucional. Enfim...

É a classe média, estúpidos!


Notem bem:
Na “liberal América”, a questão é fazer crescer a economia, de modo a proporcionar mais garantias à classe média.
 
Na “social Europa”, a questão é desmantelar o Estado Social, de modo, dizem, a proporcionar mais competitividade às empresas. Sacrificando a classe média.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Base das Lajes - just a Gas Station?

Sobre Base das Lajes, é penoso ver o Governo Regional de cócoras e ver Governo da República a "bater válvulas". A solução, claro, não é "pedir", mais uma vez, aos EUA "o favor" de adiarem a saída, prolongando um assistencialismo, por comiseração, que é uma vergonha para Portugal.
 
Há quantos anos sabem as autoridades portuguesas que é intenção dos EUA reduzir a Base a uma "Gas Station"?
Há quantos anos mantêm as autoridades portuguesas encontros regulares com os EUA, no âmbito do Acordo Bilateral?
Há quantos é sabido pelas autoridades portuguesas que urge requalificar aquela infraestrutura e as suas valências?
 
Como é que é possível não existir um Plano de Contingência, para esta fase transitória?
Como é que é possível não existir um Plano Estratégico, para a fase pós militar americana?
Como é que é possível não haver uma ideia sobre a reconversão da Base?
 
Nem uma ideia sobre o papel dos Açores no novo quadro geoestratégico do Atlântico Norte?
Nem uma ideia sobre o posicionamento de Portugal nas relações entre Estados Aliados sobre o uso da fronteira transatlântica?
 
O Governo da "diplomacia económica", cujo Presidente da República até foi ao Dubai, vender "sol, aviões e mulheres bonitas", nunca se lembrou que, antes disso, tinha ali uma Base para concessionar, formosa e segura, bem no meio do mar.
 
P.S.
Sem descurar nunca a presença de uma valência militar pela parte do Estado Português, (não só para fins de defesa e segurança, mas também para acções de ajuda humanitária e colaboração com os países aliados em casos de outras diversas emergências), a solução para a Base com que mais simpatizo, à partida, é transformar aquele espaço num cluster aberto à ciência, à tecnologia, à investigação e ao conhecimento, atraindo à Ilha Terceira nichos empresariais qualificados. O exemplo que é costume usar-se por referência é o de Silicon Valley. Todavia, creio, importará acrescentar a esta orientação, pelo menos, mais dois vectores: cultura e ambiente. Por isso, não tendo os órgãos de governo próprio da Região atribuições de soberania, todavia, está "na cara" a "soberana oportunidade" de reclamar para os Açores a transferência da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Dir-se-ia que é simbólico... pois. Mas para começar são necessários actos de grande significado.

Ouçam bem, que isto não vai ser dito muitas vezes

 

Marcelo Rebelo de Sousa acha que as eleições estão perdidas.
Quem diz que é para perder não será candidato. Rui Rio não diz que é para perder, mas diz que só vai se for apenas ele. Tal não acontecerá. Rio também não será candidato.
 
Ou o PSD "inventa" um "candidato oficial", como, por exemplo, em 2011, "inventou" Fernando Nobre, para "candidato" a Presidente da Assembleia da República, com os resultados que se viram.
 
Ou o PSD opta, simplesmente, por abster-se de apoiar qualquer candidato na primeira volta.
 
Ou o PSD, seja em consonância com os órgãos do Partido seja à revelia, decide apoiar quem já tiver entretanto apresentado a sua candidatura.
 
Vai tudo dar ao mesmo.
Só é um problema para o PSD.
Marco António que registe.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Aos "je suis", com amizade

 
Lembram-se disto?
 
Agora imaginem que isto era todos os dias. A seguir imaginem que isto ia até ferver e depois que alguém atirava uma pedra... era a guerra.
 
Liberdade de expressão, fundamental.
Vida humana, sagrada.
Religião, respeito.
 
Agora, não queiram obrigar-me a aceitar, sem pestanejar, tudo, mas tudo, o que é publicado. Dizer isto não é politicamente correcto mas é assim.
 
Ninguém pode repudiar o fanatismo de um gatilho para cair noutro fanatismo qualquer, ainda que o da ponta de um lápis. Fanatismo é fanatismo. Não é coisa da Democracia. Não serve a Liberdade.
 
Fanatismo é terrorismo. O terrorismo destrói a Vida.
Podem pinta-lo de todas as cores que vamos dar sempre ao mesmo: a guerra.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Charlie - Portugal e a raiz do mal

O terrorismo merece pesado repúdio e castigo exemplar. A bem de valores civilizacionais que levaram séculos e séculos a alicerçar-se, erigidos sobre a dor e o sangue de milhões e milhões de vítimas dizimadas. Por vezes comunidades inteiras.
 
Percebe-se a onda de choque que varre França e o Mundo, com manifestações gigantescas, em proporções que ainda não sabemos apurar. É bom ver a razão, que provém do coração, sair destemidamente à rua. Acima da Liberdade só cabe a própria Vida. Quando vemos ambas ser ceifadas, eis que vemos o Inferno.
 
O terrorismo é uma forma de guerra. As mais cruéis de todas as guerras são aquelas que têm motivações religiosas na sua raiz. Hoje somos “Charlie”. Como fomos “Lockerbie”, “Twin Towers”, ou “Atocha”, no passado. Tal como “Mossul”, “Maaloula”, “Baabda”, “Benghazi” ou “Peshawar”, entre outras, mais recentemente.
 
Tudo “isto”, e muito mais, carece de um entendimento diferente, quer dos EUA quer da UE, quer ONU quer da NATO ou OSCE, sobre os efeitos da “nova ordem mundial” para o diálogo inter-cultural e religioso. Se não é, o que parece é que, do lado ocidental, apenas o Vaticano tem estado verdadeiramente disposto a encarar com olhos de ver esta urgência da Humanidade.
 
Muitas vezes, quando, por cá, ouvimos dizer que nos faltam desígnios, ora aí está, uma enormíssima missão que Portugal, por ser o País mais universalista e que melhor sabe promover o diálogo em todo o espaço intercontinental, deve assumir, independentemente da exposição ou da discrição recomendáveis em cada iniciativa.
 
Ontem, falávamos de presidenciais.
 
Alguém tem dúvidas sobre quão útil seria o Presidente da República patrocinar um órgão consultivo, dentro ou fora do Conselho de Estado, que integrasse figuras de reconhecido mérito e comprovada experiência, para esta e outras causas?
 
Não é admissível que o País desperdice os préstimos, por exemplo, de Mário Soares, Ramalho Eanes, Francisco Pinto Balsemão, Freitas do Amaral, Jorge Sampaio, António Guterres, ou mesmo Durão Barroso, entre outros, os quais, antes deviam ser convocados, para a prossecução de fins tão nobres e tão caros, à portugalidade e ao Mundo.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Nem que Cristo desça à Terra

 
Pedro Santana Lopes entrou em 2015 sem meias medidas.
Mandou parar o baile. Atravessou-se e adiantou-se. Fez bem.
 
Não esperou. Nem por Passos nem pelo PSD, cujo apoio, de qualquer modo, seria sempre muito difícil e nunca por inteiro.
 
Não se deixou acantonar. Tanto pelos outros pré-candidatos como pelos partidos, relativamente aos quais, mais tarde, ficaria com espaço de manobra mais apertado.
 
Corre por fora. Inverte os ónus que sobre ele recairiam, endossando-os a quem vier da nuvem da (des)coligação.
 
Descola do teatro político-partidário. Passa por cima das legislativas e veste a camisola das quinas, pescando, entretanto, apoios à esquerda e à direita.
 
Dá sinais da “pauta”. Indicia um programa de base alargada e cariz constituinte, que irá do socialismo democrático à democracia cristã, passando pela social-democracia. Irá recentrar a agulha no Estado Social. Deverá apelar à conciliação dos portugueses, em torno de um novo rumo externo. Proporá o maior empenho, enquanto garante da unidade nacional, na promoção da estabilidade governativa, leia-se, governos de legislatura.
 
Aqui, António Costa e quem for líder do PSD, surgem como o “ticket” da candidatura de PSL, que antes de ser já é. Nem que Cristo desça à Terra.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Mensagem Ano Novo - PR redondo de ansiedade

 
Sobre a Mensagem de Ano Novo do PR, toda a gente percebeu o que Cavaco Silva quis dizer. Menos os partidos. Fazem de conta. Acham-se espertos. Acham-nos tolos. Num texto redondo de ansiedade, aquilo que o PR disse foi que:
 
- Portugal sem Troika precisa de ser governado como Portugal com Troika;
- Portugal precisa que das próximas legislativas saia um governo de maioria absoluta;
- Recomenda-se que a crispação pré-eleitoral não inviabilize um futuro Bloco Central, para o caso do PS não alcançar maioria e o mesmo suceda com o PSD e o CDS juntos;
- O PR está empenhado em dar posse a um Governo de maioria, antes de sair do cargo.
 
É claro que os partidos estão no direito de subscrever ou refutar esta posição do PR. Tal como também é claro que os partidos, ao evitarem o cerne da Mensagem do PR, estão a começar o Ano Novo com táticas velhas. Nuno Melo, por exemplo, com as suas charadas, parecia um Portas em ponto pequenino. Já a declaração do PSD foi menos má, pois aquela neutralidade transporta significado.