segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O chumbo da paz

 
Por contraproducente que pareça, e ao contrário daquilo que defendemos em regra, chegados a este ponto, será até preferível que o PS vote contra o Orçamento de Estado, isto, caso entretanto o Governo insista numa gestão de Portugal relativamente à Troika e União Europeia, como se de um contrato de franchising McDonalds se tratasse.
 
A oposição de António José Seguro é o reverso da medalha do Governo de Passos Coelho, ambos da mesma «estirpe», ambos by the book, ambos sem «alma», ambos sem pingo de «estatura política», para lá do que vem nos manuais e daquilo que se aprende nas «escolas das jotas».
 
Um e outro ainda não perceberam que a maior parte da solução para Portugal tem de ser achada fora do quadro da Troika, da UE e do BCE e de todo esse funil em que o País está enredado.   
 
Adiante. 
 
A questão que agora se coloca é esta:
 
- O Orçamento passar, com a abstenção do principal partido da Oposição, para contentamento de Bruxelas e Berlim e para «tumulto geral» dos portugueses;
- O Orçamento passar, com o voto contra de todos os partidos da Oposição, para irritação de Bruxelas e Berlim e para «descompressão geral» do País.
 
Achamos preferível quebrar a unidade política e manter a paz social, em vez deste «faz de conta», para «Troika ver», sob pena de acordarmos amanhã com o Povo na rua.
 
Ou o Governo muda de política, sobretudo no modo e nos comportamentos, ou Portugal pode ver-se obrigado a mudar o Governo. Passos Coelho talvez ainda não tenha dado conta disso. Como parece não perceber que se não remodela o Executivo «está frito».
 
Já faltou mais, portanto, para o Presidente da República ser chamado a intervir.
O problema é que se a autoridade do Chefe do Governo está pelas ruas da amargura (consta que o País respondeu a Passos no Facebook), a do PR não está propriamente impoluta. Não tivesse Cavaco Silva, também ele, julgado que a primeira figura do Estado podia permitir-se «brincar às mensagens» nas redes sociais.