sexta-feira, 31 de maio de 2013

Calado e quieto

Desde sempre empenhado na defesa da causa pública e após muitos anos a encarar Portugal como o Estado que deveria ser, forçoso é concluir que o modo e as motivações desse suposto préstimo estavam erradas.

Afinal, as instituições estão muito bem entregues e a «res publica» muito bem guardada. Começando pelo cume, nos órgãos de soberania, passando, montanha abaixo, pelas vertentes da administração pública, e terminando, no sopé, pelas autarquias locais, assim como miríades de instituições que gravitam em torno do poder de receber receitas de mão-beijada.

Depois, e transpondo a coisa para o plano da cidadania, a vida ensina que, tal como na política, acautelado é fazer de morto. Convicção? Opinião? Intervenção? Que estupidez... nem pensar! Há quem faça isso por nós, e ainda receba soldo. Os partidos têm fiéis intérpretes que nos garantem a melhor articulação entre os projectos de sociedade que se nos oferecem e a respectiva prossecução, por via d...a governança e da lei.

Por fim, algo que não é de somenos:
Portugal é um «T1», o que pode ou não ser uma vantagem. Conhecemo-nos todos. Pelo nome, pelo apelido, pela prima, pelo tio, pelo amigo, pelo colega, enfim... por uma vizinhança qualquer. Vai daí, sabemos que nunca sabemos quando é que estamos a ofender alguém «bem posicionado», paternalista, que por nos querer bem, ao mais leve dos gestos logo nos sussurra que o melhor é estarmos quietos e calados, pois «tudo se resolve» e não vale a pena «complicar as coisas».

Entre «isto» e o Estado Novo qualquer semelhança é mera coincidência. Deve ser. Com a diferença que no «Estado Novo» eram menos aqueles que corriam o risco de tratar por «tu» alguém «bem posicionado». E não havia Facebook...