Na sequência do post anterior, oferece-nos dar título a este utilizando a expressão de um ex-governante, que ficou bem conhecida dos portugueses, cujo significado, em sentido figurado, tornou-se apropriado para ilustrar determinadas situações complexas.
Vem isto a propósito das respostas às perguntas formuladas, mais algumas «embrulhadas» que se lhes vieram juntar, e o abrir de mais trilhos para desembocarmos numa percepção, cada vez mais nítida, a qual começa a unir pessoas e correntes de opinião de um arco tão amplo que, poder-se-á dizer, em comum têm apenas a concidadania, mais a bandeira e o hino.
Vejamos:
Olli Rehn
Veio tentar confortar as almas, dizendo que a administração da «receita» pelo Governo do Programa de Assistência está no bom caminho, mas, repare-se na «subtileza», o Acordo é para ser cumprido à letra, não se comprometendo com avaliações antes de haver números, antes comprometendo os portugueses, quando insiste no «apelo» para que todos, incluindo parlamento e parceiros sociais, se empenhem nos «objectivos».
Espremido, «noves fora nada».
O que o Comissário Europeu veio fazer (não sem se eximir a falar na questão energética), foi tentar «segurar os cavalos», por um lado, começando também timidamente a sugerir que caso as metas não sejam alcançadas o problema não é «do médico mas do doente»... ele lá sabe por que é que meteu o parlamento e parceiros sociais no discurso... prevenir crise política latente, directamente ligada ao risco de convulsão social.
Vítor Gaspar
Fez «o seu papel». Dizer aos portugueses, com o «padrinho» ao lado e tudo, que as entidades externas dão o «aval da palavra» , ou seja, que estamos no bom caminho, aproveitando, pelo meio, para acender uma pequena vela de esperança, com a «história» do alívio da carga fiscal, lá para 2014, quando a empreitada da aplicação das medidas em curso estiver concluída.
O Ministro das Finanças está a aprender uns «truques» depressa. O que ele não sabe, é que o que ele «inda agora» vai aprendendo os portugueses pensavam que já tinham esquecido, fartos de saber que estão.
Sérgio Monteiro
O Estado não fez um duplo pagamento à Lusoponte, ouvimos. Mais adiante, os mesmos ouvidos escutam esta coisa espantosa, que o Estado vai receber o que tem a haver da Lusoponte mais os juros!
Como é que é??? Se não foi feito duplo pagamento e se a lógica não fôr uma batata, então, o Estado nada tem a haver da concessionária... ou a Empresa decidiu tornar-se benemérita? Enfim... uma «fantochada».
A acrescer:
Comissão Parlamentar de Inquérito ao BPN
O líderes das bancadas da maioria pareciam aqueles «jotas» que horas antes da secretaria abrir vão para a porta marcar lugar, só para que o «genial requerimento» dê entrada antes do da lista adversária. Não é «golpe de asa», que isso seria engenhoso demais. É o mais baixo «chico-espertismo» elevado ao altar da Assembleia da República! Triste figura.
Passos Coelho, outra vez, sobre o Sec. Estado da Energia
Quando um Primeiro-Ministro, lado a lado com o Ministro da tutela, é que vem explicar, mais uma vez, os «porquês», algo vai mal. E nem é tanto pela prova de fraqueza do Ministro da Economia. Quando é o PM que tem de ser «bombeiro» de todo e qualquer «fogo» no Executivo, isso politicamente não só chamusca o Chefe do Governo, como, pior, põe a descoberto a falta de alguém que «dê o peito às balas».
Passos Coelho, a continuar neste afã, não governa, apenas acode. Quem o irá acudir depois?
Otelo
Se Jorge Sampaio, por ter sido apoiante de Otela Saraiva de Carvalho em 1976, não perdeu a sua capacidade eleitoral passiva, chegando a Presidente da República eleito, em 1996, não seria crime de lesa-pátria algum concordarmos parcialmente com o General.
Isto, na parte em que refere que o sentimento «da rua» clama por «um novo Abril», pelo menos no enfoque à decepção generalizada com os propósitos de 1974, e com a necessidade de uma opção nacional sobre o papel das Forças Armadas, que também não se sabe bem para que serve neste momento.
Em vez de dar «gasolina» às declarações proferidas, antes vejamos a opinião de alguém que, aferindo pela sua postura, não será propriamente um «pirómano».
Assim, transcrevemos o último parágrafo do artigo de opinião intitulado «Da necessidade de esperança», publicado na revista Visão, edição nº 992, de 8 de Março, pág. 39, da autoria de Pedro Norton:
"Não há revolução que não se alimente no luto da esperança do regime anterior. Todos os grandes políticos, em algum momento, perceberam isto. Nem que fosse, como foi o caso de Churchill, quando o desalento parecia tomar conta do mundo, para exortar o martirizado povo britânico a continuar a percorrer o inferno:«if you are going through hell, keep going». Implícita, temida, mas está lá. E não deixa de acenar dos confins do inferno." Fim de citação com bold nosso.
Dito isto, é fazer as contas.