Sem arrebatar, pois não está na sua natureza e o momento recomenda cautelas, hoje, na sessão de encerramento do Congresso do PSD, vimos um Pedro Passos Coelho diferente para melhor, pegando no Partido e no Governo às costas e dali falando com humildade aos portugueses.
Foi realista, elencou os pontos principais da agenda governativa, deu mostras de estar ciente dos problemas concretos que afligem cidadãos, famílias e empresas (como desemprego e a coesão social), emendou a mão do Congresso «no tiro aos socialistas», e a todos convocou, desde os partidos da oposição aos parceiros sociais, para a gigantesca tarefa de cumprir os compromissos internacionais, a que o País se obrigou aquando do pedido de ajuda externa. Nessa medida, foi bastante razoável.
Faltou ir mais além que o reforço na aposta em «cumprir», o primeiro dos deveres, mas que é instrumental, porquanto o desígnio do País não pode esgotar-se no «caderno de encargos» da Troika nem no agrado às expectativas de Angela Merkel sobre o mais dedicado dos seus «pupilos».
Em todo o caso, há passagens do discurso que indiciam uma agenda própria de criação de riqueza em Portugal e da sua «mais-valia» no contexto de uma economia aberta ecompetitiva, como, por exemplo, a questão energética, a economia verde, o combate à desertificação de grande parte do território.
Vimos nestas «bandeiras» o «dedo» de Jorge Moreira da Silva, agora 1º Vice-Presidente da Comissão Política Nacional, a quem Passos Coelho, e bem, entendeu delegar a tarefa de coordenação política do Partido.
Jorge Moreira da Silva, que conhecemos há muitos anos, pelo seu perfil, muito próprio, pela conhecimento que tem das matérias que marcam a «agenda global», e por toda a experiência internacional que adquiriu nos diversos cargos que tem exercido «lá fora», está hoje entre os melhores quadros da vida política portuguesa e representa a geração que será chamada a guiar os destinos do País na etapa seguinte, pós-Troika.
Existirão outros, como Nuno Melo, pela banda do CDS/PP, ou Pedro Adão e Silva, do PS, só para ilustrar de entre os depauperados partidos, para não reduzirmos os «recursos humanos» do «capital de esperança» às fileiras do PSD.
Uma nota pessoal:
Há uns anos quando víamos algum caso de renovação, parecia tratar-se de alguém «distante», como que «inacessível». Hoje, damos por nós a pensar que nos tratamos por «tu». É algo «estranho» ver como o tempo é rápido e chama contemporâneos nossos à assunção de responsabilidades, assim mereçam respeitabilidade e possuam o talento e o espírito de serviço exigidos para o exercício da causa pública. Boa sorte, caro Jorge!