quarta-feira, 21 de julho de 2010

É a Constituição, estúpidos!


Discussão bem interessante:

Debruçarmo-nos sobre se o momento indicado para alterar a Organização Política do Estado será em tempo de franco crescimento económico e bem-estar social, ou de falência iminente e descontentamento geral. 
A revisão das regras basilares do regime, dentro da moldura democrática, bem entendido, fará mais sentido ser promovida quando "tudo" vai mal. As comunidades, tal como as pessoas individualmente consideradas, seja a que nível for, tendem a perscrutar melhor as suas raízes, quando cientes de que é vital discutir tudo, tudo pôr em causa, e encontrar fórmulas novas, desadequadas que estão as vigentes, e inaptas se apresentam para novas respostas, em novos tempos. Referimo-nos, afinal, à inevitável refundação do regime em Portugal. 

Coisa diferente:
Fazer, ou, melhor, lançar o tema, de mais uma revisão constitucional. Quanto mais "remendos" tiver a Constituição da República, mais "anestesiada" fica a refundação do regime.

Ora, Pedro Passos Coelho, que não quer mudar regime nenhum, e sabe que a proposta que vai apresentar "não passará", não quer mudar o regime, nem tampouco alterar a  CRP. Não está em causa que algumas propostas farão todo o sentido, e outras, não lembram ao diabo.

O que está em causa? Puro marketing político, com "anti-jogo" pelo meio.

Passos Coelho, não tem uma solução política nem económico-financeira para tirar o País do "vermelho". Então, lança a proposta da revisão constitucional, ganha tempo de antena, aproveita para ir dizendo o que tem de ser feito, apresentando-se como alternativa, embora sem deitar o Governo abaixo...

Com esse "expediente" todo, entretanto, o tempo vai passando, e a situação vai-se degradando. Quando vierem as eleições, ou quando, depois das presidenciais, as sondagens lhe derem margem suficiente para as provocar, o líder do maior Partido da Oposição vai apresentar-se como o rosto da alternativa salvífica.
Vai ter conseguido disfarçar que foi conivente com o Governo, que andou, sempre, desde o Congresso em que foi eleito, a dar o dito por não dito, etc...
E zás! Pede maioria absoluta. Terá mesmo, mesmo "sem saber ler nem escrever"? Grande interrogação. Pode calhar, sabe-se lá ...

Seja como for, que PPC saiba que o que ele sabe, só um cego é que não vê.
Como de economia e finanças será o FMI a tratar, bem pode atirar - É a Constituição, estúpidos!