terça-feira, 8 de maio de 2012

Jogar pelo seguro

Desde o discurso da «ruptura democrática» do PS nas comemorações do 25 de Abril, passando por notáveis ausências de protesto nessa mesma sessão, até à presença de António José Seguro num comício de François Hollande, e da mensagem de felicitações pela vitória que se lhe seguiu, (onde o tratamento por «tu» faz lembrar um pouco aquela frase de Guterres que, dizia, tratava não sei quantos governantes da Europa na segunda pessoa do singular), anda a germinar a ideia de que «o PS deve romper com a Troika».

Era bom que Seguro não embarcasse nessa aventura, como quem não sabe para onde navega mas só sabe que não aproa para ali. 

Primeiro, uma tomada de posição dessa natureza deveria ser sempre nacional e nunca de um só partido.
Segundo, teria de existir um «plano B», com a alternativa ao plano de ajuda externa em vigor, bem como sobre as consequências internas e no contexto da UE que isso acarretaria.
Terceiro, o País precisaria de garantias de estabilidade política e o apoio da sociedade civil.
Quarto, os portugueses deveriam saber de antemão qual o novo rumo a seguir.
Quinto, Portugal precisaria de aliados para uma «solução» desse tipo.

Não pode acontecer, jamais, é quebrar-se um compromisso nacional, num dia, e no outro dar-se um passo para o abismo.

Era bom que Seguro não olhasse apenas para França e as expectativas que todos temos sobre aquilo que os novos ventos do Eliseu podem representar para a «Europa do crescimento e da solidariedade». A janela de esperança que Hollande veio abrir não pode encobrir o resultados das eleições na Grécia, que já rasgou acordos, já teve um governo de unidade nacional, já viu parte da dívida perdoada, enfim... já fez quase tudo o que há para fazer, e agora só lhe falta saber se consegue auto governar-se, dentro ou fora do euro...

É também bom lembrar que o PS ainda hoje diz que o Acordo com a Troika deveu-se ao chumbo do PEC IV, determinado por Passos Coelho ao PSD ou, talvez melhor, pelo PSD a Passos Coelho.

Quererá o PS que António José Seguro seja um Pedro Passos Coelho em ponto pequeno?