terça-feira, 24 de julho de 2012

Em frente

"Se algum dia tiver de perder umas eleições em Portugal para salvar o país, como se diz, que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal", declarou Pedro Passos Coelho, durante um jantar do grupo parlamentar do PSD para assinalar o fim desta sessão legislativa, na Assembleia da República. (Fonte: SIC/N)

Este «grito de alma» de Pedro Passos Coelho, que não podia ter sido mais peremptório, vai dar que falar e, no mínimo, ser repescado mais à frente, quando os factos revelarem aquilo que ia na cabeça do Primeiro-Ministro para ter dito o que disse.

- Será que pressente que o euro chegou ao estertor, mais a derrocada que isso implica para a UE, com as inevitáveis réplicas que se farão sentir em Portugal?
- Será que sabe que vai ter de anunciar mais carga fiscal em breve para, custe o que custar, atingir as metas do déficit?
- Será que pressente que o PS vai rasgar o compromisso com a Troika e votar contra o OE para 2013?
- Será que sabe quando e como vai remodelar o Governo?
- Será que pressente que, em caso de agravamento da situação política e social, o Presidente da República pode ser tentado a sair do seu recato e patrocinar um Governo de Salvação Nacional?

Estas e outras questões vão ser levantadas, com análises e comentários para todos os gostos.

A nosso ver, independentemente de tudo o resto, há um aspecto que nos agrada:

Em 38 anos, à excepção de Sá Carneiro, todos os líderes satisfizeram, cederam, ou tiveram de conceder às pretensões do «aparelho do PSD», sempre faminto, sempre tentado a misturar o Partido com o Regime e as suas Instituições. Até Cavaco Silva «fechou os olhos» a muita coisa.

Ora, se o que Pedro Passos Coelho quis dizer (ali, olhos nos olhos aos deputados, note-se) foi que está disposto a dar um murro na mesa e a romper com as «pressõezinhas» do Partido, isso é de se lhe tirar o chapéu. Serão muitos a levantar-se em sua defesa neste salto qualitativo, de ajustamento da política ao pulsar da sociedade. 

Caso tenha sido, afinal, uma frase feita «para dar ares para fora», ensaiada para fazer títulos de jornal, então, que se desengane o Chefe do Executivo...
É que não só perde eleições, como também perderá a liderança do seu Partido e, ainda por cima, não salva «um chavo» de Portugal.

Não vai faltar muito para sabermos.
Passos agora só tem um caminho: ir em frente, fiel à palavra dada e leal ao País que jurou servir.

1 comentário:

Hélio Peixoto disse...

Bem analisado! Bem observado!O futuro de Portugal, depende de muitos factores, mas sem duvida que a liderançá será crucial para salvar Portugal.