segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Vasco Cordeiro, um salto geracional

 
Vasco Cordeiro tem bons motivos para sorrir
 
Está de parabéns pela retumbante vitória alcançada pelo PS/A nas Legislativas Regionais deste Domingo, em que os açorianos não só quiseram que o «eleito» de Carlos César fosse o novo Presidente do Governo, como ainda reforçaram a maioria absoluta do Partido Socialista no Parlamento Regional.
 
Carlos César também tem bons motivos para sorrir
 
Ao fim de 16 anos, fechado o ciclo da sua governação, consegue que a mudança se faça dentro das suas hostes, por via da aposta num salto geracional, num dos seus melhores jovens quadros, aquele que lhe mereceu um testemunho de confiança e todo o incentivo para dirigir os Açores.
 
Berta Cabral tem bons motivos para reflectir
 
É certo que a conjuntura nacional não ajudou e as medidas do Governo Central terão prejudicado uma certa dinâmica de mudança. Mas algo vai mal quando o PSD/A nem tampouco consegue evitar a maioria absoluta do PS. Para mais quando o nome da Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada era há muito apontado, dentro e fora do PSD/A, como o da «candidata vencedora», capaz de «destronar» os socialistas, por contraposição aos seus predecessores, Vítor Cruz (2004) e Costa Neves (2008).
 
Berta Cabral, que chamou a si a responsabilidade pelos resultados, juntamente com Passos Coelho, que também reconheceu a sua quota-parte, não podem ser transformados nos «bodes expiatórios» do triunfo dos socialistas açorianos.
 
Um dos maiores problemas do PSD/A remonta aos finais da década de 1980 e haveria de desembocar na perda das eleições de 1996. Mota Amaral, o «pai da Autonomia», que juntamente com muitos outros, criou o PPD/A em 1976, revelou-se um desastre na transição que se impunha, e o Partido nunca mais recuperou do «trauma do pós Mota-Amaralismo». Com efeito, de então para cá o PSD/A foi-se fechando cada vez mais e foi continuando a pensar com os mesmos tiques... 
 
Basta ver que enquanto que Vasco Cordeiro, de 39 anos, nasceu para a política em 1996, uma grande parte do actual «directório» do PSD/A já exercia funções há mais de 16 anos... a começar pelo próprio Mota Amaral, que é ininterruptamente deputado eleito para o Parlamento Nacional desde 1969. E que dizer de Costa Neves, Joaquim Ponte, Humberto Melo, José Manuel Bolieiro, Joaquim Machado, Cláudio Lopes ou Duarte Freitas, por exemplo, e com ressalva de respeito a todos devida?
 
Quem, depois destes e outros, é a nova geração do PSD/A?  
 
O «caso do Corvo» é sintomático:
Naquela ilha o PSD/A em 2008, pela primeira vez em toda a sua história, não conseguiu eleger um deputado. Em 2012 já nem listas próprias conseguiu apresentar... 
 
Artur Lima tem bons motivos para reflectir 
 
A estratégia sonsa de estar «com um pé no barco e outro no cais» penalizou o CDS/PP.
 
Na verdade, não escapou aos eleitores que Artur Lima, convencido de que o seu Grupo Parlamentar seria decisivo para formar maioria no Parlamento regional, o que queria, a todo o custo, era integrar o Goverrno, fosse qual fosse o parceiro. Não foi por acaso que veio falar nos últimos dias em «contribuir para o valor da estabilidade governativa».
 
As contas sairam-lhe furadas:
 O CSD/PP-A passa de 5 para 3 deputados, sendo significativo que tenha perdido o deputado eleito pelo maior círculo eleitoral, o da Ilha de São Miguel.
 
Pode falar-se em bipolarização e que isso prejudicou o CDS/PP-A. Mas se formos ver, uma grande parte dos votos deste Partido foram parar direitinhos ao PS/A. O que significa que, como o líder dos populares dos Açores já estava «rendido» antes do acto eleitoral, os açorianos não terão apreciado tamanhas facilidades.
 
Paulo Portas tem assim nos resultados eleitorais dos Açores um óptimo sinal de como por vezes «passar entre os pingos da chuva» também molha.

1 comentário:

Inez Dentinho disse...

Paulo Portas está ensopado. E os Açores acalmam momentaneamente com a perspectiva de continuar tudo na mesma.
Saberão esses gabinetes adaptar-se à nova era da contenção, da criatividade e do trabalho sem rede?
Inês Ponce Dentinho