domingo, 29 de maio de 2016

A missão de educar

Encontro vantagens nesta polémica sobre os contratos de associação entre o Estado e os Colégios privados. Temos aqui uma oportunidade soberba de clarificar. Não só as responsabilidades das famílias, das comunidades e do poder público, quanto ao financiamento da Educação, mas também, em última análise, quanto à separação das águas entre o Estado e a Igreja Católica.
 
É claro que se trata de uma opção a que os pais, famílias e educadores têm todo o direito. Porém, essa questão, posta a jusante, está mal posta. O "direito a optar" não é sobre se a criança deve ir para a escola pública ou privada. Isso é cair num mar de facilidades que só aproveita ao Governo, enquanto bom administrador, que deve ser, dos dinheiros públicos.
 
O verdadeiro direito, a montante, o direito potestativo, requer que deva começar por discutir-se o plano dos conteúdos, dos programas e dos conceitos. Dos valores e do compromisso que cada família ou responsável acredita dever legar às crianças e jovens.
 
A missão de educar pode, perfeitamente, não aceitar a proposta educativa estatal e fundar-se noutra melhor. O que não pode é não ter outro programa que não seja arranjar um nome "beato" (é bem) para a escola, qual manto diáfano para o que ali vai, e depois mais não ter mais para apresentar que a pretensão de um subsídio!
 
É claro que onde não há outra resposta a parceria resulta num assim-assim. Acaba por ser melhor que nada. Mas é frouxo.
 
Por outro lado, pode e deve discutir-se qual o papel da escola pública no contexto da comunidade nacional, porquanto todos pagam impostos...
 
Pois... mas aí a questão é outra: o Estado reflecte ou não os valores da comunidade?
- Afinal, na hora de votar, quem elegemos?
- Será que fazemos as perguntas essenciais aos partidos e aos candidatos?
- Será que participamos a fundo na discussão de matérias que tudo têm a ver com a raiz matricial da nossa identidade colectiva?
 
Estou em crer que, tanto a propósito da Educação, em especial, como, em geral, da engenharia social em curso, (aquela cujo vértice está prenhe de um niilismo galopante sobre a dignidade da pessoa humana), os católicos e a maioria dos portugueses irão acordar, agora mais cientes que a ideia de civilização que temos não está adquirida.
 
Não dá, portanto, para que cada um diga Sim, Senhor e depois se demita, deixando a banda passar. Contra mim falo.