sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ainda é à lagardere


FMI: "Portugal ainda não está perdido"

"A opinião é defendida por Albert Jäger, representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Lisboa. Contrariando notícias na imprensa alemã desta semana, que davam conta do cepticismo dos mercados financeiros em relação à capacidade de Portugal de superar a crise de dívidas, numa entrevista concedida à edição online do jornal económico "Handelsblatt" esta quinta-feira, Jäger insistiu que o programa de saneamento do Governo português está a produzir resultados e formará a base para um regresso do país aos mercados de capital. "Portugal ainda não está perdido", disse.

Fonte: Económico, 02.02.2012

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Por estranho que pareça, podem traçar-se alguns paralelos entre a declaração de Albert Jager e a lamúria pública do Presidente da República sobre a remuneração que aufere.
Em qualquer dos casos, benignamente, podemos até perceber o que queriam dizer.
Em ambos dos casos, incautamente, disseram-no da forma mais desastrada possível.
Nos dois casos, evidentemente, proferiram palavras «proibidas».

A motivação subjacente às palavras do «lugar-tenente» do FMI para Portugal, como é bom de ver, terá sido contrariar a maré de más notícias que ecoaram em toda a parte sobre a iminência do «default» português. Todavia, usar a expressão «ainda não está perdido» trata um País, o nosso, como se de uma besta sarnenta se tratasse. Ofende o nosso patriotismo, e é de pasmar que não mereça reparo da parte dos nossos órgãos de soberania, que costumam ufanar-se a torto e a direito por qualquer «cabeça de alfinete», mas cujo «sentido de Estado» escapa muitas vezes a questões matriciais, da raiz da Pátria.

O que é essa história de dizer «ainda não está perdido», Sr. Albert Jager?
Que sabe o Senhor de Portugal, para além de uns «memos» financeiros que lhe passam para as mãos?
Para a próxima dobre a língua, sff. É que, para além de não se tratar assim o estado-nação mais antigo da Europa, a própria expressão usada, bem vistas as coisas, acaba por ser contraproducente para a própria zona euro e os desvelados interesses que o FMI quer verdadeiramente acautelar.

O problema é nem sequer termos quem diga um «segredo de pé-de-orelha» a Madame Christine Lagarde...